Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 28 de junho de 2014

Atraente ou interessante?

Atraente ou interessante?

Coisas e pessoas belas atraem o nosso olhar, é elementar, até bebezinhos simpatizam com belos sorrisos. Acontece que o que interessa mesmo é o que vem do coração, o que sai da boca da pessoa. É o conteúdo que torna o “atraente”, encantador.
Na verdade, para saber se uma pessoa vale a pena, imagine-se deitada numa cama ao seu lado, com os olhos fechados de cansaço, mas ouvindo ela lhe falar. Se, mesmo sem enxergar seus lábios mexendo você consegue pensar “nossa, ela é demais!” é porque a pessoa é, realmente, especial.
Pessoas bonitas não faltam no mundo, corpos sarados, cabelos bem cuidados, roupas elegantes, carros caros. Tudo isso é atraente? Claro que é. O “atraente” nada mais é do que aquilo que atrai a sua atenção, o seu olhar. Ser atraente é algo inerente ao belo, ao simétrico, ao chique.
Todavia, existe muita diferença entre ser atraente e ser interessante, em que pese o atraente possa atrair o seu interesse. Ser interessante é o que você demonstra àquele que se atraiu por você depois do tradicional “oi, tudo bem?”.
É o tal de que “o essencial é invisível aos olhos”, embora não seja ao coração. O essencial é a classe, a postura, a honestidade das palavras, o bom humor, a alegria de viver, as opiniões, a inteligência, a humildade, a decência.
Quem pensa diferente, quem acha que o ser atraente vale mais que o ser interessante, quem acha a rasa beleza e elegância mais importante que a profundidade intelectual e emocional da pessoa, obviamente e com certeza, não tem muito a oferecer e merece, portanto, uma pessoa, igualmente, superficial.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de junho de 2014.

Sem medo.

Sem medo.

Coisa boba esse hábito que as pessoas têm de terem medo das coisas darem errado. Mais bobo ainda é o medo de parecer, aos outros, fracassado, porque seus planos não deram certo.
Eu não tenho medo de fazer nada e fracassar, medo eu tenho é de ser uma pessoa covarde que deixa a felicidade passar reto porque não tenta, porque não age. Não tenho medo de dar a minha cara a tapa e assumir riscos e também não tenho vergonha de dizer que as coisas podem dar errado, podem não sair como o planejado.
Ninguém paga as minhas contas e, consequentemente, ninguém manda em mim. Acho que o “dar errado” é sempre 50% da possibilidade e a gente tem que se preparar tanto para o bom quanto para o ruim. Se a frustração é um risco? Sim, sempre. Mas frustração e decepção não matam ninguém, não se você tem amor próprio e alegria de viver.
Se der errado, você lamenta, se doer você chora, mas sempre existirão novas possibilidades, novos riscos para correr e só se deixa “castrar” por medo quem não merece ser feliz. Não é o meu caso. Benzadeus!
Daí me perguntam, por exemplo: “O que houve com todo aquele amor?”. Nada. Se fosse amor não terminava, se fosse amor não era engano. Aquilo era ilusão e, como tal, findou. Amor mesmo é o que tenho dentro de mim. E por mim.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de junho de 2014.

Antipatia?

 Antipatia?

"Antipatia" é uma palavra muito usada por pessoas maldosas e invejosas para não conhecerem mais "a fundo" pessoas cuja existência lhes fazem sentirem-se humilhadas, porque elas queriam ser como quem invejam (física, intelectual e psiquicamente) e dizem que "antipatizam", mas sabem que não conseguem.
Pessoas bondosas e não invejosas podem até não ir, de início, com a "cara" de alguém, mas não se recusam a conhecê-lo melhor e, possivelmente, mudar de opinião. Desconfie de quem não gosta de pessoas que nunca lhes prejudicaram.
Via de regra, gente que nunca foi vitima da perfídia alheia e fala mal do outro é por inveja, por maldade e pelo famoso “recalque”: no fundo acha o outro o máximo, mas por não poder ser igual, critica, deprecia de forma que, de uma forma doentia, venha a sentir-se melhor.
São, na verdade, seres frustrados e infelizes, pessoas com deficiência de autoestima, de amor próprio. Aliás, essa coisa de inveja é muito ligada à falta de apreço de si mesmo, não significa que a pessoa seja, realmente, inferior àquela que ela inveja, o fato é que ela não gosta de si própria como tenta fazer de conta que gosta.
Ninguém é melhor do que ninguém por ser mais magro, mais bonito, mais altivo, mais inteligente, mais experiente, mais dono de si que seja, todavia, o fato é que pessoas recalcadas e invejosas acabam por serem inferiores, não porque são feias, gordas ou “pseudointeligentes”, mas porque não se amam o suficiente e usam de maldade para disfarçar o seu recalque, de regra, criticando e falando mal de quem, na realidade, pouco se importa com a sua existência.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de junho de 2014.

Relacionamentos e passado.

Relacionamentos e passado.

