Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Conselhos

Conselhos

Sinceramente? Não dê conselhos, ao menos que lhe peçam. Mas não se entusiasmo ao “dá-los”, não se exalte e não se sinta um mestre ou o “senhor da sapiência”: O outro só vai agir e fazer o que realmente deseja, o que condiz com suas expectativas e ilusões.
Os psicanalistas em geral sabem que as pessoas precisam experimentar as situações para, então, desprenderem-se das ilusões e fantasias que formam em suas mentes. E para quem conhece um pouco da vida não existem dúvidas acerca deste fato.
Por mais que o conselho seja solicitado, as pessoas, em geral tendem a agir de acordo com suas vontades, logo, conselho bom é o que coincide com a vontade do aconselhado, do contrário serão meras palavras jogadas ao vento.
É claro que não é porque sabemos disso que iremos deixar de dar um “toque” no amigo ou na amiga, deixar de expressar nossas opiniões e idéias quando solicitadas ou quando, simplesmente, desejamos. O importante é não termos arrogância ou empáfia a ponto de querermos que nosso pensar seja levado em consideração e seguido como uma ordem ou regra.
Todos têm o direito de pensar e manifestar seus pensamentos, todavia se ele diz respeito à vida alheia é o outro quem deve saber e decidir de acordo com o que pensa ser melhor para ele, ainda que esteja iludido. Cedo ou tarde ele vai descobrir isso e, sofrendo ou não, vai aprender e seguir sua vida. Simples assim.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 31 de maio de 2010.

Liberdade e Felicidade

Liberdade e Felicidade

Sábado eu recebi uma notícia que mexeu demais comigo. Sexta eu pensei em silêncio sobre algumas situações de minha vida e, juntamente com a notícia que recebi no outro dia parece que o milagre que eu tanto desejava aconteceu: Libertei-me de todos os sentimentos negativos que eu tinha.
De sábado para domingo eu dormi como uma entidade celestial como se tudo no mundo tivesse voltado a ter graça, como se um anjo celestial tivesse descido e dito: “Cláudia, você esta livre novamente”. E essa sensação ninguém nem dinheiro algum poderiam comprar ou me dar.
Essa sensação veio como um milagre para a minha vida e, de repente eu perdi a raiva, perdi o ódio, o asco, o arrependimento. De repente eu perdoei a mim mesma pelas más escolhas que fiz, de repente eu entendi que eu errei e que qualquer ser humano poderia ter errado em meu lugar. A paixão cega, mas a gente só se apaixona quando vê algumas qualidades no outro, e virtudes, ora essa, nem que sejam algumas, qualquer pessoa possui, e se não possui faz de conta que tem e sabendo, pode enganar o outro quando existe uma certa distância entre eles.
Eu consegui me entender, consegui entender o que me levou a fazer as opções que fiz, e, com a novidade que recebi sábado à tarde eu tive a maior de todas as surpresas: Já foi! Não há necessidade de ter mais medo algum, não é preciso mais me esconder, não é preciso mais a clausura, o receio..
Virei passado e no esquecimento alheio eu encontrei a minha liberdade, o meu prazer para sair pelo mundo fazendo o que eu gosto e o que desejo para minha felicidade. Virei passado e virei a página do meu passado, ou, o que é ainda mais real e melhor: Arranquei a página do ontem da minha história para ser ainda mais feliz no meu presente.
Foi-se o ódio, a raiva, a revolta e o arrependimento. Foi-se a raiva de mim mesma pela inocência e ingenuidade que outrora tive, foi-se tudo o que estava onde não devia estar: Dentro de mim. Recuperei minha essência,
Apaguei tudo o que queria ter apagando antes e, finalmente, agora sou realmente indiferente a tudo e a todos que passaram por mim e que, por minha opção, ficaram para trás, bem longe do meu coração e da minha presença. E essa é a melhor sensação que tive nos últimos anos.
Minha alma voltou a ser livre e meu espírito voltou a ser realmente feliz. Feliz independente de qualquer ato ou palavra de alguém, feliz comigo mesma, feliz sozinha, mas muito mais feliz do que já foi tendo alguma companhia. A melhor companhia que um homem pode ter é uma consciência tranqüila e sua liberdade destemida.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 31 de maio de 2010.

domingo, 30 de maio de 2010

Novo amor.

Novo amor.

Não é com outro amor que a gente cura as feridas de nosso coração que alguém machucou. Não é em outros braços que a gente vai redescobrir a felicidade quando a gente ainda amarga sentimentos, ainda que ruins, por alguém que vive em nosso passado.
A gente só consegue ser feliz de verdade quando nossa alma esta contente dentro das quatro paredes de nossa consciência, quando a gente se perdoa por nossos erros e consegue perdoar ao outro.
Enquanto existe qualquer sentimento ruim não existe amor a uma próxima pessoa que cure nosso coração. A gente só se cura quando a gente redescobre nosso auto entendimento, nosso auto perdão, nosso amor próprio, quando, enfim, recuperamos a lucidez e nos imbuímos de boas energias, bons sentimentos e alegria de viver. Quando a gente passa a se sentir bem em nossa própria pele estamos curados e aptos a uma vida nova e em nova companhia.
Quando a gente volta a se centrar, a nos enquadrar novamente em nossa essência a vida flui melhor, o sono, o corpo, absolutamente tudo melhora. Amar alguém é bom? É uma das melhores coisas da vida, mas ninguém esta apto a fazer bem a outra pessoa, a dar o seu melhor se, na verdade, não esta de bem consigo mesma.
Um novo amor, um novo parceiro, um novo namorado, uma nova companhia tem que ser resultado, encontro resultante não de uma busca, uma procura intencional, não algo conquistado quando desejamos “usá-los” para esquecer alguém, para que nos façam bem e amenizem nossas dores, ainda que elas provenham de arrependimentos.
É preciso amar de novo, mas isso só vai ser realmente saudável quando a gente já estiver realmente bem em nosso coração, do contrário o novo amor será um mero objeto para nossa alma frustrada ainda que essa não seja intenção deliberada. O amor primário, último e único há de ser sempre o amor próprio, apenas quando estamos realmente felizes e contentes sozinhos é que estaremos aptos a doar nosso coração puro e limpo à alguém.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 30 de maio de 2010.

Traição

Traição

Traição eis um assunto nenhum pouco fácil. A própria palavra, ao menos à mim, já desperta um asco tremendo, todavia é sobre este assunto que vou falar. Ele e suas “variantes variáveis”.
A principio saliento que existem várias formas pérfidas de traição que vão muito além daquela que se refere aos que chamamos de “cornos”, com o perdão pela expressão demasiado popular e quase chula. A traição para mim é o ato de quem se torna desmerecedor da confiança e do amor alheio, o que inclui o ato de mentir, de enganar nos mais variados aspectos, o ato de criar deliberadamente falsas esperanças e expectativas na outra pessoa que, sabe-se não serão cumpridas e realizadas.
Todavia, pretendo falar da forma “clássica” de traição que, para mim, nasce na intenção: Na intenção de ter outro alguém na cama ou fora dela, na intenção daquele que trai de se encontrar com outro alguém, de pegar na mão de outra pessoa, de abraçá-la, de beijá-la, o sexo, queridos, para mim é conseqüência da intenção e dos primeiros atos para realizá-la: Marcar um encontro, sair para um café, flertar, etc.
Estava assistindo ao programa Saia Justa do canal GNT ontem à noite, apresentado pela Monica Waldvogel, Betty Lago, Márcia Tiburi e com a atriz e cronista Maitê Proença. O tema foi abordado e algumas questões que muitas pessoas ignoram também, como, por exemplo, de quem seria a dor maior, do traído ou do traidor.
Afirmaram que o traidor pode ser vítima da própria culpa ficando dependente do auto perdão que é uma das conquistas mais difíceis para o homem, todavia, segundo a Maitê o maior sofrimento é daquele que deu todo o seu amor, a sua dedicação e, com a traição, tem que amargar o sentimento de que absolutamente nada do que fez foi suficiente para o outro amá-lo e, conseqüentemente, respeitá-lo.
Ponto de vista razoável, nunca fui traída nesse aspecto, mas já fui em vários outros e sei quão péssimo é se doar ao máximo para quem se mostra merecedor de algo muito inferior ao “mínimo”. Pois bem, a questão é a culpa do que trai, quando e porque ela pode ser inexistente. Segundo as apresentadoras e, inclusive, de acordo com o que Silvio de Abreu demonstra na novela Passione através dos atos da carente personagem da Maitê, há ausência de martírio para o traidor quando o traído merece sê-lo.
Na trama da novela Maitê interpreta uma mãe de família casada com um homem frio, austero, insensível, egoísta e imerso em ganância que lhe ignora como mulher, não lhe dando o mínimo carinho e consideração. Eis o homem que realmente merece uns belos pares de chifres, mas, além de tudo, merece ser deixado pela mulher que “guarda” em casa ignorando que ela não é um adorno e sim um ser humano que lhe preza, do contrário não estaria em tal situação.
Todavia, é inegável que a vingança habita o inconsciente humano, assim como a necessidade de afeto, de atenção e de carinho. As mulheres quando traem, de regra, o fazem por algum motivo e não meramente por atração e descontrole sob seus instintos. Algumas mulheres traem porque amam. Sim, meus caros: Traem porque são apaixonadas pelo companheiro que não lhes dá afeto! E, por essa paixão no fundo não conseguem imaginar suas vidas sem a presença daquele ser, por menos que eles lhes demonstrem a recíproca do sentimento que cultivam. Eis que, assim, se entregando fisicamente ao outro, se vingando pelo amor que não recebem elas conseguem permanecer altivas ao lado do objeto de sua paixão sem ter que tomar coragem para viver longe dele. Se isso é ou não um ato covarde, prefiro não comentar, pessoas apaixonadas se afastam da racionalidade e de tudo que lhe diga respeito.
Atos perdoáveis? Por mim que entendo a alma humana e que sempre fui uma amante e mulher atenciosa e que só se mantém ao lado de alguém quando ama e demonstra tal sentimento, ao menos, são atos perdoáveis. Até mesmo porque eu sei o que é viver com alguém que pede diariamente para ser traído. Todavia, se esse alguém deve ou não perdoar quem lhe trai é outra questão.
Para mim, portanto, existem sim, fatos que amenizam a culpa daquele que trai. Da mesma forma acho que trair quem não deve, quem nos ama, acarinha, respeita e ser por ele abandonado é algo pelo qual praticamente ninguém consegue se perdoar e acho que isso, o ato de trair a confiança de quem não merece e nos ama é algo mais imperdoável do que ser traído. É pior por que o perdão mais difícil de conquistar é o que devemos conceder a nós mesmos e o ódio mais difícil de ser amenizado é o proveniente do arrependimento pelas nossas atitudes e não pelas do outro. Afinal, o outro está fora de nossa consciência que sempre será nosso mais algoz juiz.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 30 de maio de 2010.

sábado, 29 de maio de 2010

Paixão

Paixão

Não julgue o que os outros fazem quando estão apaixonados. Não critique, não tripudie, porque se você nunca se enganou estando apaixonado jamais estará livre de viver tal experiência. Se já viveu não esta apto a jogar pedras no telhado alheio, se nunca viveu irá criticar sem saber o que fala.
A paixão é um veneno fantasiado de salvação. A gente entrega o coração, a alma, nossas esperanças, nossos sonhos e os melhores sentimentos para aquele que julgamos merecer. Entregamos-nos sem perceber, sem notar que estamos agindo cegamente, nos perdemos um pouco de nós mesmos sem sentir.
Mas, chega um dia que a paixão cede lugar a razão e neste dia o chão sai debaixo de nossos pés e ficamos vagando. Vagando pelo mar do arrependimento, do sentimento de culpa por não termos “visto” tudo antes. Mas, do que adianta isso se o que nos cegava era o que acreditávamos estar nos levando ao paraíso? Era a paixão quem nos vendava a razão e sufocava nosso coração.
Então, para que e porque julgar os atos dos apaixonados? Se você que esta sóbrio, limpo, sem a droga chamada paixão consegue “ver” tenha certeza que os entorpecidos por ela nada mais enxergam além do que desejam. Uma vez caído no poço da ilusão a paixão vem afogar o iludido. É o sofrimento quem traz a escada da salvação verdadeira.
Ninguém esta livre do mal da paixão. Se existisse alguma vacina contra ela muitos a fariam, todavia a única vacina contra este mal é a maturidade, mãe da lucidez. Uma vez maduros o amor calmo e lento nos encanta, não mais a sensação entorpecente da paixão, todavia para amadurecer é preciso ter corrido o risco de cair, é preciso já ter se apaixonado alguma vez na vida.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 29 de maio de 2010.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

