Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Quero distância!

Quero distância.
Diga-me o que pensas e eu te direi quem és, mostre-me como julgas aos outros e eu te mostrarei quem és. As pessoas não são as companhias que andam, não são o que aparentam ser e passam longe de serem os anjos que querem fazer os outros crer que são.
Boas pessoas não se importam com o julgamento alheio, pessoas de personalidade não dão importância à análise de pessoas recalcadas, inseguras e mal amadas que tentam lhes menosprezar para conseguir um pouco mais de relevância no mundo.
Definitivamente aboli da minha convivência pessoas que sorriem na frente dos outros e criticam por trás, aboli de meu convívio pessoas que julgam aos outros como se fossem deuses, apenas porque são mais jovens, talvez mais abastados, mas nunca mais especiais, porque são, isto sim, mais inseguros, desleais e maldosos.
A seletividade crônica tomou conta de minhas decisões: Ou a pessoa possui bom coração e caráter, ou a pessoa possui personalidade forte para ser quem é independente da companhia que anda ou do julgamento alheio, ou seu convívio não me serve, porque sei que na minha frente é dos outros que falam mal, e ao virar as costas, serei eu a criticada. De gente falsa eu quero mais do que distância, quero desconhecer a existência. Na minha vida, é claro.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 25 de fevereiro de 2011.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Quero apenas a mim.

Quero apenas a mim.

Quem quer todos, não é de ninguém, nem de si mesmo. Quem sabe o valor que possui não se entrega ou se “dá” para qualquer um. Quem quer tudo, não quer nada. Nada com nada.
Quem quer demais, acaba tendo “de menos”, quem é do mundo, não é de si mesmo, quem se perde vida a fora, se perde de si. A cada dia que passa tudo esta se tornando mais aberto, mais geral, menos íntimo, menos afetivo, menos intenso. Foi-se a afetividade, a intimidade, a lealdade, o carinho, o respeito e ficaram as relações fugazes, sem beleza, sem sabor, sem cor.
Tudo cada vez mais “comum”, mais sem graça, sem sentido, sem calor, sem segurança, sem firmeza, sem carinho, sem afeto, sem nada, sem absolutamente nada de especial e raro. Tudo tão fácil, mas tão banal, tão perene, tão facilmente “substituível” que a frieza humana passou a me assustar.
Então, eu fugi do mundo para me encontrar de novo. Eu quero amigos, quero trabalho, quero leitura, quero festas, quero carnaval, quero sucesso, quero progresso, mas não quero dormir com ninguém para me iludir. Não quero noites graciosas, manhãs silenciosas, tardes vazias e anoitecer solitário. É tudo muito “normal” e banal demais para o meu gosto simplório, mas auto-respeitável.
Eu não sei me relacionar sem paixão, e ninguém esta merecendo um por cento do bem que trago comigo. Ninguém, claro que pertença a este mundo onde todos são de todos e ninguém pertence a ninguém. Nem a si mesmos. Não quero nenhuma pessoa deste mundo em que amor não existe, paixão é utopia e sexo é mais importante do que sentimentos.
No momento eu quero apenas a mim mesma, e estou mais feliz assim, sem dar valor a quem não merece, sem dar carinho a quem não devo, sem ser leal com quem não merece lealdade. Sem ser, nem por um minuto, de quem não merece nem meio segundo de meu precioso tempo e apreço.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 23 de fevereiro de 2011.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Gente bonita