Quem eu amei sempre soube tudo de mim. Sempre fui uma pessoa que nunca se escondeu ou teve medo de ser plenamente desvendada, conhecida. A quem eu amei sempre contei todas as minhas fraquezas, na ciência de que, se elas fossem demasiadas a seu ver, eles sairiam da minha vida.
Eu gosto de surpresas, creio que todos gostem, mas não omito nada a respeito do que me importa em minha história. Se você quer amar e ser merecedor de amor não deve usar máscaras, afinal se você não tem orgulho de sua história não pode esperar ser valorizado por pessoa alguma.
Em último caso, se seus erros forem demasiadamente grandes ao ver do outro, ele não merece o seu prezar. Ame a si mesmo, valorize tudo o que você viveu, porque o resto, meu amigo, não passa de mero detalhe.
Todos já sofreram pela pessoa errada, por motivos errados, a grande maioria das pessoas razoavelmente passionais já amargaram pileques por causa de alguém, já procuraram um psicólogo ou um psiquiatra, a maioria das pessoas já se sentiu mal na própria pele se, é claro, viveu intensamente os sentimentos que sentiu na vida, afinal, não se pode olvidar que existem pessoas que, de tão frias que são, nunca perderam o equilíbrio em virtude de sentimento algum.
Enfim, se o seu passado não envolve crimes, traições e coisas mais hediondas que isso, não existe porque ter vergonha dele. Se você sempre foi um ser humano bom ou, no mínimo, sempre tentou ser, não há o que esconder de quem você ama.
Se, no entanto, nem você mesmo consegue aceitar a sua história, a questão não é escondê-la do outro, é, quiçá, nem tentar ter um relacionamento, porque se você julga o seu passado “incompreensível” ou “inaceitável” é hora de procurar ajuda profissional.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 28 de junho de 2014.

Relacionamentos animados.

Relacionamentos animados.

Eu acho que dividir a vida e a cama com alguém é muito divertido. Tudo, porém depende do bom humor, do bem querer e do respeito entre o casal. Eu sempre fui espontânea e alegre demais para manter um relacionamento por mais tempo que ele merecia durar, todavia dentre tudo, resta o fato de que nunca me faltou nem deixei faltar risadas, beijos quentes, alegria e afeto.
Sou da opinião de que relacionamentos podem findar, mas não podem se tornar um fardo, um nó e não um laço em sua alma. Se isso ocorrer significa que ele passou do tempo e que, lamentavelmente, se deteriorou.
Eu não sou perfeita, nem me relacionei com pessoas demasiado afins comigo, do contrário estaria acompanhada, todavia nunca me permiti viver uma relação enfadonha, chata ou morna. Sou alegre e intensa demais para tolerar o "ameno". Gosto do quente, do emocionante, do contrário, sigo sozinha, me divirto só, mas não amargo uma relação entediante.
Não aceito muito bem, na minha vida, a possibilidade de tornar-me apenas amiga do parceiro ou, quiçá, uma mera companheira de quarto, de casa. Gosto muito da minha cama só pra mim para dividi-la com quem não me inspira mais animo, mais paixão.
Dizem que, com os anos, as coisas amornam, não vivi esta experiência na minha vida. Acho que devemos lutar contra essa tendência, do contrário não adianta reclamar que o marido traiu, que a mulher está flertando com outros. Relacionamentos legais requerem empenho, sobretudo para não ficarem enfadonhos e perderem a graça.

Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 28 de junho de 2014.


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Mulheres e “mulherzinhas”.

Mulheres e “mulherzinhas”.

Ouvi um amigo me dizer que mulher gosta de homem que mente e que quando ele diz “eu te amo” elas o têm como “ideal”. Confesso que fiquei com dó do rapaz, porque o conceito e a experiência dele com mulheres são lamentáveis, ou melhor, as mulheres que ele conhece são uma subespécie do gênero feminino.
Mulher de verdade pode até se comover com mentira quando tem motivos para crer que o outro está sendo sincero, todavia, quando descobre a verdade é fim. Fim sem dó, fim sem piedade.
Mulher de verdade pode até ouvir “eu te amo” mentiroso e, por ventura, acreditar, todavia o “eu me amo” dela é sincero, e ela sabe muito bem que é a conduta do outro para com ela que demonstra o tal do amor. E, cá entre nós, mulher de verdade não se contenta com meio amor, ou é inteiro ou não é.
O cara, lamentavelmente, acha que as “mulherzinhas” que ele chama de mulher gostam de cafajestes. Ocorre que tudo que uma mulher de verdade quer é o cafajeste na cama, mas honesto na vida e em relação ao que sente por ela, assim como os sujeitos costumam dizer que querem uma “puta na cama, mas dama na sociedade”.
Mulher de verdade gosta de “boa pegada”, mas “pegada” exclusiva, afinal, mulher madura é exclusivista, ou é todo dela, ou ela pula, ela passa, porque homem galinha se encontra em cada esquina e mulher que preste, conhece o seu valor.
Mulher de verdade não tem pressa pra encontrar alguém que valha a pena, nem que para isso ela fique só, afinal, uma mulher segura de si não se assusta com a solidão, ela tem medo mesmo é de ficar mal acompanhada.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 27 de junho de 2014.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Mãe de gente ruim.

Mãe de gente ruim.