"Você é"

“Você é”

Detesto ouvir qualquer frase que comece com “você é” quando não vem nada me abonando na seqüência. Aliás, posso apostar que ninguém gosta. Frases que começam assim subentendem julgamento, “estereotipação” de nosso jeito em dado momento.
Ora essa! A gente não é assim ou assado, muito assim ou muito assado, a gente age desta ou daquela forma, estamos hoje deste ou daquele jeito. Ao menos quando depois do “você é” vem um elogio, é melhor nunca utilizá-lo.
É dever do ser humano inteligente saber ser sincero de forma educada. E não é educado olhar para o amigo, namorado, filho ou pai e dizer que “você é” isso ou aquilo. Existem outras formas de apontar algo que não gostamos no outro. Formas menos diretas, é verdade, mas que certamente não renderão brigas nem mágoa.
“Meu caro você esta agindo de forma muito rude ultimamente” é muito melhor do que “cara, você é grosso”. Poxa, os brutos também amam, e não é porque eles podem ser assim que você deva se imergir em grossura também. Sim, pois sinceridade sem tato, sem maleabilidade vira grosseria grotesca.
Em especial você, homem, que reclama da sensibilidade da esposa: Não custa nada aprender que falar com sua amada requer palavras bem diversas das que usas em mesa de bar com seus amigos. A inteligência emocional deve preponderar para que nossos relacionamentos sejam mais legais.
Da mesma forma as mulheres que adoram mandar nos filhos, no cachorro, na empregada: Em homem a gente não manda, ou melhor, manda mais aquela que pede educadamente as coisas do que a insana que grita e cobra do cara atitudes de seu gosto a todo instante. Se não gosta do jeito do rapaz, deixe-o. Como diz a música “a ferro e fogo não dá”.
Ah! As pessoas não mudam sua forma de ser: O outro não vai mudar porque você deseja, então tente ser educado em suas colocações, pense mais e fale menos. Assim, quem sabe, você desiste da mulher que te irrita com cobranças e você mocinha deixa de lado o cara que vive dizendo que você pode ser melhor do que “você é”.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 27 de maio de 2010.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Mãezinha querida!

Mãezinha querida!

O dia das mães passou, mas, para mim que tenho um anjo posicionado no lugar de mãe sempre é o dia dela, da minha mãe. Mãezinha querida, como minha vida seria plena de graças e limpa de sofrimento se eu tivesse ouvido você.
Mami, meu anjo! Deixou da calmaria de tua casa para ir me apoiar, me proteger no inferno para onde fui há algum tempo atrás. Tentou me proteger de mim mesma, de meu engano, de minhas convicções baseadas em engodo, baseada em mentiras nas quais acreditei.
Minha mãe querida errou comigo em alguns pontos, mas, qual ser humano não erra? Mas qual a mãe que tem uma percepção tão grande das coisas como você, qual a mãe que vai ao inferno proteger sua cria e, ainda por cima enfrenta brutalidades verbais gratuitas com brio, com altivez? Talvez como você existam muitas outras, mas só você é a minha mãe! A pessoa de quem mais tenho orgulho neste mundo.
Arrependo-me muito de não ter te ouvido. Arrependo-me muito de ter feito você chorar por mim, pelos meus atos, pelo meu sofrimento, pela minha dor, sentimentos e fatos que eu não teria sentido e vivido se tivesse te ouvido. Perdão minha mãe, mas se às vezes fico triste ou quieta é pela vergonha que ainda tenho de ti. Vergonha pelo que fiz você ver na vida, pelas pessoas animalescas que tiveste que conhecer por ter uma filha tola e inocente.
Mas uma coisa eu afirmo ao mundo e não apenas à ti: Jamais foram as ofensas dirigidas à mim que me fizeram sair do sério, perder a cabeça. O que eu ouvi ou ouvirei a meu respeito eu posso até perdoar ou fazer de conta que perdôo, mas a mínima ofensa ou brutalidade contra você eu não aceito, não aceitei nem nunca vou aceitar.
Só eu sei quão respeitosa és com os outros, com as opiniões e opções alheias, sei que fazes tudo para não desagradar à ninguém e para ajudar de coração aberto. Se eu perdi a cabeça certo dia, se praticamente enlouqueci deixando pedaços de meu coração numa sala e cacos de porta retratos espalhados pelo ar foi porque ofenderam você, e isso, minha amada mãe, eu não perdôo. Não perdoei e jamais vou perdoar.
Não sou a filha perfeita, tenho certeza disso. Mas sou filha de uma mãe que é perfeita para mim. Não aceitei, não aceito e jamais vou aceitar qualquer palavra ou ato alheio que firam você, tua bondade, tua ingenuidade, teu caráter, teu brio. Posso não ser realmente a filha perfeita, mas sou uma guerreira honesta e vou até o fim de uma batalha, de uma guerra e de toda minha vida em prol de ti. Te amo minha mãe!

Cláudia de Marchi

Wonderland, 26 de maio de 2010.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Felicidade

Felicidade

Licença, eu quero ser feliz, chega de tristeza, de mágoa, de ódio. Decidi deixar para trás as tragédias de minha vida, as noites de preocupação, as lágrimas, a agitação, a falta de paz, o desrespeito, o desamparo, as cobranças, o medo e a ausência de harmonia. Encaixotei a infelicidade que meu passado sofrido representava no meu presente.
Passado, bye,bye, fique ai, bem longe de mim! Depois de tudo que eu passei nos últimos anos a vida me confessou ao pé do ouvido que reservou para mim muitas alegrias e felicidade no mínimo para meus próximos 30 anos! É gente amiga, eu mereço e não desperdiço uma grande oportunidade!
Existem coisas na vida que somente a gente sabe o que representam para nós. Lembranças, atitudes, momentos que guardamos na gaveta de nossa memória, separando os bons dos ruins.
Estou sendo agraciada novamente pela vida e resolvi fazer uma limpeza interior: A gaveta das más lembranças ficou lá, mas joguei um pano branco em cima, não vou nunca mais ter que mexer nela. Não quero mais mexer nela. Tudo que deixei para trás jamais vai ressurgir na minha vida: Jamais as mesmas caras, jamais as mesmas vozes, jamais os mesmos ranços, os mesmos gritos, a mesma dor. Jamais cometerei os mesmos erros, o que é muito importante para definir o meu destino.
Alguém já te disse para “nunca” dizer “nunca”? Eu te ensino: Nunca diga nunca para a felicidade, mas na primeira lágrima que alguém lhe fizer derramar olhe bem nos olhos da pessoa e diga: Nunca mais você! E siga isso, sempre. Quem fez você chorar não merece a sua mão, não merece sequer o seu olhar.
Eu estou pegando um barco para uma viagem longa, longuíssima, para lugares distantes, esquecidos por muitos e desconhecidos por outros tantos. Eu não sei quais serão as paisagens que vou ver tampouco me importo, eu só sei que o nome do barco é Felicidade e o destino da viagem depende de minha vontade.
Licença, nestou saindo para ser feliz e, para o passado, nunca mais voltar, nem sequer para recordar do pouco de felicidade que tive. Na minha bagagem eu levarei muito aprendizado e isso me dá segurança e força. O resto depende de mim, mas a passagem a vida me deu por merecimento: Felicidade, lá vamos nós!

Cláudia de Marchi

Wonderland, 25 de maio de 2010.

domingo, 23 de maio de 2010

Zezé di Camargo

Zezé di Camargo

Tá bom, tá bom, vou escrever porque eu gosto tanto do Zezé di Camargo. Sim, porque toda vez que falo na dupla que ele forma com o irmão recebo pedradas virtuais, a principio, esclareço que acho o Luciano excelente também, esforçado, dedicado e batalhador, tal como o irmão. A cada dia que passa esta se esforçando para cantar melhor, apoiar o irmão mais velho. Eu aplaudo o esforço e a dedicação dele.
O Zezé é uma pessoa de talentos formidáveis e muitos deles natos. Ele não apenas compõe canções maravilhosas, ele canta em italiano, espanhol e inglês com uma fluência perfeita e escolhe canções de alta categoria como Caruso, Bella Senz´anima, Yesterday, Te extrano, Something, Mi universo eres tu, dentre outras. Além de tocar violão e piano com perfeição!
Alegam que suas canções de amor são de “dor de cotovelo”, mas não tratam apenas de amores doloridos e perdidos. Falam de amor mantido, de amor feliz, além de frustrações, de sentimentos que só quem já se apaixonou e amou sabe o que significam.
Ademais, alguém conhece a canção de nome “Meu País”? Se não, pesquisem já na internet para ouvirem. É uma obra prima que nem o Renato Russo fez com tanta perfeição. Só que como o gênero sertanejo envolve preconceitos não toca em todas as rádios nem vende tanto, mas felizes os que podem ouvi-la. (Cacetada na presidência).
Isso sem falar das canções que falam sobre Jesus Cristo, amor cristão. Confesso: Tenho todos os DVDs da dupla e sou uma fã no real sentido da palavra. Não acho o Zezé nem o Luciano “gatos”! Acho charmosos, isto sim, mas homens, homens normais nenhum deles é um exemplo de beleza, e nem precisam ser, eles tem sensibilidade e talento, para que corpão e “perfeição estética”? Como eles são o Ney, o Caetano, o Zé Ramalho, o Jessé, o Gonzaguinha, o Roberto, o Erasmo, o Lupicínio, o Bocelli. Fã que começa achar beleza em cantor se esquece de avaliar o nível do talento. E eu vejo só isso nesses citados e em tantos outros que eu adoro.
O Zezé e o Luciano Lutaram muito para chegar aonde chegaram e se mantiveram no topo com talento e discrição, sem escândalos, sem overdoses, drogas, álcool, promiscuidade e brigas escandalosas. Suas composições são inesquecíveis, suas letras marcantes e reais, ao menos para quem já teve um amor intenso, um amor bandido, uma paixão ensandecida, e sentimentos assemelhados que, quem vive intensamente a vida não consegue passar por ela sem ter. Eu amo essa dupla e recomendo!

Cláudia de Marchi

Wonderland, 23 de maio de 2010.

P.S.:Abaixo a letra da música Meu País para quem quiser ler e depois procurar ouvir:

Aqui não falta sol
Aqui não falta chuva
A terra faz brotar qualquer semente
Se a mão de Deus
Protege e molha o nosso chão
Por que será que tá faltando pão ?
Se a natureza nunca reclamou da gente
Do corte do machado, a foice, o fogo ardente
Se nessa terra tudo que se planta dá
Que é que há, meu país ?
O que é que há ?
Tem alguém levando lucro
Tem alguém colhendo o fruto
Sem saber o que é plantar
Tá faltando consciência
Tá sobrando paciência
Tá faltando alguém gritar
Feito um trem desgovernado
Quem trabalha tá ferrado
Nas mãos de quem só engana
Feito mal que não tem cura
Estão levando à loucura
O país que a gente ama
Feito mal que não tem cura
Estão levando à loucura
O Brasil que a gente ama

sábado, 22 de maio de 2010

"Eu não quis te magoar".