Gente bonita

O anseio mais nobre das pessoas de aparência bonita é serem apreciadas pelas virtudes que sua aparência não evidencia, é serem admiradas pelo caráter que possuem, pelo seu jeito de ser e forma de pensar quem têm.
Num mundo em que a todo instante as pessoas pensam em se tornarem mais atraentes, ainda existem pessoas inteligentes que não querem ser para os outros apenas um corpo bonito e um rosto agradável. Pessoas que são boas e por tal querem ser conhecidas e reconhecidas.
Enquanto muitos querem aparentar bem, outros tantos querem significar algo bom no mundo. Ser chamada de “bonita” hoje em dia me assusta. Toda pessoa razoavelmente bela sabe que é, mas, e daí? Você pensa que ser bonito ou não muda realmente alguma coisa? Talvez sim, para os belos de alma vazia, não para os que possuem um conteúdo mais lindo do que apenas sua aparência.
Beleza e elegância não são nada, auto estima é tudo, e por mais que alguns queiram negar, uma coisa independe da outra, mas, de tudo o que mais encanta é o jeito seguro de si daqueles que se aceitam como são e tem orgulho de serem eles mesmos apesar das imperfeições estéticas neste mundo de gente que só pensa em ser belo e esquece-se de ser gente: Gente racional, emocional, afetiva e bem resolvida, enfim gente de alma bonita.

Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 22 de fevereiro de 2011.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Uma paixão leve

Uma paixão leve

Eu quero viver um belo romance, uma intensa e calorosa paixão. Eu quero sentir o frio na espinha, o calor que resplandece em todo o corpo, quero me entregar a quem me deixe segura, mas há de ser uma paixão vivida com uma pessoa leve, tranqüila, segura de si.
Eu quero uma companhia leve, quero me apaixonar pelo sujeito bem humorado, pelo sujeito arrojado, que tem responsabilidades, mas não surta com elas, eu não quero um homem que me ofereça segurança financeira, eu quero apenas um cara que confie em si mesmo e em mim. Quero um relacionamento legal, não uma conta bancária.
Quero um homem que não tenha medo de se entregar a paixão, que não tenha medo de ser bondoso e que não faça dos traumas do passado escudos para acobertar sua covardia afetiva. Não quero um sujeito acomodado que me deixe em segundo plano. Ou dá valor e prioridade, ou me deixa sozinha.
Eu quero um homem que tenha vivido o suficiente para saber diferenciar uma mulher da outra, para não generalizar os defeitos e nem as virtudes, um homem com certa sensibilidade para captar a minha alma e tudo aquilo que não se pode depreender vendo apenas minha aparência. Um homem com certa maturidade para ver as minhas características mais especiais e especificas.
Eu quero a sorte de ter ao meu lado um sujeito tranqüilo, sereno, quente, capaz de análises profundas, mas com a alma leve, um homem que não se escraviza a nada, um homem que queira bem viver, bem amar, bem sonhar, que seja do bem e feliz. Leveza, tranqüilidade, perspicácia para me decifrar, alegria, humor, destemor para se apaixonar e um pouco de sacanagem me aprazem. E muito.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 21 de fevereiro de 2011.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Os homens maduros e os jovens homens

Os homens maduros e os jovens homens.
Nada como adquirir experiência conhecendo pessoas, conversando com elas e ouvindo suas idéias e planos, nada como captar nas entrelinhas a verdade sobre muitas coisas, afinal, “para quem sabe ler um pingo é letra”.
Há dias me questiono sobre as diferenças entre os homens mais velhos, bem mais velhos do que eu e os mais jovens, até mesmo mais novos do que eu. Eis que a diferença não se mostrava tão real até esta semana em que, analisando a inércia dos jovens e as atitudes firmes dos homens maduros, descobri o cerne da diferença entre as atitudes firmes dos homens maduros e a leveza das atitudes dos relapsos jovenzinhos.
Percebo que os homens mais vividos sabem o que desejam numa mulher, já sofreram bastante, conheceram muitas pessoas e quando se encantam e simpatizam com alguém tendem a procurá-la, a querer “demarcar” território, afinal a vida lhes ensinou que o que é realmente bom é mais do que raro, logo deve ser valorizado e cuidado.
Claro, que quando o cara se encanta pela jovem e ela não sente o mesmo fica mais difícil afastá-lo, mas se o sujeito tem brio ele se resigna e segue sua vida, triste quando sabe que perdeu uma mulher rara.
Os caras mais jovens, porém até conseguem perceber que a mulher é diferente, especial, não tão comum, mas eles, querendo curtir a vida com o furor de quem aparentemente pensa que ela terminará logo, deixam a boa moça de lado. Eles crêem que irão encontrar outras até mesmo melhores do que ela, afinal são “novos, boa pinta e com um belo futuro financeiro”.
Os homens maduros sabem que nem sempre a sorte volta a bater a sua porta, eles já perderam muitas oportunidades de ouro quando jovens enquanto os rapazes que estão vivendo a juventude deixam raridades de mulheres de lado para encher a cara com os amigos e ficar com as jovenzinhas mais oferecidas porque crêem que conhecerão muitas “boas mulheres”.
E eles estão errados, os homens mais velhos sabem muito bem disso e as mulheres raras e inteligentes também, lhes restando cruzar as pernas e deixar o tempo passar, afinal, para uma boa mulher boas opções de romance nunca faltam. E nem faltarão.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 19 de fevereiro de 2011.