Eu ouvi outro dia que não posso ser muito rígida ao julgar o outro, porque não estou livre de ter um filho como ele. Todavia, isso não me assusta, afinal, mãe é mãe, mãe ama, mesmo que o filho seja um estuprador assassino, por exemplo.
Se serei uma mãe feliz tendo um filho desajustado? Talvez não, mas serei mãe e contra o filho que criei não irei me erigir. Não a ponto de desistir dele, é claro. Acontece que não sou mãe de pessoa alguma, sou, unicamente, uma pessoa vitima da falsidade fria de pessoas traiçoeiras.
Tenho o direito de pensar e falar o que bem entendo, assim como uma mãe tem o direito de defender a cria que pariu, em que pese eu não ache humano, tampouco justo, querer apontar falhas dos outros quando o filho, nada mais foi com eles, do que uma tremenda fraude.
Defender a cria, sim, mas querer acusar o outro que, única e tão somente, cometeu o erro de dar credibilidade demais à palavra de quem só usou e abusou da confiança que ganhou não é correto, não é natural, não é justo e nem aceitável, aliás, justifica bem o fato do filho ser incapaz de sentir-se, realmente, culpado por enganar aos outros.
Afinal, tão possível quanto eu ter um filho mentiroso e sem caráter, é os parentes amados da mulher, de filhos a netos, serem vitimadas por criaturas que abusam da sua boa fé, do amor e da confiança que ganharam deles. Tudo é possível nesta vida, mas com certeza sofre mais a vitima do psicopata do que a mãe, pois como dito, mães são só amor e compreensão, as vitimas amargam tristeza e, porque não dizer, raiva misturada com decepção.
E raiva por confiar demais em quem mentiu que era honesto, que era confiável, sincero, em quem fez de conta que era decente, que tinha caráter, hombridade e vergonha na cara, dói. A decepção da vitima de uma fraude é muito mais aguda e com reflexos mais severos do que a decepção por ser a mãe do estelionatário afetivo.
Todavia, parece que essas mães se acham imunes ao sofrimento da decepção com alguém como seus filhos e acham que quem amam também será imune a tal sofrimento, a tal ilusão, a amar cegamente e acreditar em tudo o que o outro diz. Ocorre que ninguém é imune a isso. Quem viver, verá.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 25 de junho de 2014.

Completamente imperfeita.

Completamente imperfeita.

Eu não me considero uma pessoa orgulhosa, uma pessoa arrogante. Também não acho que eu precise humilhar os outros para me sentir melhor. Se alguma vez precisei, não me recordo.
Todavia, sou um ser humano cheio de defeitos. Sou muito intensa, muito brava, muito impulsiva e exagerada, um pouco ciumenta e possessiva, mas, por outro lado sou extremamente sincera, honesta e transparente. Quem vive ao meu lado, com certeza não será iludido com pretensões ou fatos que não existiram ou existam.
Eu já passei de tudo na minha vida. Magoei pessoas que não mereciam, chorei demais, me arrependi demais, bebi demais e cheguei ao fundo do poço uma vez, todavia, a quem eu amei, nunca escondi o período sombrio da minha existência que, sem dúvida alguma, adveio de um inútil, pesaroso e infeliz sentimento de culpa.
Culpa por ter magoado quem me amava, num ato impensado. Todavia, o fato é que eu perdi o sono, perdi a fome, perdi o ânimo, certa vez na minha vida. Tem quem nunca passe por isso, tem quem nunca erre, nunca se arrependa e nunca se destrua. Eu não, passei por isso e sei bem o que a minha fase ruim fez comigo.
Tornou-me uma pessoa mais forte, afinal, a gente não adquire força malhando numa academia, a gente fica forte mesmo quando as circunstancias da vida nos derrubam e nós conseguimos levantar. É por isso que eu não aceito ser comparada, por causa da minha intensidade e até excessos, com pessoas que tem medo, mas não tem vergonha de agirem erroneamente, com pessoas que acham que a mentira é útil, é válida.
Se eu já sofri na vida, foi por sentir-me culpada, além de fracassada é claro, todavia, tudo passou e, com esforço em poucos meses eu estava altiva e alegre como sempre fui. Adoecer, todo mundo pode, deprimir-se, perder o sono, o apetite, a força, mas agir mal com quem nos estende a mão, não é humano, não é correto, não é digno. Ser incapaz de sentir culpa e buscar na intimidade do outro, razões para justificar os seus erros é mais do que mau caratismo, é desumano, é grotesco, é abjeto.
Sempre fui uma pessoa intolerante a mentiras, por outro lado, num contrassenso infeliz, sempre fui uma pessoa que confia demais em quem admira, em quem ama, e, nessas curvas da vida, a gente acaba admirando máscaras, até elas caírem, é claro.
Então, seres pérfidos e imbuídos de um orgulho e uma maldade hedionda, tentam me comparar com pessoas que, desde o principio, só fizeram enganar e mentir sobre seus sentimentos, histórias, autocontrole, hábitos, caráter, sonhos, passado e tudo o mais, quando eu fui, simplesmente, transparente e sincera, quando eu fui eu mesma e, tenho consciência, o único erro que cometi foi ter confiado em quem era uma fraude.
Não tolero, não aceito e não fico quieta se quiserem me comparar com um tipo abjeto de gente, apenas porque, certa vez eu adoeci. Como disse certo personagem de filme: “No meu turno não.” Sou tolerante a pessoas doentes, sou tolerante a pessoas que cometem exageros, sou tolerante até a quem tem vícios, mas a pessoas falsas, mentirosas, que não honram seus compromissos, que dormem bem mesmo sem quitar suas obrigações, eu não tolero. Não tolero quem trai a confiança alheia, seja do chefe, do pai, do irmão ou da namorada.
Você pode ser tudo comigo, se eu te amar, eu vou te entender e te ajudar, mas se você tiver me mentido que era “assim”, quando era “assado”, se você não for honesto com os outros e nem comigo, eu lamento, mas tudo finda, porque eu sou totalmente imperfeita, mas fui criada por um homem que não dormia a noite quando tinha algum débito, fui criada por uma mãe que nunca mentiu e nem me deixou mentir para conquistar nada ou ninguém. E essas pessoas são meus mestres.

Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 25 de maio de 2014.


quarta-feira, 25 de junho de 2014

“Aonde foi que eu errei?”

“Aonde foi que eu errei?”

Lembro-me que quando eu era criança e não gostava muito da minha nota numa prova de colégio, ao chegar a casa e contar para minha mãe, com o objetivo inconsciente de não parecer tão ruim quanto eu me sentia, eu acrescentava “mas a fulana foi pior”.
Ao ouvir isso, minha mãe sabiamente respondia “eu não sou a mãe da fulana, eu quero saber se esta nota te contenta ou se você pode fazer melhor que isso”. Lembro-me que ela me dizia, com frequência, que eu não devia me “nivelar por baixo”. Seja o que for que isso significasse.
Acho, por intuição que ela queria que eu desse o meu melhor, sem pensar nos outros, em como eles agem ou são, em especial quando eles fracassavam nas provas mais do que eu mesma. A minha mãe me ensinou, do alto de sua sabedoria sem muita cultura, que a gente age, a gente fala, a gente faz, a gente vive e temos que nos responsabilizar por isso tudo. E por tudo que destes fatos advém, sejam louros ou sejam tragédias.
Eu aprendi que colocar a culpa e a responsabilidade dos erros hediondos que se comete nos outros é uma boa forma de não crescer, de não evoluir. Acreditar, por exemplo, no que a pessoa costumeiramente mentirosa fala é, mesmo a amando, a maior forma de não contribuir para a sua evolução. E muitos pais fazem isso e acabam, por fim, com a tradicional indagação “aonde foi que eu errei?”.
Quem sempre erra e recebe apoio e credibilidade nunca muda. Do contrário, não precisaria de apoio, não repetiria erros, não cometeria erros piores do que os anteriores na crença vã, mas infelizmente concreta, de que os pais vão passar a mão na cabeça e acobertar seus atos errados sem deixar-lhes assumir com o nome, a moral, o CPF e a vergonha o que fazem.
A lei da vida é a evolução espiritual, moral e psíquica, só não evolui quem é incapaz de fazer um mea culpa sincero, quem mente não apenas para si mesmo, mas para todos e, o que é pior, recebe de todos a mesma (desmerecida) atenção de sempre.
O fato é que os pais não gostam de assumir que tem filhos fracassados, primeiramente por amor, em segundo lugar por orgulho. Assumir a ausência de decência e honestidade de um filho sempre afeta seu ego, mais do que dizer que o rebento é doente, por exemplo.
Ocorre que doença se cura com remédios e tratamento, caráter ruim, desonestidade e irresponsabilidade não. Todavia, a esperança, no coração de um pai, com certeza, é a ultima que morre, por isso os presidiários recebem visitas aos domingos.
Dentro da minha casa, no seio do que chamo de família ninguém é perfeito. A gente dá gargalhadas, a gente bebe pra comemorar, se embriaga de vez em quando, fala mais do que deve, alguns fumam pra espairecer, a gente cria filosofia de boteco e esquece no outro dia.

Na minha imperfeita família a gente ama pra valer, se ilude outro tanto, confia demais, se entrega demais, mas tem coisas que a gente não faz e nem sabe fazer: a gente não engana, a gente não mente e não nega nenhuma responsabilidade. Na minha família todo mundo é errante, mas boa índole, bom caráter e vergonha na cara todo mundo tem.
Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 25 de junho de 2014.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Das ilusões à realidade.

Das ilusões à realidade.

O problema de ser iludido por gente que não presta é que os desavisados confundem a sua inocência com condescendência. Além, é claro, de que pessoas de má índole adoram negar a realidade sobre o seu mau caratismo e culpar aos outros que, simplesmente e por motivos que qualquer pessoa de bom caráter compreende, não quiseram mais a sua companhia.
Tem quem acredite neles até conhecer-lhes um pouco melhor e perceber que nada que saia de suas bocas é verídico, assim como existem os da mesma laia que ele e que, justamente por isso, lhes dão credibilidade. Gente que, com certeza, não lhe interessa.
É incrível como pessoas pérfidas escolhem bem as suas vitimas. Aliás, pessoas mau caráter e de conduta duvidosa, via de regra, se escoram na imagem boa de um amigo, dos pais, dos conhecidos para convencer uma vitima “boa gente” de que elas são boas.
É o tal “sabe o fulano? É meu amigo”. Mesmo que nem seja tão intimo assim. Essas pessoas sabem que relacionar-se bem pode ser um passaporte para o convívio com pessoas idôneas e, se tem uma coisa que cafajestes não gostam, é de levar a fama pelo que realmente são e, consequentemente, de relacionar-se intimamente com pessoas da sua índole.
Todavia, de repente eles incutem nas pessoas que lhes conhecem a imagem de “mudado”, de um “novo homem” e terminam, como sempre, sendo o que sempre foram: uma porcaria de ser humano. Mas daí, o que eles fazem? Usam de todos os motes para culpar quem estava ao seu lado pelos seus erros. Eles são mestres na arte da mentira, do ludibrio, da enganação.
A culpa é sempre da ex-mulher, do gênio forte da namorada, do vício do amigo, do mau humor do colega de trabalho, do rigorismo do chefe. O cidadão, aquele que abusa da confiança de todos que lhes dão, é apenas uma vítima, um coitadinho, um miserável.
Acontece que caráter não muda nem que se conviva com o capeta ou com Cristo. Pessoas que honram seus compromissos, que são decentes e honestas assim permanecerão perante a pior das “más companhias”, da mesma forma que um homem de caráter forte não muda seu jeito de ser por causa de alguém de personalidade duvidosa.
Em relação a caráter, meu amigo, não adianta justificar o erro porque bebeu, porque é viciado, porque é dependente psicologicamente do que for. Existem drogados e alcoólatras que não deixam suas contas para outro pagar, que são sinceros com quem dizem amar e não logram quem confia neles. Existem os que não fogem de seus atos e assumem quem são, esses podem ser drogaditos, mas não são golpistas.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 24 de maio de 2014. 