“Eu não quis te magoar”.

A gente cresce, perde os medos da infância e adquire os medos da vida adulta. Esses são difíceis de perder, só o passar do tempo, nossa vontade e alguma paciência podem nos ajudar a superá-los.
Eu tenho medo de ser verbalmente magoada. Eu tenho medo de quem magoa sem querer e me sinto uma criança sozinha num quarto escuro quando quem diz que gosta de mim me fere com palavras sem desejar fazê-lo.
Eu tenho medo do que me gerou trauma e um deles é esse: Eu só fui magoada, ofendida e verbalmente humilhada por quem não “queria” tê-lo feito. E é isso que me espanta quando até mesmo minha mãe comete o ato de “magoar sem querer”.
Não querendo fazer um silogismo estúpido, mas já fazendo: O ser humano é racional. Quem me magoa é humano, logo é racional. E se é racional porque não pensa antes de falar? De onde surgiu essa trova de “magoar sem querer”?
Será que existe uma força maléfica que invade as pessoas que a gente ama e as faz despejar fel sobre nós independente de suas vontades? Creio que não. Creio que esteja faltando compaixão ao ser humano, creio que o amor ao próximo expresso pelo não fazer a ele o que não se deseja que ele faça esteja cedendo lugar ao “haja sem pensar e use sua persuasão para pedir desculpas”.
Mas isso não vai longe quando esbarra em quem já foi magoada sem querer por muito tempo. Eu queria ouvir “eu falei para te magoar” uma vez na vida. Eu queria ouvir “eu falei para afastar você de mim e para você desistir de mim” e não mais “eu não quis te magoar falando isso”.
Vamos ser mais autênticos. Vamos ser racionais “gente humana”! Vamos ofender com vontade, vamos magoar querendo, mas vejamos bem o que sentimos: Vamos dar mel a quem amamos, vamos respeitar ao próximo, pensar antes de falar. Nunca é tarde para sermos realmente racionais.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 22 de maio de 2010.

Borracha e lápis mágicos.

Borracha e lápis mágicos.

Eu queria ter uma borracha e um lápis mágicos para poder apagar alguns fatos da minha memória e escrever outros em seu lugar. Eu queria poder apagar as sérias más escolhas que fiz graças às mentiras que acreditei, queria apagar tudo de ruim que já me envolveu e tudo de ruim com o qual me envolvi.
Eu queria escrever um novo ontem, queria não ter conhecido muitas pessoas que conheci e queria ter apagado do meu interior a boa-fé e a inocência que me colocaram diante de seres humanos que eu não queria ter conhecido, trabalhado, convivido, confiado ou amado.
Eu queria apagar a sujeira do mundo, em especial as pessoas sujas que inocentemente eu achava que eram limpas. Eu queria riscar as mentiras que ouvi e acreditei, eu queria apagar de minhas lembranças o arrependimento pela confiança não merecida que eu dei. Como eu já quis ter escrito esperteza onde havia pureza, força onde havia carência, coragem onde havia medo!
Eu queria apagar as pessoas que me feriram quando diziam que me amavam, queria apagar e riscar aquelas que na distância querem, aparentemente, ser mais desprezadas do que já foram vez que fazem o possível para serem inconvenientes e mal quistas.
Eu queria riscar as lágrimas que já chorei de arrependimento e a raiva de mim mesma que já senti e no lugar delas escrever orgulho, vitória, amor e alegria. Verdadeiros, não aparentes. Eu queria riscar o julgamento alheio e as críticas de todos que não sabem sobre o que falam e ousam julgar.
Eu queria com uma simples borracha apagar o mal que me fizeram e que só eu sei quão grande foi. Eu queria apagar o ódio que já senti e tudo que já sofri, mas não posso. Não tenho a borracha mágica, nem o lápis, aliás, ninguém os tem.
Mas Deus nos deu a fé, Deus nos deu saúde e o amanhecer. Temos diariamente a possibilidade de recomeçar, de fazer melhor que ontem e, conseqüentemente, de escolher melhor.
Temos a possibilidade de amar novamente quem merece nossa entrega e pureza, que, ora essa, não deve ser perdida, quando esta na nossa essência. Quem perde algo que dá base a sua alma perde um pouco de si e isso nunca deve acontecer na vida de uma pessoa que mesmo com a tristeza consegue ser feliz.
Temos a possibilidade de dar um passo rumo à vitória da superação do que passou por mais triste que tenha sido. Não podemos mudar nosso passado, mas podemos construir um futuro bem diferente e este é o maior alento que a vida nos dá. E se recebemos é porque ainda merecemos.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 22 de maio de 2010.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

"Vendo" nada se enxerga.

“Vendo” nada se enxerga.

Eu aprendi que “vendo” a gente não enxerga nada. Vendo de fora o infeliz é feliz, o enfermo é são, o maldoso é bondoso, o maldito é bendito. De longe o amargo parece doce, o feio parece bonito. É preciso sentir, é preciso usar as lentes da experiência e do coração para fazer um julgamento acertado sobre aquilo em cujo “meio” não estamos.
Só depois de sair do meio do aparentemente lindo é que a gente adquire a certeza de que quem julga de longe não vê absolutamente nada. “Ele é socialmente respeitado, ela é bonita, inteligente e tem uma carreira promissora, moram num palacete e ele serve carne em almoços para ela que é sempre uma das mais lindas dos elegantes bailes em que dançam e sorriem alegremente”. Que casal perfeito? Ledo engano.
As pessoas tendem a projetar para fora delas mesmas as esperanças de felicidade e alegria que deixam de injetar em suas próprias vidas e, assim, acham que os outros, “os arrumadinhos”, os “de fora” são felizes. Ah, mas eles aparentam ser?! Sim, mas quem é que vai chorar 24h por dia ou sair se degladiando em público? Ninguém, ou, “até certo ponto ninguém”, porque tudo que é ruim tende a piorar, daí, se esvai respeito, compaixão e tudo o resto.
As aparências enganam sim, e muito. E não tem casa perfeita, corpo sarado, fama, inteligência, sorriso bonito e beijo (bem) dado em público que desfaçam a verdade da vida entre quatro paredes, da vida como ela é, com seus pesares, onde num barraco no morro pode haver mais harmonia e amor do que num palácio.
Se você ainda acredita no que seus olhos vêem e no julgamento que você faz da vida alheia sem estar presente como as paredes de sua casa deixe seu ponto de vista para trás. Olhando, vendo com os olhos ninguém enxerga o pesar dos corações, ninguém enxerga o que só o dia a dia pode mostrar para quem se dispõe a ver a realidade.


Cláudia de Marchi

Wonderland, 21 de maio de 2010.

O pulsar da vida.

O pulsar da vida.

A magia da vida é o seu pulsar latente. A magia de viver é sentir todas as emoções do mundo em um só coração. A estabilidade total e permanente, o controle completo sobre o que se sente torna a pessoa morna e a vida insosa.
Quando nosso coração bate linearmente? Quando pára de bater, quando a vida se esvai. Termina o pulsar, termina a nossa existência neste plano terreno. É bom ter paz interior, é bom dormir tranquilo com a própria consciência, na verdade inexiste dinheiro capaz de comprar tal benesse, todavia pessoas que possuem paz também se agitam, também se revoltam, do contrário seriam bonecos sorridentes sem sangue nas veias. Porém, com fé e esperança, com força de vontade e pensamento positivo a tendência de tudo é melhorar, a tendência é o mal ceder lugar ao bem e suas venturas.
O ser humano traz em si a magia do poder de ter força para lutar, sabedoria para chorar e lavar a alma, sensibilidade para ter compaixão, fé para amar, coragem para enfrentar medos, destemor para superá-los, esperança para recomeçar, auto-confiança para empreender, criatividade para inovar, para criar, e calor no peito para se apaixonar e gozar todas as boas possibilidades que a vida pode lhe trazer.
A densidade da magia de ser humano, porém, varia de pessoa para pessoa e é por isso que há graça na vida. Enquanto uns vibram e pulsam intensamente outros se arrastam pelas ruelas de sua existência, mas, quem diz que a situação não pode mudar? O maior de todos os encantos da vida humana é o de que tudo depende de nosso ânimo, de nosso coração, de nossa vontade. Por maiores ou piores que sejam os desafios o homem tem em si mesmo poder para superar todos tendo no decurso dos dias e na paciência seus maiores aliados. Isso, claro quando realmente deseja.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 21 de maio de 2010.

"Livrai-me do ódio, amém".



“Livrai-me do ódio, amém”.

Tem dias que a gente acorda com o toque do telefone e nossa alma alegra, nosso coração sorri. Noutros, por vezes, o toque do nosso telefone, ou melhor, o fato comunicado pela voz que nos chama parece entupir uma artéria, nos causar uma úlcera, e, (Deus me perdoe!) um tumor. Infelizmente, isso às vezes acontece comigo e justo hoje aconteceu.
Eu não compreendo o medo que as pessoas desenvolvem de amar e se entregar, mas ando entendendo bem e desenvolvendo um grande medo de odiar. De odiar alguém novamente, porque infelizmente existe uma pessoa na minha lista de “lixo humano”. Quem é que vai gostar de praia se vê uma onda aparentemente linda na sua vida, pensa que é o oceano se preparando para lhe agraciar com uma bela onda e de repente vem um “Tsunami” e sua vida se esvai em mil perdas?
A indiferença é um sonho distante que se realiza perfeitamente com o passar da vida, do tempo. A indiferença básica é a da atitude, ignorar o outro, mas isso é o lógico quando se odeia. E odiar não é ser indiferente. Ser indiferente de verdade é graça divina pós-superação de trauma.
Você acha difícil se livrar do “mal do amor”? Eu não. Decepções e frustrações limpam seu coração do amor infeliz, mas qual a reza que se faz para deixar de detestar alguém? Qual a oração que a gente faz para parar de desejar que o outro suma do mundo, sofra ou, quem sabe (e sendo sincera) morra, para nunca mais prejudicar você e ninguém? Se alguém sabe, me passe por e-mail, me indique o padre, pastor ou pai-de-santo que opera esse milagre porque só minha força de vontade não esta adiantando muito.
E ainda existem os seres de alma mais tosca do que a minha que não nega sentir ódio: São os que dizem que ele é o avesso do amor e um pode no outro se transformar. Por Deus! Quem pensa parecido com isso nunca amou de verdade e, provavelmente nunca vai amar porque não sabe diferenciar pureza, entrega, alegria da alma, alegria divina, e benção de torpor, de nojo, de ira, de asco, de praga ruim!
Uma vez odiado, querido ignorante, nunca mais amado. Todavia, uma vez amado, pode ser odiado, depende do que se faz, das atitudes que se toma, dos prejuízos afetivos, emocionais e financeiros que se causa. Quem joga sujo na vida se sujeita à tudo, inclusive a ser odiado.
O ódio mata aos poucos quem o sente? Pode ser, não é nada saudável sentir o sangue ferver nas veias. Todavia, meus caros, a vida é justa com quem é justo, mesmo que seja capaz de sentir tal vão sentimento, e, passam dias, passam meses, passam anos, chega o dia do xeque mate, e ai será que vale a pena ser o odiado da história?
Cultive a harmonia com quem lhe ama, cultive a paz com quem lhe cerca, respeite e não faça ao outro o que não desejas que ele lhe faça. Quer encarar e agir de forma inversa? Assuma o risco. Odiar pode ser ruim, mas ser odiado pode ser pior ainda, porque criaturas más a ponto de suscitar esse sentimento numa pessoa boa não o fazem com uma única apenas. E ser odiado por várias pessoas é perigo eminente.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 21 de maio de 2010.

Sentimento, pensamento e expressão.



Sentimento, pensamento e expressão.