Amar é divino.

Amar é divino.
Amar é tão divino e necessário que rima com ar. De todas as fases e períodos da vida de um homem os mais inesquecíveis e especiais são aqueles vividos com amor, enquanto ama, ou, ao menos, deseja amar e ser amado.
De nada adiantam beijos, toques, afagos, diálogos, sem ao menos existir a intenção de amor que pode até ser ilusória: a vontade de amar por si apenas, torna os momentos mais especiais, menos comuns, vulgares e materiais.
Não acredito em nada que seja feito sem entrega. Pode ser que o amor termine, que ele se esvaia após erros e tropeços, a certeza que tenho é que ele diviniza as relações humanas, tornando as horas, os minutos e os segundos decorrido mais leves, mais doces, mais interessantes.
O homem que perde a fé no amor desiste de ser feliz. Pode desistir das pessoas, mas jamais do amor, ele é sublime demais para ser abdicado, sem ele não adianta dinheiro, carro do ano, sexo e festas. Tudo é vazio de significado e sentido quando não existe amor nas atitudes humanas.
A felicidade que sentimos quando amamos não tem preço, tampouco descrição, ela é especial, divina, nobre. O amor faz tudo valer a pena, inclusive nossas lágrimas. Deus é mais indulgente para com aquele que agiu e até mesmo pecou por amor. Tenho certeza disso.
Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 19 de fevereiro de 2011.

O que é de nosso passado.

O que é de nosso passado.


O que é de nosso passado a ele pertence. Um ser humano inteligente aprende que não vale a pena remexer em velhas feridas sob pena de abri-las e ter que padecer novamente com a dor outrora sofrida.
O que deixamos para trás deve ficar lá, onde deixamos, porque se deixamos é porque não valia mais a pena; e uma vez não valendo, nunca valerá.
Pessoas, fatos, problemas, absolutamente tudo para o qual um dia dissemos “não”, podem ressurgir com outras formas, com outra aparência, mas jamais com outro conteúdo, cedo ou tarde precisarão de outros “nãos” e quem sofre é quem acata a sua “ressurreição”.
Pessoas não mudam de caráter, e costumam causar os mesmos ou novos problemas. É preciso "deletar" de nossa mente, mandar para a "lixeira" de nossa alma e nunca mais tentar "recuperá-las" ou tentar fazê-lo. Nunca mais.


Cláudia de Marchi
Passo Fundo, 19 de fevereiro de 2011.




quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A pessoa que julga.