sábado, 21 de junho de 2014

Ilógica

Ilógica

A tal da “lógica” é traiçoeira, mas a gente precisa dela. Sei lá, você conhece alguém, a pessoa é filha de gente honesta, tem uma família maravilhosa, excelente profissão, mas, de repente, você descobre coisas ilógicas a seu respeito, desonestidade, mentiras, problemas escusos.
Da mesma forma, você percebe que essa mesma pessoa desconfia da lógica. Age de forma errada na crença de que não será descoberto, por exemplo. Você se enganou porque achou “lógico” que o individuo era gente boa por ter pais decentes, ele engana porque não acha “lógico” que a verdade virá à tona.
Acontece que é preciso aprender que psicopatas podem ter pai e mãe decentes, mentirosos podem ser filhos de gente sincera e honesta. A “lógica” é que o fruto não caia longe do pé, ocorre que ele pode cair.
Normalmente esses psicopatas do cotidiano, quando provenientes de um meio de pessoas corretas, sabe muito bem o que é certo, o que é errado, o que é justo, o que é decente, o que é sincero e honesto, porém eles são humanamente incapazes de agir corretamente.
Diante de tal incapacidade, enfim acabam por enredar quem eles têm como interessantes, justamente por serem pessoas idôneas, ao contrário deles mesmos, com mentiras homéricas de forma que se mostram igualmente incapazes de ser sinceros, porque, no fundo sabem que, se mostrarem a face por debaixo da máscara, nenhuma pessoa decente lhes dará atenção ou credibilidade. E assim eles usam o diploma, a roupa e principalmente a lábia para enganar as pessoas, afinal, a falsidade e a ausência de caráter deste tipo de pessoas é tanta que chamá-las de "gente" é atribuir-lhes um elogio imerecido.
Pode ser triste ser vitima desses seres humanos cuja indecência e falta de escrúpulos contraria a lógica do seu meio, da sua classe social, do seu grau de estudo, todavia, creio que ser uma pessoa que precisa construir uma imagem de um ser totalmente diferente do que ele é para conquistar a confiança dos outros deva ser pior.
Todavia, por lhes ser impossível agir de forma correta, eles superam essa sensação ruim ou, ao menos estranha, de ter que viver com uma máscara e tornam a repetir seus atos corriqueiros: enganar todos os que lhe dão confiança. Começam com os pais e partem para chefes, namoradas, amigos, comerciantes, ainda que para tanto se valham da credibilidade da família ou de algum coitado idôneo que confiou neles.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 21 de junho de 2014.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Chances? Nunca mais.

Chances? Nunca mais.

O problema das pessoas mal intencionadas é que elas confundem a sua capacidade de acreditar no melhor das pessoas com tolice e, assim, creem que podem mentir até sobre a cor azul do céu que você irá acreditar.
Acontece que confiar no outro é algo típico de pessoas boas e bondade não se confunde com burrice. Idiotice mesmo é mentir costumeiramente a ponto de fazer os outros duvidarem até quando você diz o seu nome e sobrenome.
Eu sou o tipo de pessoa que confia, confia muito, todavia, uma vez que perco a confiança nunca mais a recobro, sabe por quê? Porque pessoas que valem a pena não precisam pedir “voto de confiança”, elas simplesmente agem de tal forma que você nunca precisará perder a confiança nelas.
Quem mente, ludibria e engana de regra tem a vã ideia de que são mais “espertos” que os outros, que são astutos e, praticamente, invencíveis. Todavia, se existe algo realmente “invencível” neste mundo, ela se chama verdade.
Você pode fazer-se do que não é por muito tempo, até mesmo por anos, pode omitir seus atos escusos e sua falta de caráter, por um bom tempo, mas chega o dia em que a verdade vem prevalecer e, neste dia, sabe o que ocorre se as pessoas que você acreditou serem tolas tiverem apreço por si mesmas? Você nunca mais recupera a confiança delas e acaba por perder, definitivamente o apreço que conquistou usando máscaras.
Creio que eu e todas as pessoas sensatas deste mundo não queremos muito de um relacionamento, por exemplo, queremos apenas transparência e alguém que nunca precise pedir uma “segunda” chance, afinal, nos dias de hoje, confiar plenamente em alguém já é uma chance e tanto.

Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 20 de junho de 2014.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Criminosos.

Criminosos.