É impossível mensurar racionalmente o que tem mais importância para que obtenhamos sucesso na nossa vida afetiva e emocional, se é nosso sentir, nosso pensar ou nosso expressar. Sim, porque linguisticamente ou não inexistem relações sem alguma forma de expressão, de manifestação, preferencialmente do que se realmente pensa e sente.
Sendo assim, vislumbro uma imensa luz sobre a questão: A expressão, embora muito importante não deve ser feita sem ter por base o sentimento e o pensamento de quem a exprime, do contrário é “jogada ao vento”, sem valor, inútil. Inútil para a construção do amor, mas talvez útil para a solidão, é claro, afinal essa sempre se beneficia de nossos medos, de nossa falta de racionalidade e sensibilidade.
Sinta. Perceba o que você sente. Antes de qualquer coisa pense e saiba o que realmente desejas, não tenha medo de sonhar, de imaginar. E imaginar o que existe de melhor. Anime seus sentimentos com a força do pensamento positivo sem nunca esquecer o que seu coração deseja para não deixar escapar quando encontrar. Há de se saber o que se quer em tudo na vida, do contrário desista de buscar, mesmo “achando” você não vai perceber e tomar posse do que poderia ser seu.
O sentimento manifesta nossa intuição, nossa impressão anímica. Em dados momentos o sentimento e a expressão de sua plena realização não precisam de mais nada para alegrar nossas almas e a de quem esteja ao nosso lado. Basta sentir e demonstrar o que se sente.
Cuide e saiba o que pensas, baixe a guarda de sua pseudoracionalidade para sentir e expresse o necessário se estiver de acordo com sua verdade interior. Demonstre apenas o que condiz com seus sentimentos, agir de forma diversa implica em muitos riscos, desde o de magoar indesejadamente o outro, iludi-lo, ou, ainda, o de se auto-sabotar, afinal podemos jogar uma pedra para cima, mas com o risco de ela cair sobre nós. É melhor cuidar do pensamento, do sentimento e tomar qualquer atitude com base neles, assim fica mais fácil viver com leveza e ser feliz, muito feliz.


Cláudia de Marchi

Wonderland, 21 de maio de 2010.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"Achismos incompetentes"


“Achismos incompetentes”

Eu não consigo entender porque as pessoas julgam que apenas que elas “pensam” (?) é correto, é certo. Eu não compreendo porque as pessoas desconfiam até do que os outros afirmam sentir, sofrer ou pensar de algo a ponto de acharem que o seu “achismo” é condizente com o “real” da situação da vida alheia.
É meu caro esse parágrafo ai de cima parece desabafo de gente insana, mas não é! É apenas a constatação de uma pessoa que vive a vida sem medo algum do julgamento alheio, mas que, não é por não ter medo dele que não o enfrente, não sofra e não se irrite com ele (!).
Nossos desabafos, nossas atitudes, nosso passado, nossa omissão, nossa desilusão e desolação afetiva, tudo, enfim se torna pouco nas mentes alheias e nelas, é o pensamento do dono quem dita os conceitos, os parâmetros e as (pseudo) verdades. E é ai que meu queixo cai! Algumas pessoas interpretam a realidade de nosso sentir de forma plenamente oposta à realidade!
Quanta gente existe no mundo achando cabelo em ovo, pensando errado sobre a vida alheia, e, cientes de que sabem mais do que todos, ignoram o sentimento e a experiência por trás dos fatos e erigem os seus pensamentos a categoria de “realidade”, mesmo que essa seja inversa a verdade e, o que é pior, mesmo que ela não lhes diga respeito algum! A vida é impressionante, mas não deixa de ser maravilhosa, afinal, sempre existem pérolas dentre tantas ostras.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 20 de maio de 2010.

terça-feira, 18 de maio de 2010

No meu mundo.

No meu mundo.

No meu mundo as pessoas só falam o que realmente sentem e todos podem expressar suas opiniões. No meu mundo não há discussões, mas respeito, troca de idéias e de experiências.
No meu mundo ninguém fala algo para ser bem quisto e bem julgado pelos outros, tampouco agem para serem bem avaliados. No meu mundo as pessoas são sinceras e honestas umas com as outras e ninguém tem medo do julgamento alheio.
No meu mundo ninguém usa o sagrado tempo de sua vida nem os minutos abençoados de sua respiração para pensar, julgar e falar mal da vida dos outros. No meu mundo cada pessoa cuida da sua vida e, por isso, todos são contentes e, quando se encontram, confraternizam sem a vergonha no olhar típica dos falsos e dos hipócritas.
No meu mundo honestidade, cultura, inteligência emocional e afetiva, capacidade de amar e de respeitar ao outro valem mais do que qualquer dinheiro. No meu mundo não existem ricos miseráveis de espírito. No meu mundo os espíritos é que são ricos (em virtudes).
No meu mundo os casais são fiéis. No meu mundo todo o casal se beija e incendeia de paixão. No meu mundo todos os casais fazem amor com entrega e indecência, no meu mundo todas as mulheres tem orgasmos e todos os homens só ficam com aquelas que os satisfaçam plenamente. Logo, no meu mundo não há porque existir infidelidade e deslealdade entre quem diz se amar.
No meu mundo não existem relações frívolas nem pessoas superficiais ou medrosas. No meu mundo as pessoas se entregam com amor ao que se dedicam, seja na vida afetiva ou profissional. No meu mundo as pessoas só fazem porque e o que desejam.
No meu mundo as pessoas não tem medo uma das outras e nem generalizam defeitos ou virtudes do sexo oposto, o meu mundinho desconhece as características do machismo e do feminismo. Nele toda generalização é estúpida e, aqui burros andam de quadro comendo capim e não de carro e roupinhas bem passadas.
No meu mundo não existem pessoas que perdem a fé na vida porque sofreram. No meu mundo as pessoas se tornam mais maduras e seletivas, mas assim como crêem na própria bondade ainda conseguem crer na bondade que pode existir no coração alheio. No meu mundo decepções se tornam aprendizado e arrependimento se torna maturidade ainda que isso custe muitas lágrimas.
No meu mundo as pessoas perderam o medo de sofrer e passaram a acreditar mais nelas mesmas e na voz de Deus em sua alma, ou seja, em sua intuição. No meu mundo as pessoas podem se sentir solitárias, mas elas não precisam iludir ninguém para tapar o buraco de sua alma que pessoa alguma pode preencher quando o momento não é apropriado.
No meu mundo as pessoas bebem uma taça de vinho, cobrem seus corpos frios e choram até dormir e acordam com fé e esperança. No meu mundo as lágrimas afastam o sentimento de solidão e não o engodo, o ato de enganar outra pessoa que nada tem haver com nossos problemas.
No meu mundo as pessoas batalham e lutam com as armas da decência, da honestidade. No meu mundo dinheiro é resultado de empenho e não objetivo que cega a alma e entorpece os sentidos. No meu mundo coração e alma valem mais do que contratos e papéis, no meu mundo ninguém faz ao outro o que não deseja que o outro lhe faça.
No meu mundo impera o respeito, a fé, o amor e a esperança na evolução humana, se não na do mundo, na de nós mesmos. No meu mundo as pessoas não se entregam ao desânimo, nem colocam a culpa pelas suas desventuras no outro, no meu mundo não existem psicopatas, no meu mundo os pais educam bem seus filhos sem demasiada permissividade.
No meu mundo os pais se empenham em educar seres humanos afetivamente saudáveis e não poços de egoísmo e egocentrismo ambulantes, máquinas de judiar corações. No meu mundo pais respeitam filhos e filhos respeitam seus pais.
No meu mundo as pessoas amam, se apaixonam, mas não confundem o ato de entrega de alma e bons sentimentos do outro com transferência de propriedade. Ninguém se apodera do outro, ninguém se sente dono do outro a ponto de achar que pode fazer o que deseja dele, gerir sua vida, magoá-lo e receber perdão a toda hora. No meu mundo o auto-respeito e amor próprio falam mais do que qualquer sentimento e aqui amor e liberdade andam juntos como o amor e o respeito.
No meu mundo as pessoas convivem em paz porque se respeitam. Existem divergências, mas elas não causam guerra, porque no meu mundo as pessoas conseguiram entender que cada um tem o direito de sentir e pensar o que deseja havendo, sempre, respeito entre os seres sem que ninguém queira se apoderar da mente alheia.
O meu mundo não é perfeito, mas tem mais harmonia. A perfeição é tediosa. No meu mundo as pessoas não são previsíveis nem mornas. São intensas, profundas e quentes, em todos os aspectos. O meu mundo não é melhor ou pior que o seu mundo, mas o meu mundo representa o que sou, assim como o seu representa você e o mundo real representa um aglomerado de pessoas orgulhosas, presunçosas, gananciosas, egoístas, rudes, preconceituosas, covardes e que, simplesmente, estão esquecendo o que significa respeitar e amar de verdade. Todavia, eu vivo o meu mundo e é por isso que sempre terei esperança e fé na vida.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de maio de 2010.

Inutilidade Útil

Inutilidade Útil

De repente eu cheguei num ponto da vida em que vi que eu era útil para aqueles que ousaram jurar amor por mim. A minha aparência envaidecia, a minha juventude animava, o meu corpo e energia entusiasmavam, o meu trabalho ajudava, a minha paciência alentava.
De repente eu cansei e perdi todas as minhas forças vendo que a minha presença era interessante para determinada pessoa, ela era “providencial”. De repente eu percebi que era ao outro agradável ter uma mulher considerada bonita e inteligente e que todos pensassem que, além disso, ela era afetivamente realizada, que a moça era “bem amada”. (“Ter”, eis a questão? Quem é o infeliz que colocou na cabeça de alguns que o amor ou o casamento transferem a propriedade da alma alheia para a sua?)
Mas entre o que o povo vê, entre o que o povo fala, julga e critica e entre a verdade do que se passa entre as quatro paredes da vida alheia existe a mesma diferença presumível entre o céu e o inferno. E, assim, de repente eu decidi seguir a vida sozinha, longe de todos que amei e prezo e de tudo que um dia eu podia chamar de meu. Longe do que era o “meu mundo”, a minha realidade.
Todavia, essa escolha incluiu outro adendo: Eu nunca mais quero ser conveniente ou útil na vida de ninguém. Eu nunca mais quero ser o braço direito, esquerdo, o ombro pra chorar, a âncora, a mulher forte ao lado do batalhador, nem nada dessas falácias que textos românticos dizem que é “belo”. Eu quero ser vista apenas como alguém. Alguém especial, é claro, (afinal, estou tratando de mim e eu sei de meus méritos nesse mundo de valores invertidos e perdidos).
Eu quero estar ao lado de alguém que pegue forte na minha mão e que confie no que eu sinto, e, principalmente eu quero amar alguém sem precisar lhe conceder perdão diária ou semanalmente, eu quero amar alguém que não precise da minha paciência porque não consegue controlar a falta da sua. Eu decidi que quero ser uma inutilidade útil na vida de quem eu amar, enfim quero ser útil apenas para isso: Para amar e respeitar, para ser amada e respeitada, só isso. Nada mais.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de maio de 2010.

Aquilo que me apavora.

Aquilo que me apavora.

