Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 30 de abril de 2010

O homem que vive morto


O homem que vive morto

O ser humano tem medo da morte, mas age como se acreditasse na própria eternidade. O homem vive como se fosse eterno e por isso se escraviza. Se torna escravo do trabalho, se torna escravo da ambição, se torna escravo do dinheiro, se torna escravo dos disparates do governo, se torna escravo de quem lhe quer manipular, seja ele o pai severo, a mãe castradora, a namorada ciumenta, o namorado paranóico. Os homens se tornam escravos de convenções sociais que não lhes fazem felizes, pelo contrário, corrompem a espontaneidade e a simplicidade que uma vida feliz possui.
O homem se escraviza pela hipocrisia, e, acima de tudo, seu carrasco é o medo. O ser humano tem medo de viver intensamente, tem medo de enfrentar seus medos, suas castrações, de superar seus limites, e ser dono de seu mundo, de sua vida; e, assim, nela se acomoda. Acomoda-se no casamento morno, no relacionamento afetivo que se resume em alegria na hora da excitação e que morre com o gozo, se acomoda e se omite, deixa que o hábito e a rotina lhe guiem e se torna um expectador da própria vida.
Exatamente: Um expectador da própria vida! Segue, faz o que os outros desejam para lhes agradar e parecer valoroso e nobre perante eles esquecendo-se de si. E, ainda assim, sendo um morto vivo o homem teme a morte.
O ser humano é uma antinomia em si: Teme a morte, mas tem medo de viver. Tem medo de ser livre, de dizer não quando não quer algo que a sociedade lhe incita a querer, tem medo de deixar algo para trás que não lhe faz mais bem, e segue a vida chamando-a de própria e vivendo para os outros (pensando na opinião alheia de forma que, inclusive a caridade que faz passa a não ser sua, vez que age com benevolência para ser "reconhecido" como bom) ou, apenas, escravizando-se para acumular valores pecuniários e materiais.
Se o homem passasse a encarar a morte como um fato certo e que chega de inopino, afinal, a vida espera nove meses para despontar no mundo, enquanto a morte não avisa e nem gosta de ser esperada, chega de repente e leva quem dizia que a temia, mas não aproveitou a vida que tinha, logo é uma surpresa certa, e reconhecida como tal o ser humano deveria valorizaria a vida- que é única- e passaria a se valorizar perante ela de forma a desvelar a liberdade de espírito para passar a viver bem, decretar-se liberto da hipocrisia, e do medo do julgamento alheio, e, enfim, do que mais lhe possa podar as asas para voar livre e alegre no céu da existência que possui, fazendo o seu paraíso em vida, posto que depois desta nada se sabe, e, com o que não é certo não se pode contar.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 02 de fevereiro de 2005.

A maternidade e a pena de morte às avessas.

A maternidade e a pena de morte às avessas.