Passei o início da minha carreira dedicada ao Direito Penal. Agora, muito feliz e realizada, voltei. Não sou a melhor criminalista do mundo, pelo contrário, nem me intitulo assim, mas gosto do que faço e, posso dizer, que em quase dez anos de advocacia a gente vê muitas coisas. Com três décadas de vida muito mais.
O fato, pois é que eu concluo que todos somos criminosos ao menos uma vez na vida. Sonegação de impostos, xerox de livros, dvds piratas, compra acima da cota em outro País, beber um copo de cerveja e direção, dirigir sem CNH, andar a 120 Km/h quando o limite é 80 Km/h e assim por diante. A lista é longa, muito longa. Acontece que nem todos somos pegos e, principalmente, a gravidade destes delitos é mínima se comparada com outros. Mas são delitos. Ponto.
Ademais, a gente não quer saber dos delitos que comete, a gente gosta mesmo é de falar dos crimes dos outros. O mesmo em relação a falhas morais. Sentimo-nos "Deuses" em dia de juízo final avaliado a vida alheia. E agimos como uma "mãe" em relação a nossas falhas. Isso é hipocrisia.
Colocar-se no lugar do outro não mata ninguém, nem torna ninguém menos do que é. Existe grande diferença entre cometer delitos e ser um criminoso contumaz, todavia, ainda assim eu acho que somos arrogantes demais em relação aos erros do outro. Aliás, sempre nos compadecemos com as vítimas.
Colocamo-nos no lugar do irmão, da esposa, do pai, da mãe da vítima de qualquer delito. Mas somos praticamente incapazes de nos colocar no lugar da irmã, do amigo, do marido, do pai e da mãe do "criminoso".
Acontece, meu amigo, que você pode se achar infalível, mas garante que seus filhos nunca vão errar? Nunca cometerão algo, num momento de passionalidade, do qual irão amargar arrependimento pra sempre? Garante que você sempre será parente ou afim da vítima e não do "algoz"? Eu não, embora não queira.
Mas, quem me garante que um dia, meu filho que sempre me viu dirigindo acima do limite de velocidade permitido não faça o mesmo e não consiga frear a tempo de não colidir num carro e causar a morte de alguém? Ninguém. Se você tem essa garantia, digo, do fundo da alma que é abençoado.
Agora, de onde venho e no mundo em que vivo eu não posso garantir que eu seja sempre exímia, menos ainda que quem eu amo, quem me cerca e quem, espero, seja por mim bem educado seja, e é por isso que eu atuo nessa área sem ter impedimentos para dormir à noite.
Afinal, quem carece da “presunção de inocência” hoje é um cliente, amanha pode ser alguém que eu amo. Pode ser eu mesma. Todo mundo critica advogados criminalistas, certo? Pois é, até precisar de um, com certeza. Ah, mas você nunca vai precisar né?! Que bom. Eu lhe invejo.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 11 de junho de 2014.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Estelionatários afetivos.


Estelionatários afetivos.

Eu gosto muito de assistir ao canal pago chamado “Investigação Discovery”. Assistindo a vários programas em que a vítima, mulher, é assassinada ou maltratada pelo marido, encontro algumas semelhanças nos casos.
O namoro quase sempre é lindo, romântico, cheio de juras de amor eterno. O início do casamento também, coisa de contos de fadas. O casal se relaciona bem, o sujeito é carinhoso, afetuoso. Até que deixa de ser.
Nem todas as mulheres precisam ser espancadas ou assassinadas para aprenderem que o dia a dia, a união estável ou o casamento revelam quem é a pessoa que escolheram para “passar a vida” ao seu lado.
Existem as que são vitimas de violência física ou verbal e existem as comuns, aquelas que se decepcionam, que casam com o cara centrado, maduro, honesto, decente e, de repente, percebem que o seu amado é um estranho. Um sujeito que, se elas conhecessem bem antes de escolher, não teriam escolhido relacionar-se com eles.
É o tal do “lobo em pele de cordeiro”. Eles conseguem disfarçar o que são por um tempo, mas não uma vida, não para sempre. E, assim, aquelas que não descobriram que o marido é um sujeito violento, tampouco se surpreenderam positivamente por ver nele mais virtudes, acabam sendo, pura e simplesmente, vitimas de uma grande frustração, de uma grande decepção.
Pessoas desleais adoram vestir o papel de decente, de sincero, de honesto. E, assim, escolhem suas vitimas, aquelas que serão enganadas e irão, infelizmente, se apaixonar por uma fraude. Tem quem chame de “malandros”, eu chamo de estelionatários afetivos e saliento: é muito difícil descobrir quem é um, é apenas o dia a dia que vai mostrar ou claro, quem sabe, a contratação de um detetive particular.
Todavia, isso tudo, meu caro, não se afere nos bons tempos de namoro em que se estabelece uma distância saudável. Tem coisas que só o convívio revela. Logo, certo quem disse que casamento é loteria.
As pessoas gostam de pensar que o amor é tudo num relacionamento, que com ele a gente supera tudo. Eu acho que o amor por si mesmo é tudo nesta vida. Relacionamento em que a outra pessoa falta-nos com a verdade, com a sinceridade e, consequentemente, com o respeito ao nosso jeito sincero de ser, relacionamentos em que a pessoa omite quem ela realmente é, traindo-nos a confiança não se mantém nem que exista amor. Pessoas com índole e caráter diferentes não foram feitas para ficar juntas, a pessoa transparente pode, com toda certeza, amar a imagem que o outro pinta, imagem com ela a fim, mas mesmo o amando não se mantém ao seu lado ao ver que ele não passava de uma fraude.
Amor, minha gente, é lindo, mas o amor próprio é o que nos impulsiona a viver de forma correta e, consequentemente, a sofrer menos diante das decepções advindas de um relacionamento com um estelionatário afetivo e a seguir o nosso caminho feliz, porque conscientes de que "fomos" quem "somos" sempre.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 20 de junho de 2014.