Às vezes a gente se assusta com a vida, ou melhor, a gente se assusta com as pessoas. Todavia, pior que levar uns sustos com o jeito de alguns seres humanos é quando o susto se transforma em pavor. Daí o negócio complica e o nosso único destino será a solidão interior, a falta de ter a quem amar e a falta de ter quem nos ame e respeite.
A gente se decepciona com as pessoas pelo jeito que elas são e, às vezes, pelo que nós esperávamos que elas fossem, daí é aquela queda do cavalo no qual quem envergou para o lado errado fomos nós. O trote do animal só favoreceu o tombo óbvio.
Mas, muitas vezes a gente não se ilude, a gente apenas espera do outro atitudes honestas, justas e sinceras como as nossas, e é ai que vem o susto: Existem pessoas que esqueceram que as outras possuem coração e ignoram por completo a alma por trás do corpo. E isso dói, ser enganado, iludido e ludibriado afetivamente machuca o coração daqueles que ainda possuem um batendo dentro do peito.
Quem não quer ter alguém em quem confiar? Quem não quer ter alguém com quem se possa fazer tudo e nada sem receios de criticas vãs? Quem não quer amar, ter uma pessoa leal e que lhe ame na mesma intensidade dentro e fora da cama? Bem, eu sou uma pessoa realmente teimosa.
Apesar de tudo o que já vivi, apesar de todas as quedas lógicas e inusitadas que tive eu insisto em confiar que existem pessoas boas, pessoas capazes de amar e de voltar a confiar no ser humano apesar de seus sofrimentos pretéritos. A falta da capacidade de amar me apavora nas pessoas, o ver o outro como mero objeto e parceiro para divertimento me dá asco além de um terrível pavor.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de maio de 2010.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Agrados por conseqüência

Respeito à individualidade alheia. Eis algo tão simples, tão valoroso, que muitos sabem exigir, mas poucos conseguem dar. Ninguém é igual a ninguém neste mundo e não adianta querer viver “pregando” suas idéias como um padre, as pessoas só mudam suas opiniões quando e se desejam. Da mesma forma não adianta ser um presunçoso espiritual quer acha que apenas o seu ser, suas crenças e modo de vida estão corretos.
Pior ainda é desejar que o outro seja uma pessoa diferente da que ele é. Exigir que a pessoa sincera e objetiva se torne um “poço de agrados” que lança mel através das palavras para todos, por exemplo. Existem pessoas que não falam muito, mas, ao menos se pode escrever o que elas falam. São sinceras.
Outras, porém, adoram ser agradáveis, adoram ter fama de “queridas” e, para tanto, só faltam tornarem-se tapetes de porta de casa em dia de chuva. Eu sou do tipo sincera, franca, porém educada. Não faço nem nunca fiz nada para agradar à ninguém.
Em minha opinião “agrados” são conseqüência e não o objetivo de minhas ações. Vivo em paz com minha consciência, com meu humor e essência, se minhas atitudes irão agradar a quem amo, ótimo, se não, lamento, mas tudo o que faço ou digo é com base no que manda o meu coração, e, sinto informar, não adianta desejar que eu mude esta característica, nessa questão eu sou eu muito bem resolvida e ponto final.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 17 de maio de 2010.

sábado, 15 de maio de 2010

Rastreadora de mentirosos

Rastreadora de mentirosos

Não sou nenhum exemplo de pessoa que nunca se enganou com outra na vida, aliás, por ser um bom tanto inocente já acreditei em promessas vazias e dei confiança a quem não merecia. Nada anormal.
Mas confesso que rezo todos os dias agradecendo a forte intuição que tenho, claro que ela eu lhe olvidei em certas escolhas que se mostraram negativas e terminaram marcando minha alma tal qual uma ferida infeccionada.
Todavia, uma experiência de engodo não generaliza uma vida de escolhas sensatas baseadas um pouco na razão e outro tanto muito maior na intuição. Eu percebo quando as pessoas mentem para mim, eis a verdade. Nada assustador como um “eu vejo pessoas mortas”, mas fato é que eu “vejo palavras mortas”.
Não serei falsamente modesta porque sou cronista. Sempre fui uma mulher bastante bajulada e agradada pelo sexo oposto, nunca me faltaram opções, quase sempre na mesma época mais de três (sei lá o que vêem em mim se é são os lábios e boca ou os tais “feromônios” agindo) e meu coração sempre me guiou para aquele que era mais sincero em seu apreço por mim e que, conseqüentemente não trairia minha confiança no quesito fidelidade e que, também não estava sendo desleal com ninguém.
Dizem que os homens temem mulheres inteligentes eu não acredito muito, do contrário muitos deles jamais chegariam perto de mim, nem tanto pela inteligência mas muito pela capacidade que tenho de “ler” o que esta por trás das palavras. Não nego que estudei Freud e até algum tempo era uma “expert” nos mecanismos de defesa do ego, mas não é apenas isso.
Além de tudo, a desconfiança latente afasta de mim qualquer possibilidade de desejar mais e bem querer a pessoa. Pois é, claro que minha vida nunca foi um mar de rosas, mas sempre fui, em matéria de fidelidade, respeitada pelas pessoas que escolhi para me envolver.
Aliás, acho que falta um pouco disso em boa parte das pessoas, por isso entram em relacionamentos fadados ao naufrágio. Logo, se eu pudesse vender um conselho seria o seguinte: Se você captou um buraquinho de mentira, de engano nas palavras daquele que (provavelmente só deseja sexo gratuito com você) pule fora na hora antes de se envolver e afundar junto com o barco imaginário da sua relação imaginária.
Sim, porque quem entrou na ladainha do outro foi você, então, por mais sem vergonha que ele seja, quem é que idealizou demais e se deixou enganar? Então querida: Out, out, out! Caia fora urgentemente e preserve sua pele macia, seus lábios sorrindo e seu corpo e alma tranqüilos sem desperdiçar pensamentos com quem, no fundo, não sente nada de valoroso por você.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 15 de maio de 2010.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fé na vida.

Fé na vida.

Eu sou uma mulher que possui aversão ao tal “voto de confiança”. Voto a gente tem que dar uma vez quando elege, decide se o candidato se mantém no poder lhe outorgando novo mandato eletivo ou o retiramos na segunda oportunidade de votação.
Acreditar de novo, crer novamente nas palavras de quem já nos decepcionou é quase tão perigoso quanto morar em cima de um morro no Rio de Janeiro em época de tempestades, ou melhor, acho que é pior que isso, é como carregar um 38 e brincar de roleta russa com um amigo imaginário.
Se alguém ou algo merece uma segunda chance na nossa existência é a vida, somos nós mesmos. Perdoar, perdoar e perdoar o outro exige demais de nosso coração, de nossa alma, exige um esforço que nenhuma pessoa que já nos fez chorar merece. A gente não deve entrar num relacionamento para viver relevando ou perdoando e isto sim, para sendo nós mesmos fazermos o outro feliz e sermos felizes, nada tão quanto os “românticos complexados” apregoam.
A fé, a esperança e o nosso amor pela vida e por nós mesmos sim, sempre serão merecedores de quantos votos de confiança sejam necessários até estarmos realmente contentes com nossa vida.
Não podemos desacreditar que existem pessoas legais, sinceras e leais, não podemos jamais fazer isso se não estaremos nos condenando: Nós é que não somos bons de coração, ou, por outro lado, nós somos egocêntricos e narcisistas mantidos na crença de que somos os únicos bons exemplares da raça humana que Deus manteve na terra.
Ora, existem pessoas boas, alto astral, sinceras, honestas, felizes, alegres e fiéis. Existem pessoas legais, pessoas como a gente, existem pessoas de alma pura e coração quente, cabe a nós acreditar nisso para, cedo ou tarde, atrairmos uma para nosso mundinho, para o espaço de nossa vida.
Eu tenho medo de quem desconfia demais, tenho medo de quem perdeu a fé na vida e nos seres humanos, eu tenho medo de quem se acha exceção e não olha para o lado com a mesma crença (a de que existem outras exceções!). Tenho medo porque quem é assim ou é totalmente egocêntrico ou totalmente maldoso, tais quais as pessoas que aponta, desconfia e julga.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 13 de maio de 2010.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Você precisa de alguém que te dê segurança, se não...

Você precisa de alguém eu te de segurança, se não...

Creio que muitos devam ter ouvido a música que diz que “você precisa de alguém que te dê segurança, se não você dança”. Sempre gostei de homens que me fizessem sentir segura e nos quais eu sabia que podia confiar, ao menos, é claro em relação aos seus sentimentos e respeito para comigo.
Todavia cai do cavalo de minhas expectativas montada num animal que me deu segurança até que resolveu correr demais e me derrubar. Vários foram os estragos, mas isso não é nada incomum na vida.
Mas é fato que se a gente se arrisca com quem nos faz confiar e nos deixa seguros, mais ainda é o fato de que quem não nos deixa seguros nos afasta. Quando a gente quer amar, se envolver, a gente quer sentir a recíproca ou ao menos a falta de medo de se envolver do outro, do contrário, mulheres como eu, desistem.
Nesse quesito prefiro me arrepender do que não fiz a ser mais uma mal amada chorando pelos cantos do mundo. Considero-me boa, altiva e auto confiante demais para sofrer por quem tem medo de se envolver, de se entregar a doce loucura da paixão. Se isso me dói? Claro que sim, mas muito menos do que a dor do ter se entregado, se doado e se apaixonado sozinha.
Os relacionamentos funcionam simbioticamente, não se pode acreditar em paixão unilateral porque isso sim é loucura, além de indicio de pouco amor próprio. Bom é ter alguém que esteja preparado para a paixão e para o amor, alguém que não guarde ranços de relacionamentos pretéritos, alguém que queira você pelo que é e não pelo prazer que possas dar.
Claro, que às vezes quem te dá segurança te faz dançar também, ou melhor, te faz cair no meio do baile da vida, mas e daí? É preferível essa decepção a se entregar numa relação em que você pisa em ovos o tempo todo e quando cai o mínimo que acontece é virar uma omelete gigante que se levanta suja, imunda, machucada e triste.
Cuide bem do seu coração, não entregue nem seu corpo nem sua alma para quem não demonstra verdadeiro carinho por você. Não existem fórmulas para relacionamentos bem sucedidos, mas existem palpites para evitá-los. Eu dei o meu.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 13 de maio de 2010.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Quem é você?

Quem é você?

