Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 29 de abril de 2014

Desimportante

Desimportante 

Com o passar do tempo a gente aprende a não dar relevância ao que gente desimportante nos fala. Pessoas maduras sabem muito bem quem é quem e coloca as pessoas em suas devidas categorias na sua vida: tem gente com as quais somos obrigados a conviver e gente com quem escolhemos conviver. 
Pessoas que estão em nossa vida para nos fazerem rir de piadinhas e pessoas que estão em nossa vida porque não queremos nos afastar delas. Simples assim! 
Logo, o que aquelas que não são muito estimadas por nós dizem não tem importância em nosso conceito e, seja o que for que venha delas, não nos magoa, não nos enaltece, tampouco nos ofende. 
São palavras jogadas ao vento por pessoas que o vento trouxe à nossa vida assim como leva uma sacola plástica a um rio- são acidentes infelizes, enfim. Portanto, convém valorizar o que quem nos importa diz, o que quem admiramos faz e fala. 
Admiração, enfim é o que faz com que nos deixemos tocar pelo que vem dos outros ou, na sua falta, com que ignoremos por completo qualquer coisa que tente arranhar a nossa tranquilidade. 
Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 29 de abril de 2014.

Medíocres e egoístas

Medíocres e egoístas 

Tem dias em que paro e penso quão egoístas e medíocres nós podemos ser. Damos importância demasiada a nossos problemas e, na ausência deles, inventamos e criamos algum. 
Superestimamos aquilo que nos fere, brigamos e magoamos uns aos outros enquanto tem gente com motivos reais para se lastimar e sofrer. Enquanto nos abalamos com coisas pequenas, existem pessoas doentes, pessoas passando necessidades, mães perdendo filhos, filhos sendo maltratados pelos pais. 
Diante das tragédias que os noticiários retratam todos os dias, me sinto ignorante e tola ao ver que chorei por razões banais e, praticamente sem importância. Tenho, pois a certeza de que a empatia e a compaixão são os melhores antídotos contra nossas manias egoístas e, porque não dizer, irracionais. 
Chamo nosso hábito de lastimar o que não temos ou de reclamar por coisas pequenas de irracionais porque, se olharmos para o que nos cerca, talvez passemos a pensar mil vezes antes de jogar palavras ao vento e criarmos problemas que não existiriam se não fosse o nosso proceder. 
Deveríamos impor a nós mesmos a obrigação de pensar mil vezes antes de agirmos, de falarmos e, principalmente, de reclamarmos. Se pensarmos talvez vejamos quantos inconvenientes poderemos poupar quando, na verdade, nós nem sabemos o que é um problema realmente grave. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 29 de abril de 2014.

Nossas antinomias

Nossas antinomias

A vida nos torna mais fortes e tolerantes em alguns aspectos e muito mais sensíveis e intolerantes noutros. Com o passar do tempo nos tornamos capazes de suportar o que outrora não suportávamos, mas, na mesma proporção, nos tornamos incapazes de aceitar sem, no mínimo uma crise emocional, o que outrora já foi relevado. 
Podem ser as cicatrizes, pode ser a maturidade ou pode ser o cansaço mesmo. A gente amadurece, envelhece e, às vezes, os problemas aumentam. É trabalho frustrante, ausência de amizades leais, grana curta, pais relapsos, contas a pagar, pessoas a ajudar, sentimento de impotência, sensação de que nem todos os nossos planos saíram como prevíamos, certeza de que quase nada é exatamente da forma que queríamos e bum! 
 Ficamos intolerantes a outras frustrações, a coisas pequenas que são capazes de tirar a nossa paz ou o nosso tão bem quisto equilíbrio pelo qual batalhamos dia a dia para manter. Pois é, meu amigo, a vida é surpreendente, mas, sobretudo, nós nos tornamos antagônicos. 
Somos pacíficos em muitos aspectos e feras noutros. O que fazer? Impossível nos livrarmos daquilo que a vida nos tornou, possível, porém é tentar nos tornarmos melhores. Sempre. 
 Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 29 de abril de 2014.