Preço alto.

 Preço alto.

A gente paga caro quando age sem pensar. Mais caro ainda quando agimos ignorando que nossos atos terão efeitos e poderão prejudicar a quem amamos e a nós mesmos. A sensação de sermos inabaláveis, a sensação de que a justiça divina beneficia a todos menos a quem prejudicamos acaba por nos prejudicar muito, afinal, nenhum erro, nosso ou dos outros, sai impune nesta vida. Cedo ou tarde a verdade se revela.
Cedo ou tarde as máscaras caem, nossos erros se tornam evidentes e nosso arrependimento não leva as coisas ao “status quo”. Erramos, ferimos, magoamos e nossas lágrimas não irão modificar nada.
Pensar que podemos errar e que conosco nada vai acontecer é o maior sinal de tolice de um ser humano. Tudo o que fizemos, cedo ou tarde vem à tona. Não adianta nada varrer a poeira por baixo do tapete, um dia, uma faxineira mais dedicada vai ver que a sujeira esta lá.
E, quando nossos erros vêm à tona, podemos chorar, nos arrepender e sofrer, nada do que façamos vai consertar o que quebramos, em especial se isso for a confiança que alguém depositou em nós. Amor e respeito não terminam de uma “burrada” para outra, mas confiança sim.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 09 de junho de 2014.

Perdões.

Perdões.

Nada pode ser mais nobre do que o perdão, mas quando a mesma pessoa lhe pede as tradicionais "desculpas" com muita frequência significa que você precisa ficar atento. Muitos pedidos de perdão nada mais significam do que muitas mancadas, logo limites são necessários.
Não é preciso não perdoar, é preciso não ter tantas razões para aceitar as desculpas alheias. Ninguém deve ter uma relação amorosa ou uma amizade que exija a constante necessidade de perdoar para que ela perdure.
Relacionamentos devem lhe fazer bem, do contrário se tornam tortura psicológica e isso, meu amigo, ninguém merece! Literalmente. Acontece que é mote dos que, teoricamente, amam, mas erram, o anseio do perdão alheio como demonstração de amor.
Ninguém dúvida que quem ama, tenta perdoar ao outro. Todavia, só quem não se ama acaba entrando num circulo vicioso de perdão. O amante magoado perdoa, o amante errado fica contente, mas, em alguns casos, recebe o perdão como salvo conduto para errar. E é neste ponto que a história enfeia.
Logo, é preciso muito cuidado ao conceder perdão. Dentro de uma realidade racional ele significa amor, em excesso ele significa carência, falta de amor próprio. Logo, perdoe, mas nunca perca de vista o seu próprio brio. Há limites para tudo, inclusive para ser bondoso, do contrário você se torna otário, não “bom”.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 09 de junho de 2014.

Complicado.

Complicado.

Complicada essa "coisa" de viver. Sei lá, você passa maus bocados, se decepciona, se frustra, sofre que nem um cachorro faminto e maltratado e jura que nunca mais passará por aquilo de novo. Mas, passa.
E, acredite, pode ser pior. Acho que o sofrimento nos turva a visão: quando estamos sofrendo pensamos que nada pode ser pior que aquilo. O engraçado é que pode! Mais, o cômico é que se você analisar, você sofre porque repete os mesmos erros. Em dado momento você jura que não vai mais confiar em alguém. Mas, confia.
Aliás, releva a primeira mentira. A segunda, a terceira e vai assim enquanto tiver esperança. Pois é meu amigo, essa “tal” que é sempre a última que morre pode lhe levar para o cemitério!
É sempre bom tê-la, mas, como tudo o que é demais, ela termina “sobrando” e quem paga o “pato” é você, seu coração, seu estômago e, quiçá a sua conta bancária. Acontece que queremos ser surpreendidos.
No fundo, neste mundo de pessoas que se escondem por trás de máscaras de virtudes que não possuem, queremos, apenas alguém que seja sempre o mesmo alguém: longe ou perto, sempre a mesma pessoa. Pessoa que nos surpreenda positivamente, pessoa que valha a pena conhecer e dar o nosso melhor.
Enfim, queremos sempre alguém com quem possamos ser nós mesmos e alguém que não coloque carapuça alguma para ficar conosco. Uma pessoa de uma face só. E uma face boa, pura e sincera. Nada mais.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 09 de junho de 2014.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Exceções sejam bem vindas!

Exceções sejam bem vindas!