Quem você é na vida? Hoje, você é o mesmo que era há alguns anos atrás, atualmente você tomaria as mesmas atitudes que tomou há algum e tempo e, tenho certeza, chorou muito de arrependimento depois? Quem, pois, é você?
(Não quero parafrasear Renato Russo: “Não é a vida como é e sim as coisas como são”, ou nenhum super poeta de vida desregrada embora concorde em muitos pontos com eles, mas de uns tempos para cá ando concordando mais com o Roberto Carlos, Andrea Bocelli, Lupicínio, Julio Iglesias, Zezé di Camargo, Lionel Richie, e companhia (i)limitada. Deixei as poesias do rock para a poesia do amor por ter um coração carinhoso que transborda calor e paixão, embora possa não ter a quem dá-la, no momento, é claro).
Ademais, eu acho que a frase do Renato é errada, e deveria ser escrita assim: Não é a vida como é e sim as pessoas como estão. Ora, gente! Nós mudamos, nós estamos assim hoje, e seremos outros amanha se quisermos é claro, se for para nosso bem, se nos convier, logicamente! As “coisas não são”, como as pessoas, tudo na vida “esta” e pode mudar, depende de seu escritor, ou seja, depende do homem que é quem escreve o seu futuro, o seu amanha, depende do ser humano que é o autor de seu futuro.
Não adianta remoer o passado e deixar a vida passar, não adianta se imergir no medo de que “tudo aconteça novamente”, de que a dor o assole, de que o engano o prejudique. Não adianta pensar no que morreu, e lamento te dizer, mas o passado já morreu, ademais, se fosse tão bom assim, ele não seria presente? Não é melhor erguer a cabeça e olhar para o que a vida tem a lhe oferecer agora? Com racionalidade, obviamente porque o ser humano tem o hábito de “inventar” pessoas dentro de si, elas idealizam demais, e depois ainda reclamam de se “decepcionar” muito (que redundância psíquica!).
Releia com as lentes da realidade tudo o que ocorreu em sua vida e procure em seu íntimo as razões para ter tomado as decisões que julgas, hoje, terem sido erradas. Se na época as julgou corretas é porque, de acordo com a tua sabedoria em tal tempo elas eram justas e adequadas. Não adianta lamentar e reviver a frustração, corra, isto sim, para bater na porta do futuro e jogue fora a chavezinha enferrujada do teu passado.
Mas, voltando ao assunto sem tergiversar: A gente muda, a nossa energia muda. Não é o tempo que muda a vida, somos nós que com o passar do tempo (melhor amigo da dádiva da vida) mudamos, sofremos, crescemos, evoluímos.
A nossa busca talvez seja pela constância: Um trabalho que amamos, uma companhia que nos faça feliz, um lar amoroso, um quarto que inspira paixão, todavia é na inconstância da vida que crescemos, que evoluímos e que, certamente, podemos dizer que o que somos agora não era o que poderíamos ter sido há pouco ou muito tempo atrás.
A dor modifica nossas vibrações, a amargura das decepções muda nossa energia, o aprisionamento de nossa alma por quem se diz apaixonado e nos escraviza e sufoca termina com nossa força psíquica, com nossa energia corpórea. O ser humano é muito mais que um corpo magro, gordo, lento, ligeiro, alto ou baixo.
O ser humano tem uma mente, uma alma, um espírito, um corpo energético que poucos conseguem captar e que, certamente, atrai o que a ele se assemelha. E é por isso que o tal do “cuidar de si” envolve muito mais do que manter as coxas duras, a cintura fina, a pele lisinha e o bumbum sem celulite.
A gente tem que cuidar de nossos pensamentos, a gente tem que cuidar de nossa energia, de nosso ambiente, desprezando o que nos machuca, ainda que, após o período natural de sofrimento (sim, porque o homem consegue se acomodar até com o que não é o que realmente almeja) tenhamos que nos reconstruir, repensar nossas ações, reler, com base na realidade e sem auto- engano os nossos pensamentos, nos perdoar e nos reencontrar.
É fácil ler livros de auto-ajuda, livros de filosofia, Dalai Lama, Bíblia, livros sobre teorias tibetanas, budistas ou Kardecistas, é fácil embasar nosso ser, nosso sentir e nosso Eu com citações de grandes mestres da religião ou da filosofia; difícil mesmo é fazer uma viagem interior para se redescobrir, para se perdoar e ir além do que “estávamos sendo” outrora ou do que “estamos sendo” neste momento para nos tornar o que realmente desejamos ser e significar na nossa existência e na daqueles que merecem o nosso amor, a nossa entrega, a nossa (boa) energia.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 12 de maio de 2010.

Aqueles que não dormem.

Aqueles que não dormem


Eu conheço gente que não dorme de noite. Gente que perde o sono, que toma remédios para dormir. Médicos chamam de ansiedade, eu duvido disso muitas vezes, afinal seguidamente meu corpo esquenta, fico ansiosa por alguma coisa, por algum desejo, mas eu durmo, ainda que vencida pelo cansaço ou lendo um livro enfadonho. Desconfio, pois daqueles que não dormem.
Quando a noite chega a solidão bate, não necessariamente em nossos corpos que podem estar desejosos por um par de pernas para enroscar as nossas, um braço para nos apertar, enfim não especificamente para nossa o nosso “eu consciente” e racional.
Quando a noite chega a nossa alma, a nossa consciência perde o entretimento, a fuga, ao menos, é claro que passemos uma noite vendo televisão, tomando vinho, ou algo assim. O fato é que ao fechar os olhos a janela de nossa alma se abre.
E quando ela abre não poucos visualizam o mal que estão fazendo ou que já fizeram na vida: O amor não dado, a falta de carinho, a desonestidade, o logro, o prejuízo ao amigo ou ao cliente, e tudo aquilo que todos sabem que é imoral, do que, inclusive, podem até se envergonhar, mas para “inglês” ver. Eles têm medo de serem descobertos, mas não tem decoro nem compaixão para deixar de fazer e é por isso que, no silêncio da noite, a sua consciência grita. A consciência é a voz de Deus latejando dentro do homem, é a voz Daquele que é justo e que deseja que ninguém faça ao outro o que não deseja para si mesmo.
Cuidado com aqueles que não conseguem dormir à noite, cuidado com quem coloca a cabeça ao travesseiro após um fatigante dia e não consegue dormir tranquilamente. Se o problema não for excesso de energia física acumulada, se o problema for, na verdade, ficar de olhos abertos “pensando e pensando”, é um mau sinal.
É sinal de passado sujo e presente poluído, porque os fatos podem passar, mas o Juiz de nossa consciência nunca deixa de tentar nos acordar, de tentar despertar a nossa moral, a nossa parte bondosa e ética, o nosso eu íntimo e escondido por trás de mil desculpas esfarrapadas para justificar o que obviamente se chama de “consciência pesada”.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 12 de maio de 2010.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Sexo, prazer e confirmação de afinidades.

Sexo, prazer e confirmação de afinidades.

Amanheci a fim de falar sobre sexo, sobre o fazer amor sem pudores, sem vergonha, sobre o indescritível prazer do gozo com quem nos agrada indecorosa e explicitamente na cama, e, também nos desperta o interesse, apreço e ternura fora dela. Perdão aos puritanos, mas a liberdade de expressão me defende, ademais decoro e pudor é bom na moral e na ética, não entre quatro paredes.
Sexo é assunto complexo. Ou melhor, fazer amor bem feito com quem a gente tem plena afinidade física é assunto complexo, melhor dizendo: É coisa rara, muito rara, raríssima! Não sou a mulher mais experiente do planeta no assunto, mas certamente sou uma boa ouvinte e o que é bom me interessa.
Os homens, em geral têm muitas parceiras na vida, mas a grande maioria que conheço teve uma ou duas com as quais realmente tiveram o “encaixe” perfeito. Não quero adentrar no detalhe do amor ou não amor, mas creio que quando as duas pessoas conseguem se encaixar sem que nenhuma tenha nada a mais para pedir, sem que nenhuma reprima desejo algum, há sim alguma coisa muito especial entre essas pessoas, do contrário porque a afinidade neste aspecto é tão rara? Alguém me explica, porque uns marcam e outros são esquecidos na manha seguinte?
Tem gente que acha o assunto vulgar, eu não. Inclusive acredito que o sexo perfeito, com aquela pessoa que nos agrada e nos arrepia da cabeça aos pés é um belo indício de que existe entre o casal algo mais especial, ou é qualquer pessoa que te faz perder o chão ao falar ao pé do seu ouvido (para dizer o mínimo)? Bem, minha “teoria” não se aplica em todos os casos, mas sei que capta uma boa maioria.
Pois bem, o bom sexo se relaciona muito com a gastronomia vez que, em ambos, o “chef” não pode ter medo de usar novos temperos e a boca, a língua e sua sensibilidade, o paladar, além do olfato, são os sentidos fundamentais (caros puritanos podem parar de ler ou de blasfemar, peguem a Bíblia que pode lhes agradar mais que este texto).
Todavia cada um tem o seu jeito. E é ai que entra minha teoria de que a comprovação de plena afinidade sexual comprova algo que pode ir muito além do simplesmente carnal. Muitos não se soltam, muitos não gostam de temperos, muitos não são bons “gourmets” na área sexual: Feijão, arroz e bife, todos os dias, o trivial bem feito e pronto, estão felizes. Nada contra, mas existem aqueles mais quentes, mais ousados, que gostam de tudo em sua intensidade máxima, em seu calor extremo, com seu melhor tempero.
E é por isso que poucas pessoas marcaram a sua vida meu rapaz, minha amiga. Porque fazer amor é algo muito especial e “fechar” na cama com alguém de forma plena sem que um precise “fazer para agradar” (você acha que aquele que cozinha porque “tem que cozinhar” faz comida tão saborosa quanto aquele que faz pelo prazer de fazê-lo?) o outro e sim porque ambos gostam (gozam), porque ambos se entregam é algo muito, muito raro, então, embora exista uma distância grande entre o carnal e o espiritual eu ainda creio que o ato de fazer amor com entrega ajuda a gente a perceber se o pretendente, se o amigo, ou se o “namoradinho” pode ser alguém com quem possamos passar bons, gostosos e prazerosos momentos, sim, porque presumo que haja um caminho entre o conhecimento, a admiração e o sexo.
Se os dois primeiros forem bons e o último for, a seu critério, perfeito, se te causar sensações orgasmáticas praticamente cósmicas e surreais agarre o vivente com unhas, dentes, boca e língua, ou como preferir, mas não deixe de aprofundar o conhecimento para não se desapontar depois.
Caso a recíproca inexista e só você tenha curtido – ou vice versa e versa e vice- pegue um livro, tome um banho frio e desista. Quem sabe por sorte um dia você agrade e seja agradado na mesma medida (Então, repito: Agarre de vez o ser humano privilegiado!). Precaução afetiva nunca é demais, mas fazer amor de primeira categoria também não, todavia não existem segredos para isso, apenas o “deixar rolar”, o se entregar no momento e sentir na pele (e no âmago do seu ser) tudo o que há entre você e o seu escolhido na hora “h”.
Tempere sua razão com boa dose de emoção e se entregue plenamente a quem lhe apraz e a quem lhe merece dentro e fora da cama, à quem lhe dá o prazer de bons orgasmos e, também a deliciosa alegria de um bom papo regado a um vinho de qualidade. É, tudo é bem mais complexo do que pode parecer, mas vale a pena sempre, a vida é uma maravilha que vale cada segundo.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 11 de maio de 2010.

"A Síndrome dos pais injustiçados"

“A Síndrome dos pais injustiçados”

Não sei por que, mas sou uma das mulheres que mais deve atrair homens com a “síndrome dos pais injustiçados” neste mundo, tanto como amigos como pretendentes.
“Síndrome dos pais injustiçados” é o sentimento que alguns homens possuem de terem sido “golpeados” por mulheres que engravidaram sem a sua anuência, sem o seu conhecimento e, principalmente, sem a sua vontade, praticamente todos os lamentos são os mesmos: A mulher era interesseira, se quisessem ter tido filhos teriam com a ex com quem tinham mais afinidades, foram vitimas do golpe da barriga e se tornaram meros fornecedores de alimentos.
Transar com uma mulher por mero prazer não faz com que um homem a ame, menos ainda que deseje ter um filho (algo tão especial) com ela, todavia, só o que digo para vocês, homens queridos, é que se “acontece” é porque tinha que acontecer, é porque aquela alma inocente que veio ao mundo tinha que ser teu filho meu amigo com aquela mulherona admirável ou com aquela “zinha” com quem você só queria satisfazer seu desejo sexual.
Todavia, o fato é que mesmo que a mulher o tenha usado como INSS Temporário o filho não pensou isso ao escolher o teu espermatozóide lépido e faceiro para fecundar o ventre da mamãe dele e também não sabia das intenções boas ou más que ela tinha (se é que realmente as possuía).
Nada acontece por acaso, não por menos casais apaixonados e saudáveis tentam ter filhos durante anos e não conseguem e, de repente, por exemplo, separam-se e logo a mulher, já encantada com outro, engravida. Ninguém nasce filho deste ou daquele pai por infortúnio, podem me criticar, mas esta é minha crença, por tráz de tudo que chamamos de coincidência existe uma razão cósmica, metafísica.
Pois bem, queridos papais que se sentem injustiçados, façam uma releitura do seu passado e saiam da posição de vítima. Vejam que naquele momento você estava desejando o corpo daquela que gerou seu filho, se você se preveniu e mesmo assim “aconteceu”, ótimo! Era para ser, não lamente nada que o dinheiro pode pagar, sinta apenas por aquilo que ele não pode arcar, como sua saúde, por exemplo.
Era para acontecer, e pronto. Mas, se você nada fez e apenas “confiou” na lady, bem, com licença mas não reclame porque poderia ter sido HIV, HPV, hepatite e outras doenças e não uma vida que, quiçá futuramente seja aquela que lhe traga orgulho e ternura tão imensos que nenhum individuo no mundo lhe deu.
Quem sabe seu filho indesejado não seja um grande escritor, um grande inventor, um político honesto e revolucionário, um mártir, um profissional admirável, ou, simplesmente aquele que, quando você estiver na solidão da velhice venha a pegar sua mão, beijá-la e agradecer por ter tido você como pai e pela vida que teve, graças, certamente, a tua importante e indelegável contribuição biológica.
Avante queridos, filhos desejados ou não, podem onerar o bolso, mas podem se tornar a maior preciosidade de suas vidas depende de seu amor e da forma com que vai encarar ou passar a encarar que nada no mundo acontece sem algum motivo, independente de você conhecê-lo. Resigne-se ao fato de que é impossível saber todos os mistérios da vida e embarque nela sem medos, sem traumas, apenas com a imensa vontade de ser feliz sendo grato por todos os momentos que Deus lhe oportuniza para isso.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 11 de maio de 2010.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A melhor pretensão humana