Falamos em violência, repudiamos a criminalidade, tememos qualquer sofrimento, temos pânico de sermos vitimizados em um crime, desejamos segregar do convívio social os marginais (ou seriam marginalizados?).
Inúmeros de nós vislumbram a pena de morte como a única solução para terminar com o perigo social que os marginais reincidentes causam. Não nos é suficiente a possibilidade de longas penas, afinal perdemos a fé no Estado, na aplicação de penas posto que a única função que ela vem desempenhando é a vingança da sociedade com a privação da liberdade do individuo de tal forma que a tal possibilidade educativa da penalidade é inexistente.
Respeito quem defende a pena capital. Não entro neste assunto porque o que me interessa é o ponto primeiro e inverso não o término da vida de um ser infeliz, frio, mal criado, psicologicamente mal formado que pode ter nascido num berço sujo, numa família grotesca que o fez desconhecer o amor, ou pode ter nascido em berço lindo, em lençóis de seda, ter aprendido vários idiomas, ganhar um belo carro aos 18 anos, e, da mesma forma que o miserável financeiramente ter desconhecido o amor no seio da família.
O dinheiro compra agrados, compra comida, compra viagens, mas não compra amor, não compra diálogo, não compra afeição, não compra educação.Não compra uma mente saudável, pelo contrário, faltando atenção e sobrando dinheiro falta equilíbrio mental.Faltarão valores e surgirá uma mente volúvel, egoísta e impiedosa que não sabe lidar com as frustrações da vida.Nasce um ser fadado à desgraça, e à desgraçar vidas alheias porque não se amando é incapaz de amar.Incapaz de respeitar e de ver o outro como igual, ou, ainda que veja ele se despreza inconscientemente e, da mesma forma, ao seu semelhante.
Não adianta, apenas, pensar em matar um criminoso que viveu em tais condições. Devemos analisar a possibilidade de prevenção, enfim de não trazermos estas vidas ao mundo. Sim, de não deixá-los nascer.Controlar a natalidade?Legalizar o aborto?Não especificarei aqui minhas opiniões. Aborto é crime, mas muitos já nascem abortados, não foram desejados, são espezinhados na vida, o que me faz perguntar que futuro terá esta pessoa?Um ser que não teve amor desde o ventre materno poderá tirar vidas no futuro, ou não.São apenas hipóteses devaniosas, porém não impossíveis.
Ser mãe não é apenas levar um ser na barriga por nove meses, educar de forma alheia à realidade, dar tudo o que ele quer porque não suporta o choro, dar as bobagens comestíveis que deseja porque o almoço é refugado, dar a bicicleta porque estudou para uma prova, dar o dinheiro para o motel sem nunca ter conversado sobre sexo, sustentar os luxos sem nunca falar das dificuldades. São deveres de ambos os pais, mas enquanto um homem pode gerar 100 filhos em um ano, a mulher não, inegável que a maternidade tem um caráter mais especial e maculado.
A mãe é que tem o dom e a maternidade requer amar, requer dizer não, requer ensinar que a vida é feita de tantas derrotas, lágrimas e decepções quantos júbilos e sorrisos, é ensinar o valor do trabalho, da responsabilidade, de que existe deveres que não precisam de retribuição por serem cumpridos.Muitas preferem tapar os olhos e abrir a carteira do que conversar e compreender os problemas.Não deveriam ter gerado uma vida.Não deveriam...
E as pessoas pobres?O Estado deveria intervir. Controle total de natalidade! Sim, sou muito a favor. A opção por filhos deve deixar de ser estritamente pessoal para satisfazer desejos egoísticos de uma mulher solitária. Com o aumento da miséria, desemprego, crimes, impedir o nascimento de mais fadados à miséria é de interesse público. Evitemos para não termos que arcar com o custo do caos depois.
E nós - mulheres "classe média"? Pensemos mil vezes antes de gerar uma vida. É preciso maturidade, é preciso desprendimento, é preciso saber dialogar, saber amar com desprendimento para que criemos seres para um mundo em que muitas coisas estão “fora da ordem”, como diria Caetano Veloso.
Eis a pena de morte às avessas: Não gerar, não dar a luz a uma vida se não existe vocação para a maternidade, quer seja por ausência de condições econômicas, quer seja pela ausência de equilíbrio psíquico - é necessário refletir.No futuro, em relação às classes mais pobres o Estado deverá defender o "direito de não nascer", porque quem nasce em certas situações da mais completa “falta”: Carência de alimento, carência de conforto, carência de afeto, carência de amor tem o futuro direcionado ao desamor- Mãe doméstica e prostituída e pai operário e alcoólatra. Muitos nascem neste quadro. Será que não será o marginal de amanha?
É melhor defender o seu não nascimento do que apregoar a sua pena de morte 20 anos após o "estrago" ter dado o primeiro choro. Pois temos uma culpa latente em tudo isso, ainda que essa culpa derive de nossa alienação.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 15 de março de 2006.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sem regras.

Sem regras.

Quanto mais a gente goza dessa fantástica experiência de receber com entusiasmo as surpresas que nos surgem a cada dia em nossa existência (ou seja, quanto mais a gente vive de fato) mais nos tornamos cientes de que existe apenas uma regra na vida, qual seja a de que não existem regras para nada na existência humana. Casar com tal idade, ter filhos depois do casamento e de namorar anos, se formar e depois constituir família, educar os filhos nesta ou naquela religião, na escola pública ou privada, viajar pelo mundo ou se trancar em casa, enfim, nada, absolutamente nada pode ser seguido como regra que direcione o ser humano à boa ventura e a felicidade.
Basta observar a vida e, principalmente, ter vontade para ouvir os outros e humildade para compreender com o que se escuta e com o que é vivenciado para perceber quão surpreendente e "fora" do que presumimos pode ser a existência alheia e a construção de vidas saudáveis e alegres. Portanto, com exceção do chamado pré-natal para as mulheres grávidas todos os "prés" e "pres" deveriam ser abolidos do mundo.
Preconcepção, preconceito, precondição, prejulgamento, absolutamente todos eles se mostram inúteis, inertes e ignorantes diante das maravilhosas surpresas que a vida nos mostra a cada dia. Ou melhor, mostra à nós que desejamos ver, afinal sempre existem os cegos emocional e afetivamente que nada vêem se não aquilo que preconceberam em suas mentes prematuras.
Não existem regras para ser feliz, regras para ser vencedor no jogo do amor, dos negócios ou do sucesso. A gente aprende vivendo e, seguidamente acerta errando. Essa é a vida, um maravilhoso mistério que nos possibilita chorar de emoção, sorrir de raiva, perder para ganhar e, principalmente aceitar a derrota em algumas batalhas em prol da vitória na guerra essencial que se chama "bem viver", ou seja, viver em paz e em harmonia com o compasso do nosso coração e com os ditames de nossa consciência.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 29 de abril de 2010.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A historinha de superação da novela.