A pessoa que julga
A cada dia que passa e convivo com as pessoas me convenço mais que de as virtudes ou os defeitos estão no coração de quem julga e não na pessoa que é “analisada”.
A pureza, a maldade, a coragem, a honestidade, a malícia, a decência, e todas as demais virtudes e seus opostos estão no coração, na alma e na mente de quem atribui ao outro “esta” ou “aquela” característica.
Pessoas puras jamais verão com facilidade a malícia alheia, embora ela exista, assim como pessoas maliciosas não enxergam a pureza notória do outro: cada um “dá” em palavras, (ao analisar o outro) o que possui dentro de si.
Assim sendo, eu me assusto com pessoas que criticam negativamente o outro, me espanta ver seres defeituosos criticando quem mal nenhum lhes faz, e, quem pouco conhecem. As pessoas e suas palavras mal-ditas e mal colocadas me assustam mais do que a morte ou qualquer outra fobia que eu poderia ter (mas não tenho).

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 17 de fevereiro de 2011.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

As relações modernas, a lealdade e eu.

As relações modernas, a lealdade e eu.

Você pode até conseguir ser feliz sendo desleal com os outros, mas nunca conseguirá sorrir sendo desleal consigo mesmo. A fidelidade a si mesmo torna as pessoas mais espontâneas e, conseqüentemente, mais felizes e tranqüilas.
Cada pessoa tem uma forma única de ser e pensar. O que é extremamente difícil para um, pode ser fácil ou mesmo habitual para outro. Benditas sejam as diferenças, são elas que nos oportunizam recomeçar após um término, uma mudança.
As diferenças e a consciência que temos do que elas implicam nos possibilitam ter fé no amor e nas relações humanas, afinal se hoje alguém nos causa desgosto e decepção por certas características que possui, apenas conseguimos deixá-lo de lado e seguir adiante porque sabemos que, não sendo todos iguais, encontraremos alguém diferente de determinada pessoa e conosco mais “afins”.
Sendo leal comigo mesma eu percebi que eu sou uma mulher antiga no tempo moderno, um misto de idosa com criança, um ser que não se adéqua facilmente ao mundo moderno, mas que também não pertence apenas ao passado e aos princípios de outrora.
Eu acredito no amor e não sei viver sem ele. Eu acredito na entrega e não consigo me relacionar quando é preciso conter os sentimentos e ficar apenas na superfície, apenas o profundo me fascina.
Apenas o que é completo me apraz, é por isso que as relações afetivas modernas não são para mim e eu não sou para elas: Não sei “ficar”, até já quis aprender, mas surtei constatando que não sei e, sinceramente, não quero saber. Eu sei o que eu quero. Quem acredita no amor sabe o que quer e, assim eu sigo adiante, cuidando silenciosamente de alentar a solidão sem usar ninguém para passar meu tempo, e sem desperdiçá-lo, o que é melhor.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 15 de fevereiro de 2011.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Piedade, pena, dó.

Piedade, pena, dó.

A vida me ensinou a ter pena, muita pena. A vida me ensinou a ter dó e não raiva, a vida me ensinou a ver as pessoas irritantes e odiosas com piedade. Se é triste ser vítima de seus atos, tão mais triste é, então, ser elas mesmas (!).
Eu prefiro ser a usurpada a ser aquele que usurpa, eu prefiro ser aquela que acredita a ser aquela que mente, eu prefiro ser a roubada a ser quem rouba eu prefiro ser aquela que tem esperança a ser aquela que corta as esperanças alheias com palavras enraivecidas, eu prefiro sofrer a ser aquele que maltrata. Tudo passa, mas coração e mentes ocos jamais serão preenchidos.
A vida me ensinou que o que realmente conta é a nobreza de caráter e não o que as aparências ou a conta bancária possam “expressar”. Não importa o quanto uma pessoa tem para comprar o que importa é o quanto ela vale. E pessoas que merecem nosso apreço possuem valor não aferível monetariamente.
A vida me ensinou que nem sempre é possível esquecer por mais que se tente, a vida me ensinou que por mais que perdoemos a boa memória pode atrapalhar nosso sossego, logo, algumas pessoas devem ser perdoadas, mas não é por isso que devemos conviver com elas. (As lembranças irão lhe atormentar, cedo ou tarde, eu garanto e o que não é visto, não será lembrado.)
De todas as lições que tive, das escritas, das pensadas e das que prefiro não narrar, a mais recente e emocionante é a de transmutar a raiva e o desprezo em piedade. Coitados daqueles que me prejudicam, que me fazem mal, que me magoaram.
Quem esta mal, quem fez por mal ou simplesmente “fez” é quem não merece nem meu ódio, apenas minha pena. A ira maltrata quem sente, a piedade não fere ninguém. Sim, eu sei o que estas pensando: Eu também já acreditei que ninguém merece dó graças ao livre arbítrio e a um monte de outras “idéias idealizadas”, fato é que alguns seres merecem pena.
Eu não falo dos doentes, do mendigo, da criança de rua, eu falo daqueles que são tolos, que são vãos, que são moralmente ruins ou “questionáveis”, eu falo dos que não possuem princípios, ética e vergonha na cara: Miseráveis! Aquilo que lhes falta dinheiro nenhum irá mudar ou comprar, eles merecem dó ou desprezo, nada mais que isso.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 14 de fevereiro de 2011.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Brincadeiras sinceras

