Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 18 de junho de 2016

Diga-me a riqueza que valorizas e eu te direi quão pobre tu és!

Diga-me a riqueza que valorizas e eu te direi quão pobre tu és!

Estava aqui, nesta gostosíssima noite de sábado, entre ligações com minha mãe e leituras, pensando no que seria a tal da “riqueza”. Talvez seja uma estupidez da minha parte, mas, sobretudo na atual fase da minha vida, eu posso dizer que este conceito pode ser “relativizado” e que, de acordo com a espécie de riqueza estimada, por outro lado, se afere a miserabilidade intelectual do “estimador”.
Aliás, não falo isso apenas por ter abdicado da minha carreira jurídica e docente para tornar-me cortesã de luxo, falo isso pelo tanto que já estudei, li e vivi na vida. Nas altas “rodas”, na boleia de um caminhão, na academia jurídica, em casa de ex-presidente de Tribunal de Justiça, em festa “alternativa”, em mesa de bar e por aí a fora! Ninguém olvida do que seja a riqueza financeira, certo?! Poder pagar tudo no débito, ter carrão, mansão, casa no litoral, apartamento em Miami, viajar pra Europa e etc..
Ter vida de deputado e, no Brasil ao menos, até ser um! (Um “salve” à corrupção!). E é aí que pegarei um gancho para perguntar a quem acompanhou o fatídico 17/04 e posterior 12/05: vocês acham que existe riqueza intelectual ou cultural “lá”? Salvo raríssimas exceções, claro! Vemos a riqueza em forma de poder e dinheiro, não raras vezes, aliada à pobreza cultural, psíquica, moral e de todas as outras “ordens”.
“Ah, mas então ser culto é ter diploma?”, olha baby, talvez fosse, há muito tempo, quando as pessoas estudavam com afinco e não apenas a ciência que exerceriam, hoje em dia o diploma vem sendo usado para esfregar na cara alheia uma “superioridade” que nem sempre existe. Falo de uma suposta superioridade moral, ética, intelectual, de sabedoria e de cultura!
Valho-me de Foucalt para externar este meu pensamento, pois a assertividade e objetividade com que ele definiu meu pensar é perfeita: “O diploma serve apenas para constituir uma espécie de valor mercantil do saber. Isto permite também que os não possuidores de diploma acreditem não ter direito de saber ou não são capazes de saber. Todas as pessoas que adquirem um diploma sabem que ele não lhes serve, não tem conteúdo, é vazio. Em contrapartida, os que não tem diploma dão-lhes um sentido pleno. Acho que o diploma foi feito precisamente para os que não tem.”
Não quero com isso desmerecer os anos de estudo que investimos para nos diplomarmos, quero, apenas dizer, que nem mesmo o estudo indicia riqueza cultural e intelectiva, assim como o poder e o dinheiro não indiciam riqueza moral e intelectual! E, tudo o que eu disse aqui, enquanto tomo um chá (ando bebendo álcool muito raramente e só quando acompanhada ultimamente) e ouço Johnny Cash o que, afinal, significa? Significa que você não deve fazer confusões entre os poderosos financeiramente e os sábios, entre os bem diplomados e os intelectuais e cultos, entre os cultos e os moralizados, menos ainda entre os religiosos e os justos.
Simplesmente, não confunda! Atualmente, quando me perguntam sobre minha clientela e os homens da politica de Brasília eu respondo: “O preço é o mesmo para qualquer um, logo eu não preciso ‘caçar’ político pra ter prazer e ganhar o meu honesto dinheiro”. Se algum me desejar, irá me procurar e agendar horário, se não, ótimo para as minhas colegas de profissão!
O que eu preciso mesmo, para usar bem o tempo pelos quais meus clientes me pagam é lhes admirar minimamente pela abordagem educada, objetiva e elegante. É ter, com isso, o mistério de estar frente a uma pessoa culta e, como costuma ocorrer, me surpreender ainda mais positivamente neste quesito depois dos bons e intensos momentos.
E é por essas e por outras que eu sempre falo que não se trata só de dinheiro, porque, pra este “ser humaninho” que lhes escreve, a riqueza intelectual e afetiva ainda são as mais atraentes e excitantes! E o dinheiro que me importa é o meu, o que usarei para o meu bem e para os de quem amo. Os “teres e poderes” da minha clientela pertencem a ela e a sua família. Não me importam, enfim!
Ah, mas a cultura, a fineza, o bom gosto, a educação e o intelecto privilegiado é meio caminho andado até para o meu nada discreto prazer carnal! Mas, então meu amigo, diga-me qual a espécie de riqueza que você aprecia que eu poderei dizer quão pobre você é!
Cláudia de Marchi

Brasília/DF, 18 de junho de 2016.

Ódio: um sentimento inexistente.

Ódio: um sentimento inexistente.

Eu não acredito no ódio. Pra mim ele não passa de, meramente, uma palavra, um vocábulo. Psicologicamente, pois ele não é um sentimento, ou melhor, digamos que seja, mas neste caso ele se transmuta e pode ser denominado de indiferença.
Quando o outro, seu agir e sua existência não geram minha raiva, minha magoa, meu rancor, meu apreço, meu desprezo, minha ira, aí haverá o tal do ódio que não passa de indiferença! "Odiar" é "não estar nem aí" pra alguém ou para algo, ainda que esta pessoa lhe tenha feito algo de ruim!
O ódio não passa da ausência de qualquer sentimento, ele significa não sentir nada. Enquanto eu afirmar ao mundo que odeio isso ou aquilo, aquele ou aquela outra e usar a minha energia mental, psíquica e física para pensar nele, acompanhar sua existência, difamar-lhe, ofender-lhe, criticar-lhe ou escarnecer-lhe, então, o que eu sinto não é desprezo, asco ou ódio.
Eu simplesmente valorizo a existência daquele "ser humaninho", mas não tenho brio para admitir que eu "lhe adoro" ou "lhe acho foda" (valendo-me da canção da baiana linda e arretada Pitty). Se alguém lhe incomoda, o problema não está neste alguém, está em você que tem sentimentos reprimidos (vulgo recalcados) e que, no fundo, precisa de ajuda profissional.
Sim, você da turminha do asco e do ódio, inclusive à minorias, e que se torna stalker virtual ou afetivo do outro, no fundo lhe preza, mas não aceita tal fato por arrogância, imbecilidade, orgulho ou, puramente, demência! E eu tenho dó de você.

Cláudia de Marchi

Brasília/17 de junho de 2016.