A historinha de superação da novela.

Ninguém pode olvidar de que o amor é o mais sublime dos sentimentos. É o que nos impulsiona a confiar, a acreditar, a dar apoio, força, esperança e, muitas vezes, a crer na mudança e evolução do outro com a mesma certeza com que acreditamos na nossa. Todavia, nem sempre acertamos e muitas vezes nosso amor e lágrimas silenciosas, nossa paciência e força explícita são insuficientes para operar no outro o que desejamos: A melhora, a cura.
É assim que acontece nas famílias de alcoólatras, de viciados em drogas, de pessoas com transtornos de personalidade graves ou moderados. Ontem assisti a um daqueles depoimentos de "superação" de gente da vida real colocados pelo Manoel Carlos Barbosa ao término de sua novela fictícia onde os personagens, em sua maioria, vivem uma vida oposta a do brasileiro "que não desiste nunca", como diz nosso paternalista, assistencialista e "meio cego" Presidente da República.
O "depoente" do Manuel Carlos contava como seu amor foi essencial para superar o transtorno obsessivo compulsivo (TOC) da esposa juntamente com crises psicóticas em que até os próprios filhos ela pensava matar. Se eu desprezo ou menosprezo o amor? Não, muito pelo contrário, continuo a acreditar nele assim como no ar que me mantém viva e sei que por sentimento da mesma intensidade do cidadão cujo nome desconheço coloquei minha sanidade e vida em risco.
Acreditei, dei votos e votos de confiança, apoio, incentivo e compreensão e, tenho certeza, minha história, como a de muitas pessoas jamais vai terminar como a de uma "superação" em final de novela adocicada. Por que? Porque o esforço e o amor foram em vão, saíram fugidos pela mesma porta em que entraram. E que ninguém ouse desconfiar de minha paciência que sempre foi imensa, afinal a indulgência é característica essencial a tal nobre sentimento.
O que quero dizer com tudo isso? É que quem já amou ou se enganou com este sentimento ou com aquele à quem o devotava sabe que historinhas de superação são raras, na maioria das vezes quem supera alguma coisa é quem cedeu, quem amou. Supera a raiva de si mesmo, o desgosto, a mágoa de si por ter tentado até se extenuar, por ter acreditado em algo que só os crentes de amor crêem: Que é o seu sentimento que fará o outro superar suas mazelas. Não é, nunca foi, nunca será. Só supera suas barreiras e fraquezas o homem que, tendo a alma bondosa e humilde, vendo e sentindo o amor e o zelo do outro redescobre o seu e muda por si mesmo, muda para ser feliz e não porque o sentimento alheio lhe é uma muleta.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 28 de abril de 2010.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Lágrimas do bem

Lágrimas do bem

De que mente doentia e hipócrita saiu a idéia de que homens não devem chorar? E qual foi a feminista imatura e recalcada que disse que mulheres adultas não choram? Bem, nem me respondam porque não quero saber. Já cultivo dó por tanta gente neste mundo que não quero inserir no meu grupo psíquico de "piedáveis" (daqueles que chamo de "pobres miseráveis" e pelos quais rezo para que Deus dê sabedoria).
Homem, mulher, enfim, esses animais que chamamos de humanos choram sim, e devem faze-lo. Choram de raiva, choram de tristeza, choram de emoção, de alegria, choram de prazer, choram de frustração. As lágrimas não são apenas a água que lava a alma mas representam o perfume que nenhuma empresa francesa ou norte americana conseguiu fabricar que dá o bom aroma ao espírito,à nossa essência.
Não é pelas lágrimas que medimos a sinceridade dos sentimentos de alguém, assim como não são os sorrisos que provam a felicidade, mas elas (as lágrimas) refletem nosso estado de ânimo e demonstram um fato simples que os "sexistas" e demais tolos de plantão querem negar: Que somos humanos, e, como tais, semelhantes, muito semelhantes quando o assunto é dor ou amor.
Chorar faz bem minha gente, lava a alma, desafoga o coração, nenhum médico disse, mas eu acredito que ajude a prevenir o câncer, afinal se a gente não quer se rebaixar e fincar uma espada no peito de quem nos maltratou é chorando que, aos poucos, a gente limpa a lama de nossa alma. A lama da mágoa, do sofrimento, do ódio, da revolta e do desprezo.
Cláudia de Marchi
Wonderland, 27 de abril de 2010.