Brincadeiras sinceras

É brincando com as palavras que o homem fala as maiores verdades contando que os outros não irão perceber e irão dar risada ou distrair-se olvidando do caráter revelado através delas.
Nas entrelinhas das “brincadeiras” os homens falam sérias verdades sobre sua personalidade, revelando o que jamais irão revelar “falando sério” com a certeza de que um “estou brincando” vai distrair quem lhes ouve.
De regra todos ignoram as verdades implícitas nas “brincadeiras” verbais que as pessoas fazem, ignoram que o cara bagaceiro, desonesto, inseguro, pudico ou malicioso mostra tais características nas “brincadeiras” que faz e não quando fala “sério”, até porque deseja omitir muitos atributos de sua personalidade, em especial os que sabe que são “defeituosos”.
A partir do momento em que percebemos que as pessoas “brincam” com sinceridade, sem perceberem que o fazem, passamos a conhecer muito melhor quem nos cerca.
É através dos “eu estava brincando” que muitas pessoas acham que encerram um assunto, quando, na verdade “dizem o que pensam” e o assunto deve, apenas começar.

Cláudia de Marchi

Férias- BC/SC, 10 de fevereiro de 2011.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O sujeito imprestável

O sujeito imprestável

Sabem qual o tipo de homem que vale menos? O que fala mais. Homens que falam demais não valem muita coisa porque é pela boca que se perdem, é pela língua que eles próprios se aniquilam quando e enquanto tentam aniquilar os outros.
O cara que não vale muito conta o que não deve ser contado, fala o que não deve ser falado, e inventa o que não deveria inventar, é o larápio que mente quando quer se enaltecer e conta até segredos íntimos para se gabar quando eles são verdadeiros. É aquele que senta numa mesa de bar com um amigo ou conhecido e começa a falar sem parar.
Um pouco conta outro pouco inventa, mas fala, fala muito e faz pouco, até mesmo porque se fizesse alguma coisa teria coisa melhor para fazer do que estar bebendo com outro infeliz, soltando o verbo como político em palanque para “aparecer” para o outro.
O cara conta como a ex-mulher era boa na cama, conta detalhes do corpo de quem dormia com ele, inventa defeitos que os outros não têm, vomita verbos que não conhece e virtudes que não possui. E acha que convence. Há a quem convença, mas ele não se flagra que são poucos porque sua credibilidade é praticamente nula. O sujeito não se enxerga, ao menos não nos espelhos que existem no mundo real.
O infeliz não respeita a ninguém, fala o que quer sem medo das conseqüências. Na verdade ele pouco pensa, se pensasse fechava a boca, engoliria suas mentiras e fatos que deveriam ficar em sua memória com a cerveja que toma e iria para casa dormir, pensar na vida e nos erros que cometeu para ser um sujeito sozinho, infeliz e dependente emocional de palavras que não deveriam sair de sua boca tola.