A melhor pretensão humana

Li num livro de algum de meus filósofos preferidos (Nietzsche?) que ser amado é a maior pretensão que o ser humano pode ter. Realmente, tendo em vista que o amor é o maior dos sentimentos, desejar que os outros o sintam por nós é um anseio de ordem astronômica. Amor se conquista, surge quando existem afinidades, simpatia, nasce daquilo que chamo de "convergência de almas". Se ser amado é a maior pretensão do ser humano, ser respeitado é a melhor.
"Respeito é bom, e eu gosto!". Quem nunca ouviu essa frase, ou não nasceu neste planeta, ou morreu ao nascer, ou, simplesmente, não sabe o que a palavra respeito significa. Respeitar aos demais demonstra leveza de alma, amor no coração, não amor a quem se respeita, vez que se deve respeitar à todos e, via de regra, não amamos quem nos é demasiado diferente, ou, por algum motivo nos feriu, mas podemos e devemos respeitar estes seres com sua individualidade e forma de ser, pensar e agir divergente da nossa.
Dou-me o direito de adaptar a menção de Cristo ("amar ao próximo como a si mesmo), para: "Respeitar ao próximo como a si mesmo". Enfim, não fazer ao outro o que não se deseja para si, não tratar com hostilidade, não humilhar, não desejar ou fazer o mal, simplesmente, respeitar e tentar compreender que as pessoas são diferentes entre si e que é ato demasiado orgulhoso crer-se aos outros superior a ponto de somente "aceitar" e "respeitar" quem consigo se parece. Falta de amor indicia infelicidade, falta de respeito indica primitivismo psíquico, ignorância de alma.
Não acredito naqueles que "dizem que amam", acredito naqueles que respeitam os sentimentos e a forma de ser alheias, porque quem não respeita, não tolera diferenças, e quem não sabe ser tolerante, via de conseqüência, não sabe amar verdadeiramente. Respeitar é aceitar, relevar, amar é tolerar até mesmo "pequenos desrespeitos". A tolerância, assim como o amor entre as pessoas (em especial entre casais), pode findar, contudo o mais importante é que o respeito não termine, porque se isso ocorrer os indivíduos passam a se sujeitar à muitos sofrimentos.
Quem rejeita alguém por não aceitar as diferenças, quem deseja se "apossar" de outrem, das idéias e dos sonhos de outra pessoa, quem deseja impor sua vontade acima de tudo sem aceitar a opinião alheia, infelizmente, age desrespeitosamente. E, aquele que não possui capacidade para respeitar demonstra ausência de amor na alma, se demonstrando incapaz de amar. Respeitar é aceitar o oposto, é entender que cada ser é livre em sua existência: livre para pensar como lhe convém, para dizer o que acha correto, e agir como acha justo, sempre, obviamente, respeitando o mesmo direito do outro.
Respeita a si mesmo quem se conhece, quem sabe o que deseja, que se ama e possui amor no coração, quem possui uma alma liberta, e, desta forma, compreende as diferenças, não ignora às pessoas, mas sim às divergências na sua forma de pensar, aceita que, assim como ele é livre, todos o são, ademais apenas com respeito entre as pessoas é que a humanidade poderá se tornar um pouco mais humana, porém, menos errante.
Respeito é um ato de humildade, é preciso se auto-analisar e se modificar antes de pretender analisar aos demais ou lhes modificar, antes, inclusive, de desejar uma mudança mundial, pois se o "mundo interior" dos indivíduos esta mal a ponto do desrespeito humano ser tão grande, é impossível haver um desejo genuíno de um mundo "exterior" diferente, enfim, melhor.



Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 26 de outubro de 2005.

Eu e meus gatos.

Eu e meus gatos.

Conversava com um amigo sobre o meu gosto por bichinhos de estimação, afinal tenho dois gatos, o persa Eros e o himalaio Zeus. Existem pessoas que não gostam de ter animais de estimação em casa, nem mesmo uma tartaruga (até concordo porque te-las ou não só muda o trabalho com a limpeza de seu ambiente).
Como sempre fui uma criança um tanto sozinha apesar de ter vários amigos imaginários e poucos e bons na escola. Filha única criada em meio a adultos, meu sonho era ter um cãozinho porque que morava numa casa. Nunca ganhei um, meus pais e em especial minha mãe detestava a bagunça e o cheiro que podiam fazer (o que também não discordo, é um ônus para se ter um amigo que não fala, mas que sente mais do que muitos humanos).
Quando estava no final da minha faculdade e residia numa chácara achei uma gatinha e a adotei: A famosa "Fifilinda", minha companheira. Percebi, pois, que a minha necessidade, apego e amor aos animais se acentuou na medida em que eu me decepcionei com as pessoas e passei a me sentir mais imersa no vasto mundo dos meus pensamentos e sentimentos infinitos e doces.
Mas, para quem dar tanto amor? Para as pessoas que me cercam? Óbvio, mas às vezes a gente tem amor transbordando no peito, pela vida, pelo mundo, tem fé e esperança, tem carinho demais para dar, então nunca mais fiquei sem um bichinho de estimação. Meus gatos me entendem pelo olhar, oferecem a patinha e o calor de seus corpinhos peludos nos meus momentos de lágrimas e arrependimento e pula, deitam e rolam na minha cama comemorando minhas grandes risadas.
Tenho pessoas para me confortar, para me abraçar e acarinhar. Todavia, sou uma pessoa que aprendeu e cresceu sem muita companhia: Eu sei o prazer que tem rir sozinha no quarto ouvindo uma bela canção e chorar sem que ninguém veja. Sentir o que é só meu, minha alegria estupenda, minha decepção profunda, meus lamentos e minha tristeza, quem testemunha? Os meus bichanos carinhosos. Este é nosso segredo: Eu rio sozinha da vida, e às vezes derramo lágrimas na solidão do meu quarto por motivos banais. Eu sou feliz, sou imprevisível, sou eu mesma junto à eles que sentem isso e, certamente, jamais vão julgar, criticar e fofocar sobre minha vida para ninguém.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 07 de maio de 2010.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Casamentos Curtos

Casamentos Curtos

Gente que não tem com o que ocupar a mente adora falar mal da vida alheia, logo "as pessoas públicas", políticos, atores, cantores, pseudomodelos, manequins e afins são seus alvos preferidos para passar aquelas horinhas esquecendo-se do que lhes espera em casa enquanto lhes criticam, da mesma forma fazem com a vizinha da esquina, a moradora do segundo andar. Pois bem, comentário da vez: Como duram pouco os casamentos dos artistas, como o da atriz Deborah Secco.
Querem saber, como recém separada e como meu "(in)sagrado matrimônio" (apenas civil, graças à Deus!) durou apenas um mês a mais do que o da beldade eu quero escrever algo: Danem-se! Casamento dura quando tem amor, cumplicidade, respeito, harmonia, afinidades em cima e fora da cama (sempre, e não só no namoro!). Quando nenhum dos cônjuges quer se impor ao outro, quando nenhum grita com o outro por qualquer coisa e justifica que esta estressado, quando nenhum sai beber com os amigos e termina enroscado em "modeletes" (seriam garotas de programa?) maria chuteira, quando nenhum quer mandar na carreira e na vida do outro menosprezando seu trabalho porque é menos rentável. Enfim, quando há harmonia, empatia, respeito e nunca humilhação e violência, ainda que verbal, porque essa pode doer muito mais do que a física!
Durou pouco? Sim, para o bem dela, para o meu também e de todas as mulheres corajosas que mesmo diante do preconceito de uma sociedade alienada e pouco culta age em prol de sua própria paz de espírito e felicidade. Se sofremos? Sim, quem quer datar o casamento em 03/04 de um ano e pegar a averbação da separação em 07/04 do outro, por exemplo? O ato de casar envolve esperança, vontade de construir uma vida junto, uma família, envolve confiança. Confiança numa pessoa que a gente passa a desconhecer logo depois que assina o papelzinho.
Existem detalhes de que ninguém se livra: As descobertas que surgem apenas após o "sim", e essas variam muito, desde a desonestidade do outro, a personalidade bipolar, a agressividade, a possessividade, a tendência à vícios variados e várias outras coisas que antes, se omitidas eram, vinham acompanhadas da afirmativa crível até por um anjo de mudança e evolução "pelo e por amor", mas depois confirma-se o engodo.
Então, caro povinho linguarudo de plantão se for para criticar a moçoila referida ou qualquer uma pensem duas vezes. Elas, ao menos, não se entregaram ao medo do novo, do recomeço e de tentar ser feliz. Elas certamente não se sentam no salão de beleza para arrumar as melenas enquato falam mal do marido relaxado, desatencioso, grosso ou mulherendo.
Se vale a pena casar? Creio ainda que sim, felicidade não se mensura em tempo, mas a tristeza sim, - a partir do momento em que a infelicidade (ou melhor, o descontentamento) se tornou regra na relação o negócio é chutar a bola bem para a frente e mudar de campo em busca da auto realização, e, é claro, da possibilidade de ser feliz com maturidade sozinho ou ao lado de um novo amor. Discorda? Não nos interessa, a gente só quer ser feliz, o resto, é, simplesmente, o resto e aconselho à você cuidar do resto da sua vida antes que venha um vento e leve ela pra bem longe. Deus deu a cada um a sua existência para cada pessoa dela cuidar, não esqueça disso.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 06 de maio de 2010.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Atitudes impensadas

Atitudes impensadas

Cuidado com as palavras que você usa, mesmo que elas se direcionem a "defender" quem você ama ou à você mesmo. As pessoas dignas de nosso amor não nos permitem humilhar ou pisar nos outros por mais que os desprezem. Cuidado, pois, com quem se diverte ao macular, ferir ou partir corações, seja através de suas próprias palavras, seja através daquele que lhe faz companhia.
O ser humano é racional, portanto deve pensar, sopesar os efeitos que suas palavras agressivas e ofensivas terão na alma e no coração do outro, não poucas vezes quebramos cristais sem nunca mais conseguirmos remenda-los graças à nossa própria empáfia e ignorância por achar que "naquele momento" era certo e deveríamos trocar "os pés pelas mãos".
Quem troca os pés pelas mãos é cavalo e boi e até onde eu sei nenhum deles pensa (nem possuem mãos!). Portanto, passe a analisar a situação em que esta por mais que seus nervos não sejam de aço, por mais que seu sangue esteja quente. É preferível silenciar a colocar um futuro relacionamento ou uma relação de verdade a perder pelo fato de não sabermos mensurar nossas palavras e atos.
Não olvidemos de dar carinho, de deixar quem amamos com um gostoso beijo, de apertar a mão e dar um abraço de urso em nossos amigos, não deixemos de mostrar nosso nível psíquico através da cordialidade, até mesmo com quem desprezamos. Jamais vamos nos arrepender de termos sido elegantes, respeitosos educados, pelo contrário, podemos lastimar uma vida toda uma atitude estúpida e impensada.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 05 de maio de 2010.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ficantes, fornecedores e namorados.