domingo, 25 de abril de 2010

A mal amada

A mal amada

Mal amado seria o oposto de bem amado é isso? Pois bem, que seja. Tem gente que tenta humilhar os outros chamando-lhes de "mal amados", em especial as mulheres em suas crises de insegurança e insensatez. Afirmo, porém que todo mundo que já teve um amigo, um amor, um romance, um relacionamento afetivo, enfim já foi muito bem amado algumas vezes e noutras muito mal amado. Querida, ser mal amada não é defeito, é uma opção.
Problema é quando a gente se ama mal, se gosta pouco, e opta por ficar com quem mal nos ama. Triste é gostar de alguém e não conseguir manter um relacionamento porque somos inseguras e dominadoras, triste é não conseguir o pleno amor e a plena realização numa relação madura e séria porque a gente não se banca, não se valoriza de verdade. Ah, não falo do "da boca para fora", mas pelas atitudes, pela altivez.
Ser mal amado, fofinha, não é problema, o triste é ser mal amado por a gente mesmo e sair por aí dizendo que é feliz, que tem "tudo o que deseja da vida e no amor" e que dos infelizes no amor e dos mal amados a gente deve rir. Triste, minha filha, é você que não sabe se amar, se respeitar e quer dar uma de mentora do coração. Olha, olha que na próxima curva da estrada da tua vidinha medíocre vai ter gente dando risada é de você e de sua dor.
Se a ex do teu atual namorado o deixou por um traste e num ato de arrependimento ligou para o teu amor, ignore, ela esta no direito dela de se arrepender e querer ouvir a voz de quem lhe amou de verdade. Agora, minha cara, quem garante que não vai ser o teu lindo cobiçado que pode deixar de te suportar de uma hora para a outra, e dai, queridinha "à quem se denominará" (in casu) de "mal amada"? Então, o negócio é auto estima em alta, peito pra frente, bunda empinada, intelecto a mil e alma in love. "In love" com ela mesma porque do resto ninguém pode garantir nada.
Não pense que mal amado é aquele que você insiste em chamar de coitado. Se ele fosse tão desprezível assim e se tua auto estima e amor próprio fossem altivos realmente não perderias o tempo do teu romance implicando com o outro por ciúmes e mediocridades. Cuidado, então, amigos e amigas de línguas afiadas e telhado de vidro: Amor em alta e garantido é o nosso por nós mesmos, porque, pelo sentimento dos outros hoje podemos estar numa banheira com rosas e champagne francesa e amanha, muitíssimos mal amadas e com a auto estima sob uma unha encravada do dedão do pé direito, tomando uma caipirinha de quinta num bar de segunda para esquecer daquele que um dia nos "bem amou".

Cláudia de Marchi

Wonderland, 25 de abril de 2010.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Era uma vez...

Era uma vez...