Cláudia de Marchi

Férias- BC/SC, 09 de fevereiro de 2011.

Os recém separados

Os recém separados


Se os recém casados possuem pontos em comum por seu êxtase de amor e realização os recém separados também possuem, em sua maioria, com o perdão da minoria, claro.
Os recém separados de regra dão uma bela barrada na vida após a separação. Eles colidem com experiências que ficaram em seu passado, tudo (ou quase tudo) é, de certa forma, “novo”. Ninguém sabe o que tal emoção significa até ser um recém separado, mas é claro que, como tudo na vida, tais sensações possuem um aspecto enaltecedor.
De regra os recém separados saem do casamento fazendo algumas besteiras como adolescentes após receber o primeiro salário. Bebem demais, saem de casa além do normal, beijam quem não devem, se envolvem precocemente com alguém, fazem sexo antes do tempo ou sem seletividade alguma com desconhecidos ou quase desconhecidos (caso dos homens, em sua maioria). Citando algumas das tais “besteiras”, é claro.
Na verdade os recém separados se perdem no tempo, eles agem com pressa de viver porque, de regra, possuem a idéia de que vegetaram por um bom tempo de suas vidas, afinal se o casamento tivesse lhes satisfeito não seriam separados, é claro.
Então, por isso eles saem do casamento com a tal ânsia de viver como se não fossem ter tempo o bastante para isso, eles querem rua, até porque a casa lhes lembra a vida acomodada de outrora e vários fatos que não lhes faz bem recordar.
Eles querem novas experiências: a recatada se torna mais expansiva, a sóbria, toma um porre (ou dois, ou um por dia), a santa deixa os pudores de lado, enfim logo após a separação boa parte dos recém separados não age como costumava agir e nem aparenta ser o que realmente é. Seus atos devem ser ignorados um pouco até verem que a vida segue e não vai terminar amanha como seu casamento.
Os recém separados experimentam um alivio frustrante com a separação. Só após o período de luto (assimilação da perda e do fim) é que voltam a agir como sempre agiram até terem a fatídica e necessária experiência: o divórcio. 

Cláudia de Marchi

Férias- BC/SC, 08 de fevereiro de 2011.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Aquele que não teme

Aquele que não teme
Um pouco de medo não significa covardia, mas racionalidade, inteligência. O homem que nada teme se coloca diante de perigos desnecessários, se expõe a pessoas, a riscos, ao ódio e a represálias porque não vê o outro como pessoa, não sopesa os seus atos e nem os alheios.
Temer é um ato racional nobre, todo o homem que reza, teme. Seja um ser que ora e não um destemido tolo que não mede as conseqüências de seus próprios atos, que age de forma vil e vã ferindo pessoas sem ter medo dos atos que elas terão em sua própria defesa.
Assusta-me ver os atos dos homens que não temem, me assusta ver as atitudes daquele que não enxerga o outro como pessoa capaz de se defender e de agir, me assusta as atitudes dos que crêem que os outros são seus joguetes, seus objetos.
É sempre bom temer, é sempre bom ter um pouco de medo para se defender, do contrário não há escudo, não há proteção, pelo contrário, há super exposição a riscos. Riscos evitáveis e desnecessários para o homem inteligente, ou melhor, para o homem que teme.

Cláudia de Marchi
Férias- BC/SC, 05 de fevereiro de 2011.