Ficantes, fornecedores e namorados.

Faltando dois dias para o "dia dos namorados" ouço anúncios dizendo que "ainda dá tempo para encontrar o seu amor", indicativo da incitação ao consumismo para que as pessoas gastem comprando presentes para seus amores num belo quadro de "romantismo capitalista". No entanto, tais "indícios" são suficientes para me provar que a maioria das pessoas deseja uma companhia, deseja um amor, ou, enfim, como a frivolidade domina o mundo e o amor verdadeiro é por desacreditado por muitos, desejam alguém "para chamar de seu" (como diria o Erasmo, ou seria o Roberto?) e com ele passar momentos agradáveis, desejam, pois, no mínimo alguém que lhes leve a "sério".
Recordo-me de uma música chamada "Já sei namorar" que era cantada nas "baladas" (reinos dos corações solitários e dos corpos "caçadores”) ecoando a frase "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". Creio que esta não seja uma verdade, mas apenas uma forma de pensar que temos quando somos imaturos e desejamos apenas nos divertir, beijar (ou algo mais) e ter alguns rolinhos para "passar o tempo". A partir do momento em que nos tornamos mais maduros passamos a verificar quão solitários somos e a falta que nos faz ter alguém para conversar, alguém com quem podemos contar nos momentos difíceis, e para o quem podemos ligar para contar uma noticia que veio nos felicitar. Alguém que seja mais do que uma companhia...Que seja nosso verdadeiro companheiro!
Ora, mas e os "ficantes"? Sempre digo que o ser humano adora dar nome e significado as coisas, inclusive para aquelas que nada significam. Sendo eu humana estabeleci a "Teoria das Relações Vãs" que separa as pessoas em as que "ficam", enfim aquelas que se comunicam, conversam, saem juntos para jantar, ver um filminho, e possuem uma relação carnal (sexual ou não), mas não tem entre si nenhum compromisso afetivo mais sério, nenhum comprometimento romântico, e as que "fornecem", sendo estas aquelas que não se conversam durante longos períodos, não se telefonam, não possuem vínculo pessoal, mas que, no final de mais uma noite vazia, regada a cerveja ou bebidas alcoólicas afins, quando a razão (que já é pouco utilizada comumente) esta ainda mais parca, fornecem-se "mutuamente". A mulher "dá" para o homem e o homem "dá" o que a mulher quer: Sexo. Se bom ou ruim depende do teor alcoólico ingerido e do exibicionismo particular, afinal, uma pessoa de relativa (in) competência tentará "dar" o seu melhor para não ser "mal conceituada" haja vista que a relação se resume a satisfação de necessidades físicas, ademais assim como o mendigo se acostuma a comer pão velho estas pessoas se acostumam com transas casuais, eventuais com intimidade ausente e sem aquele intenso sabor de entrega plena e despudorada.
Na relação de "fornecimento sexual", além da imaturidade e carência, ambos "fornecedores" agem demonstrando pouca auto-estima, vez que ambos se ligam de forma imediata a tal agir que de racional nada tem, afinal baseia-se na satisfação de necessidades físicas e na demonstração aos outros de que "eu conquisto mais mulheres" ou "eu atraio mais homens".
É o ser humano agindo como os irracionais. Ora, o homem não esta "conquistando" a mulher, apenas conseguindo fazer sexo com uma pessoa carente como ele, vez que, se valorizasse seu "patrimônio" físico e intelectual não iria desperdiçar tempo para transar com uma pessoa pela qual nada sente além de atração que, diga-se, é potencializada com o teor alcoólico constante no sangue. Da mesma maneira a mulher não esta "atraindo" um homem interessado nela como pessoa, como ser pensante (?), mas apenas um ser que vê nela uma presa razoável para satisfazer seus desejos. Razoável porque bonita? Nem sempre. Razoável porque fácil, afinal cada dia que passa as mulheres se vulgarizam mais. A vulgarização e a promiscuidade entre os sexos aumentam na exata proporção em que sua auto-estima e amor próprio diminuem.
Pois bem, elucidada a tese dos "fornecedores", cabe apenas dizer que os "ficantes" são os que estabelecem uma relação que "antigamente" chamava-se "amizade colorida", ou seja, uma espécie de "prévia de namoro", que poderá não fluir impedindo que a amizade continue, porém sem a coloração dada pela "expectativa de algo mais sério". O sexo não precisa ser realizado, basta a troca de beijos e carinhos com uma pessoa durante certo tempo, e que exista entre elas idéias em comum, e, portanto uma interação intelectual além de física o que é inexistente entre os que "se fornecem".
Pois bem, mas e o namoro? E a critica ao "não sou de ninguém"? Pois bem, manifesto que o tal “não ser de ninguém" cansa, é enfadonho e envelhece porque ninguém que aprenda a utilizar-se da razão (que mesmo sem fazer uso sempre afirmou possuir) desejará ser "fornecedor" toda sua vida. É bom namorar e se comprometer com alguém. Comprometer-se, afinal não é o casamento que significa compromisso, mas o namoro entre duas pessoas que se amam, posto que não existe amor sem respeito e sem fidelidade. Sempre digo que o remédio para uma mulher frívola e para um homem "mulherengo" é amar alguém. Porém, o verdadeiro amor ao outro apenas ocorre após o ressurgimento ou nascimento da auto-estima e do amor próprio, sem estes a pessoa é incapaz de amar verdadeiramente e, pois, de doar-se.
Ao contrário das demais relações fúteis o namoro implica em doação, pois, parte-se do pressuposto da existência do amor e este remete à doação de atenção, de sentimentos, e a realização de algumas mudanças, afinal aquele solitário que "não era de ninguém" passará a comprometer-se com alguém, e assim, a pensar nele e no outro, e não unicamente em si. Esta é a mudança que a maturidade e que, posteriormente, o amor traz: A abdicação do egoísmo, que logicamente ocorre gradativamente. Nem todo namoro implica em tais mudanças porque pessoas imaturas e incapazes de amar também namoram.
Enfim, como diria o poeta "bom mesmo é amar", e para amar de verdade é preciso outros atributos, dentre os quais o amor próprio e o auto-conhecimento que geram mudanças salutares na alma daquele que canta que "não é de ninguém" e que "é de todo mundo" e "todo mundo" dele é, mas na verdade não é, nem mesmo, de si próprio, porque age desprovido da racionalidade que crê possuir. Talvez, como dizem os anúncios ainda "dê" tempo de "encontrar" alguém para presentear na data dos namorados, mas, para encontrar um amor de verdade o tempo pode ser curto sendo importante que a pessoa se dê alguns dos maiores presentes que o ser humano se pode dar e que nada custa: A reflexão, a solidão pensativa e a valorização de si mesma.

Cláudia de Marchi

Passo fundo, 10 de junho de 2005.

Não te pertence.


Não te pertence

A vida não é dura, algumas pessoas é que são. Alguns indivíduos tornam seus corações duros, insensíveis e cultivam pensamentos críticos em demasia, inseguranças, receios infundados e desconfianças estapafúrdias e, para infernizar suas relações, costumam culpar ao outro e deles duvidarem, enfim, para amenizar sua dureza passam a atribuir aos outros suas características.
Aliás, normalmente o que mais nos “irrita” no outro são os defeitos que temos e deixamos recônditos porque não conseguimos, ou sequer tentamos extermina-los em nós, quer por medo, que, simplesmente pelo orgulho: “Nós perfeitos, eles defeituosos.”
E é nesse mar de confusão e dureza psíquica que surge a necessidade de afirmarmos seguidamente: “Licença, mas isso não me pertence”. Ora, como assim? Os defeitos que te atribuem não são seus, as características que te dão não são suas, e, principalmente, as alegações que desconfiam de seu caráter não pertencem à ele e sua forma de viver, agir e pensar a vida.
Mecanismos de defesa freudianos? Projeção? Talvez, mas esta análise compete a um profissional da área diante do de muitos indivíduos projetarem nos outros seus defeitos, características e falhas pessoais que tornam as relações tão duras e, muitas vezes, desequilibradas ao extremo.
Já escrevi certa vez que “desconfio dos desconfiados”, confesso que a cada dia que passa desconfio mais. Desconfio daqueles que não acreditam no que o outro diz, que tem ciúmes e receios homéricos, que pensam que o outro irá trair sua confiança sem ter motivo para tanto. Ou melhor, não “pensam” apenas: Agridem, são rudes e grosseiros.Desconfio porque essas pessoas têm a consciência pesada quer por atos do presente quer por fatos pretéritos: Quem traiu ou já pensou nisso alguma vez foi o outro, e para se “defender” culpam o outro, acham formas de atribuir à personalidade ou conduta alheia tal ocorrência. Para estes basta: “Isso não me pertence”.
Traumas passados, manias, dentre as quais a de se sentir vítima das atitudes alheias, medos, receios, pertencem, de regra, ao passado, presente ou inconsciente de quem acusa e não ao acusado. E é por isso que os desconfiados merecem desconfiança, afinal: “Os bons presumem sempre o bem dos outros, os maus, pelo contrário, sempre o mal: Uns e outros dão o que têm.”

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de julho de 2007

Bando de Traumatizados

Bando de "traumatizados"

O convívio humano nos cobra algumas atitudes e a evolução de certas virtudes, em especial da paciência. O preço acaba custando caro quando observamos a contraprestação que obtemos, por outro lado, o crescimento e a "fortificação" interior não têm preço. Ser compreensivo e paciente é, sem dúvida, um dom que se adquire e lapida com o decurso da vida.
Uma das dorzinhas agudas que a gente sente é a da "generalização". A de nos sentirmos julgados e apreciados como maçãs na feira onde os cheiros se confundem e ninguém aprecia cada uma com seu formato - crêem que todas são iguais e possuem o mesmo gosto.
As pessoas, portanto, direcionam sua forma de julgar, seus medos e receios de acordo com as experiências que tiveram e indivíduos que conheceram. Uma boa forma de definir uma junção de pessoas neste século é chamar-lhes de "bando de traumatizados". Todos trazem seus "trauminhas", singelos, fortes, fracos, ou inabaláveis, todo vivente tem algum, esperto é quem não se rende a eles e mantém a racionalidade e perspicácia para separar os frutos podres dos bons.
Quer admitam, quer não, as pessoas além de experientes se tornam "traumatizadas". Elas levam consigo a força adquirida com as experiências, uma dose (nem sempre) mais avantajada de maturidade, e uma listinha de receios que tentam mascarar delas próprias. É algo inerente ao ser humano: Esta "listinha" condiz com a forma de pensar que passaram a ter depois do que viveram, depois de passar pelos portos que passaram, muitos acabam pressupondo a similitude entre os outrora visitados, e os desconhecidos.
Mas, infelizmente, os traumas que servem como antídoto para várias misérias, podem, também ser os algozes da vida humana se mostrando inúteis e vãos. E, ora, ora, vejam só, quando isso ocorre? Quando se encontram pessoas fora dos "paradigmas" formulados, quando se vive situações que se mostrarão bem diversas das outrora experimentadas. Dai, se os "trauminhas" forem fortes eles não terão utilidade alguma, podendo causar pequeninas mágoas naqueles que não merecem a generalização, que não merecem serem enquadrados na “lista intima que taxa as pessoas como estas sendo assim aquelas sendo assado”.
Por outro lado todos sabemos que levamos conosco marcas: As marcas das experiências que vivemos, daquilo que vimos, ouvimos e sentimos na pele, é fácil compreender, portanto, as "gafes" alheias, mas sempre podemos aprender e esperar que os outros aprendam que o único paradigma invariável na vida é o da morte e sua concretização sem tempo pré-estabelecido, de resto, toda "presunção taxativa" é iníqua e passível de erro, além de séria quando fere o brio de alguém que se crê injustiçado por ser diferente dos outros e não merecer levar estigma algum.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 03 de novembro de 2006.