Selfies

Selfies 

Eu sempre achei estranho essa coisa de "selfies", sei lá, parece o cúmulo do amor próprio das pessoas, algo como "sou tão lindo que até um banheiro se enfeita com a minha presença, vejam!". 
Nada contra, afinal todo mundo tem seus dias de narcisismo, eu mesma já tive, mas nem por isso deixo de estranhar cada vez que vejo uma pessoa tirando foto no banheiro e publicando no Instagran, Facebook e etc. Mas, lá pelas tantas, nove em dez vezes a pessoa sai "ajeitada" na foto, logo dá para compreender seu rompante "eu me amo, eu sou lindo", todavia, ontem andei lendo sobre selfies pós-sexo! 
Sim, agora as pessoas, numa crise narcísica em "dupla" sentem a necessidade de colocar na internet as suas carinhas felizes depois de transar! Pergunto: seria o final dos tempos? Há limites para a necessidade de publicar a sua felicidade e, não raramente, desconfio que, quem muito tenta expor, pouco sente. 
Será que essa gente goza? Será que eles tem orgasmos de verdade ou fingem? Sim, porque a maioria das pessoas normais, pós sexo, querem repetir a dose, beijar-se ou dormir (no caso dos mais "morninhos"), mas, enfim, a normalidade é essa, a regra é essa. 
Todavia, pegar o celular e mostrar para todo mundo que transou é coisa de quem não está muito feliz com o que fez ou com o que foi feito de si. Ou não, quem sabe?! Tento, apenas buscar uma explicação razoavelmente racional para este disparate. Cúmulo do exibicionismo? Sim. Do narcisismo? Também, logo, para mim, sinto dizer, isso não é normal. Nunca será. 
Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 29 de abril de 2014.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Animais e homens

Animais e homens 

Eu que estou indignada com o assassinato do menino Bernardo pelo pai e madrasta, no interior do RS, em cidade próxima a minha terra natal, recebo "dela" a comovente história do cão que aguarda ao dono, morador de rua, em frente ao hospital em que ele está internado em Passo Fundo. 
Prova de que os animais podem ser melhores do que os seres humanos, prova de que "racionalidade" sem bondade torna as pessoas mais perigosas, cruéis e ferozes do que qualquer fera indomada. Seco, nome do cachorro, é um exemplo de animal puro, doce e leal. 
Quisera que os homens passassem a aprender com os bichos o verdadeiro significado da palavra "fidelidade", o real sentido do amor despretensioso, que nada quer, nada exige, mas se rejubila com o afeto e a presença do outro. 
 Já tive cão, já tive passarinhos, já tive gatinhos que partiram, já me apeguei a animaizinhos que não eram meus e nunca, nunca eles me causaram estranhamento, todavia é isso que eu sinto desde que me conheço por gente ao conviver com os seres humanos: eu estranho. 
 As pessoas mentem, as pessoas enganam, as pessoas traem a confiança de quem lhes ama e, deliberadamente, usam umas as outras como se fossem coisas, e, sabe o que, disso tudo mais me entristece? É saber que elas pensam! Fazem tudo racionalmente, logo, desde quando a racionalidade nos torna melhores do que os animais? Não torna. 
O que faz de um ser vivo superior ao outro, não é dinheiro, inteligência, cultura ou beleza, é a empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro e, sobretudo, é a capacidade de amar, de doar-se, de ser transparente, de ser fiel. 
A capacidade de pensar não significa nada sem pureza, sem candura, sem bondade. É na alma e não no cérebro que se encontra o que diferencia um ser do outro, o que torna um ser melhor que o outro e, nesse aspecto, o cachorro Seco deveria causar inveja em muita gente. 
Cláudia de Marchi 
Sorriso/MT, 16 de abril de 2014.