Simplificando

Simplificando
Dispense o dispensável antes que o indispensável dispense você. Estabeleça prioridades em sua vida, pondere, e fuja de qualquer coisa que possa macular sua estabilidade emocional o mais rápido possível, o que inclui pessoas e relacionamentos inaptos para você.
A vida não nos dá segundas chances de graça, aliás a regra é uma única chance e “adeus”. Hoje é hoje e o amanha talvez nem chegue, então dispense o que pode lhe causar dor agora, não espere outro momento, não passe nenhum dia ao lado de quem lhe magoa ou pode lhe magoar pelas escolhas que faz e pensamentos que possui.
Se as pessoas vivessem com mais objetividade sofreriam menos, não entrariam freqüentemente em relações que já nascem abortadas (usando um pouco da “dramaticidade verbal” de Cazuza), não sofreriam por poucas coisas unicamente porque ignoram que o pouco de hoje pode se tornar o problema grande de amanha.
Não é simplificar demais a vida, é não complicar o que é simples demais. Não vai dar certo amanha? Então deixe de lado, ou será que vale a pena se envolver e sofrer o dobro no outro dia?
No fundo a gente sabe sempre no que irá “dar” nossas escolhas, o problema é a prostração, a carência e o comodismo que faz o homem agir quando não deve ou nada fazer quando deve.
Cláudia de Marchi
Férias- BC/SC, 05 de fevereiro de 2011.

Amor sem segredos

Amor sem segredos
Qual o segredo de um casal feliz? Qual o segredo para ser feliz afetivamente com alguém? Homem mais velho, mulher mais jovem? Mulher mais velha com homem mais jovem? Mesma idade, altura, cultura e renda? O que enfim?
Não existem segredos para a junção de um casal ser feliz, é preciso unicamente afinidades de idéias, de pensamentos. O cara que adora os amigos não vai dar muito certo com a mulher que quer ficar sozinha com ele em todos os momentos. Que quer a companhia do sujeito, um livro e nada mais.
A mulher festeira e animada não vai envelhecer bem ao lado do sujeito cujo máximo de companhia que curte é um cão que late pouco. É preciso afinidades de pensamentos para a relação superar as crises de todas as fases. Sim, porque crises fazem parte de qualquer relacionamento e fases, bem, a vida é feita delas, negá-las é negar a própria existência.
Idade, teor da conta bancária, altura, peso, beleza, todos estes aspectos são mais do que secundários, são dispensáveis quando o que se analisa é a possibilidade de dar certo ao lado de alguém, isso, claro, quando não se cogita da companhia apenas por algumas horas ou noites.
Quando se pensa em amar, em ficar junto o máximo de tempo possível, em constituir uma relação sólida com alguém o segredo é inexistente diante da simplicidade de seu conteúdo: Semelhança de pensamentos, afinidades de idéias e gostos, apenas isso.
Cláudia de Marchi
Férias- BC/SC, 05 de fevereiro de 2011.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Antes tarde do que nunca.

Antes tarde do que nunca.

"Antes tarde do que nunca?" Sim, sempre. Antes tarde do que nunca acordar para a realidade, antes tarde do que nunca sair do engano, antes tarde do que nunca desistir do que nunca deveria ter sido tentando. Antes tarde do que nunca mudar para melhor a ter sempre a soberba da falsa sabedoria.
Antes tarde do que nunca juntar os pedaços de si mesmo, antes tarde do que nunca poder se reconstruir, antes tarde do que nunca a cura. Seja ela de feridas físicas ou da alma. Antes tarde do que nunca recomeçar, antes tarde do que nunca começar uma nova vida e findar velhos planos.
Antes tarde do que nunca reconhecer uma vocação, reconhecer uma possibilidade, uma nova estrada, um novo, ainda que estranho caminho. Antes tarde do que nunca (re) conhecer seus próprios limites e fugir do que possa causar dor. Antes tarde do que nunca deixar de ser tola, deixar de ser cega, antes tarde do que nunca enxergar o que todos sempre viram.
Antes tarde do que nunca se arrepender, antes tarde do que nunca chorar a dor do arrependimento, antes tarde do que nunca secar as lágrimas e seguir uma nova vida. Antes tarde do que nunca tudo que não seja a morte da esperança e da fé na vida.
Cláudia de Marchi
BC/SC, 02 de fevereiro de 2011.