Eu gosto de pessoas humildes. Sabedoria sem humildade é arrogância. É chato, é feio. Num mundo em que sobram pessoas que sabem pouco e são tão orgulhosas quanto os arrogantes que se "acham" por saberem bastante, pessoas conhecedoras acerca do que falam, mas respeitosas e humildes são raridade.
Valorize quando você encontrar uma. Aliás, exceções a qualquer tipo de regra que representam o "ordinário, mas desagradável" merecem a sua estima. Infelizmente vivemos num mundo em que o humilde, o sincero, o honesto e o correto estão tornando-se exceções.
Eu não acredito em pessoas perfeitas. Na realidade, ainda que elas existissem eu as teria como entediantes, afinal, a imperfeição reside em mim e eu gosto de quem comigo se afina. Todavia, o fato de sermos imperfeitos não nos deve fazer acomodados ou orgulhosos.
Reconhecer os próprios defeitos e as próprias falhas, em especial as que magoam quem amamos, é o primeiro sinal de decência de uma pessoa. Ter vergonha também é. É certo que de nada adianta reconhecer erros da boca para fora. É preciso sentir dor de estômago, é preciso perder o sono, enfim, é preciso sentir-se muito mal por errar com as pessoas.
Enfim, eu não me importo se quem me cerca é errante ou não é, eu me importo, isto sim, se as pessoas conseguem sentir uma imensa e sincera vontade de ser melhor, de fazer melhor. Isto, neste mundo imperfeito, já significa muito. Eu valorizo.

Cláudia de Marchi
Sorriso/MT, 06 de junho de 2014.


Vergonha e decência.

Vergonha e decência.

Quando eu era criança e aprontava "alguma", minha mãe olhava pra mim antes de me repreender e dizia: "Mas tu tem medo e não tem vergonha!". Essa frase me marcou, porque no mundo adulto o que eu mais vejo são pessoas com vergonha e medo de serem descobertos em seus erros, mas sem decência para não errar, para, enfim, não prejudicar ao outro.
A esposa trai o marido e tem medo de ser descoberta, primeiro porque não quer arcar com os efeitos de seu ato, segundo porque tem vergonha dele e das outras pessoas descobrirem que ela é volúvel.
A mesma coisa para o advogado que age como bandido diplomado e engana seus clientes para lucrar com seu ato. Ele, assim como o político corrupto, tem vergonha de ser descoberto, mas não tem vergonha de agir desonestamente. Eu lamento essa inversão de valores morais. Lamento que a palavra “descobrir” tenha tanta relevância na vida de certos indivíduos, ou melhor, lamento que o medo que eles sintam, seja apenas de serem descobertos.
Tudo pode desde que não seja descoberto, logo, algumas pessoas vivem vidas duplas: existe a realidade de seus atos e o que eles aparentam ser ou, ao menos, tentam aparentar. “Honestos” para os outros e desonestos entre quatro paredes, de forma que, quando “descobertos” a vergonha lhes chega.
Mas, ora, porque não ter vergonha de agir como agiu e, assim, não agir? Na verdade, além de enganar aos outros, essas pessoas enganam a si mesmas. Terminam por acreditar que eles são o que aparentam ser aos outros. Eles se alimentam das próprias mentiras, até que creem que elas são a sua verdade. Psicopatia? Talvez. Mas não vou entrar neste mérito.
Creio que, se as pessoas tem vergonha de serem descobertas em suas mentiras, de ter sua torpeza revelada, deveriam não mentir, deveriam não ser vis e torpes. Se existe o medo de que seu engodo seja revelado, deveria haver medo de agir de forma a prejudicar ao outro.
Acho que certas pessoas carecem de ter medo e vergonha pelo motivo correto, por isso eu valorizo a transparência, valorizo quem vive de forma que suas atitudes não prejudiquem pessoa alguma.
Existe muita diferença entre ter vergonha do que os outros vão pensar e ter vergonha de agir de forma a enganá-los. E são pessoas com vergonha pelas razões justas e certas que faltam neste mundo, porque gente que ilude e engana os outros e só lamenta quando é "descoberta" o mundo está cheio.
 Ademais, se você tem vergonha de que seus atos sejam revelados, o caminho mais fácil é o de ser honesto consigo mesmo e não tomar as atitudes que toma. Enfim, não custa pensar nos efeitos de seus atos antes de agir.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 06 de junho de 2014. 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Beleza

Beleza

Beleza não é tudo, todo mundo sabe. Eu mesma sou uma pessoa totalmente contra essas “nóias” de ter corpo mega bem definido em contraposição a uma mente desestruturada.
Todavia, existem situações e situações, pessoas e pessoas. Não curto gente que só sabe falar da dieta da moda, dos suplementos de proteínas para aumentar a massa muscular, do novo “acelerador” de metabolismo e do cirurgião plástico badalado, mas também, não suporto gente que não gosta do corpo que tem e que, por ser frustrada com a própria aparência, é invejosa e chata.
Você não precisa ter o corpo que a mídia impõe como “ideal”, você precisa, isto sim, sentir-se bem na própria pele, porque, se o mundo não carece de gente fútil, também não precisa de gente descontente com a própria aparência que fala mal de quem tem o corpo que ela gostaria de ter.
Futilidade é uma porcaria, mas falta de confiança em si mesmo também é. Com uma boa dose de limites, cuidar de si mesmo não faz mal a ninguém. A questão é não tornar-se escravo de sua própria vaidade.
Tão ruim quanto escravizar-se pelo desejo do corpo perfeito, é tornar-se relapso com o que você tem. Zelar pela própria saúde e gostar do que se vê no espelho não é doença, não é problema, mas fazer de tudo e mais um pouco para ter um corpo bonito, a ponto de tornar a própria alma feia, é doentio.

Cláudia de Marchi

Sorriso/MT, 06 de junho de 2014.