Era uma vez uma moça jovem que começou a namorar com um moço bem mais velho e muito vivido. Muitas histórias aparentemente boas, e outras tantas de fugacidades, de desamor à mulheres apaixonadas e encantadas com seu charme, muitos filhos renegados e lindas jovens que precisavam de um pai mas não tiveram, mesmo sabendo quem era. Ele era desses moços que se destacava num esporte e chamava a atenção das meninas. Pois então esse homem conheceu a moça quando ela tinha 24 anos apenas. e ele estava mais convencido ainda porque havia se tornado empresário, afinal sua família era muito rica.
As relações nascem de uma boa estrutura de maturidade ou de uma má estrutura de necessidade. Ela, a jovem da nossa história estava se sentindo carente, filha única, poucos amigos, os pais estavam se separando, e ela sentiu um buraco de frustrações se abrir em seu peito, mas não tinha para quem gritar porque precisava dar um pouco de apoio à mãe, outro pouco ao pai. Ela estava só, muito só. Se sentia como um drogado no fundo do poço trancado num banheiro público onde os azulejos encardidos são bons companheiros, e assim ele lhe apresentou sua alma encardida e problemática e ela viu que havia alguém com mais idade, mas mais infeliz do que ela estava naquele frágil momento de sua história. Sim, porque ela não era triste por natureza, ela estava triste, estava só. Quem sabe, pensou ela, se ela salvasse a ele, ela poderia se salvar? Ele era doente, mas a inseriu em sua vida de forma que lhe fazia crer que a amava.
E, assim, ela começou a sentir um sentimento maternal por aquela pessoa. Eles não moravam na mesma cidade, mas em locais próximos. Nos finais de semana em que ela desejava alentar sua solidão e ele desejava mostrar a namorada jovem para os amigos ela percebia como ele era pouco equilibrado: Não tinha equilíbrio para beber, para dosar o excesso das palavras rudes ou afetuosas, perdia o senso do ridículo e, enquanto muitos tinham asco ou raiva, a mocinha sentia dó, sentia pena. Sentia sim, uma triste vergonha, mas se sentia desafiada a entender o porque. Porque um homem de boa família, com uma carreira imensa pela frente, fisicamente saudável e belo, enfim porque um homem aparentemente bondoso e em busca de um amor poderia ser tão vil e desagradável?
A moça queria ajudar. Certa vez acertaram que iriam morar juntos. Ele que morava num palacete de duzentos e cinqüenta metros quadrados da mais pura solidão chamou a donzela espiritualizada, bem humorada, apesar de solitária e perdida para tentarem viver juntos. E ela deu o seu melhor, ia para outra cidade onde trabalhava, voltava, fazia janta, tomava banho, organizava o amor, e tudo. Conversava, tentava entender o ser parceiro e suas complicações, mas nada nunca era suficiente. Até que um dia a moça desistiu.
E assim, afastada, milhares de pessoas legais surgiram na vida da moça sonhadora,afinal era uma mulher como poucas, irradiava boas energias, alegria e vontade de viver, agora, neste momento de sua vida. Agora ela merecia pessoas boas, não estava mais tão solitária. De todas as novas pessoas que a vida lhe apresentou a que ela mais gostou representava o mar e o céu na sua vida, lindos, intensos, e, para ela, inesquecíveis momentos viveram numa comunhão perfeita das mais iluminadas energias do universo. Mas ela era fraca, era frágil. Essa pessoa um dia disse que aprendeu a ficar frio com a vida. E a moça retraiu toda, de pânico de ser frustrada de novo, assustada e com medo, se recolheu, chorou muito e travou seu coração e seus sentimentos em relação a este novo rapaz temendo que ele judiasse de seu coração e lhe abandonasse. E a moça tinha trauma de abandono porque sofreu ao ver o da mãe, de resto nunca foi abandonada por algum pretendente.
De repente, quando ela estava envolvida com este outro e jovem rapaz, apesar do medo o homem mau voltou a sua vida, tentando-lhe de todas as formas, afirmando que seria diferente, que nunca mais iria exagerar em nada apenas no amor que tinha por ela. Prometeu que sofreu muito e que lhe amava mais que tudo, prometeu que seria o marido que ela sempre desejou. E, adivinhei?Ela pensou, quis dar essa segunda chance achando que todos merecem uma, ela ficou com medo de se enganar com o outro que lhe deixava insegura e acabou cedendo ao que lhe deu segurança. Segurança após se apossar de seu corpo, e decepção, mal trato e toda forma de tristeza após se apoderar de seu coração e de colocar o seu sobrenome ao lado do dela.
A moça, então com 27 anos chorou rios e mares de lágrimas de arrependimento, de tristeza. Mas, quem se importa? Muitos deveriam crer que ela merecia.Bem, se merecia, sofreu, padeceu, perdeu o sono e por diversas vezes o seu arrepender tornou-se vontade de perder a própria vida. Remédios em demasia ela ingeriu, ficou doente, ficou muito doente porque a moça que se achava "super" a ponto de fazer o ruim se tornar bom, achava que seriam overdoses de remédios que lhe trariam o amor que ela deixou para trás quando confiou errado. Quando confio em que não merecia absolutamente nenhuma confiança. Ela havia deixado passar um verdadeiro amor, um amor daqueles que se entende com o olhar, um amor do tipo que o toque sublima o beijo, um amor raro, uma jóia de amor. Ela deixou de lado por uma mentira. Tudo por que? Porque a moça ainda achava que poderia fazer o moço que nunca foi ideal para ela se tornar uma pessoa centrada, uma pessoa boa. Ela achava que apenas ela o compreendia e que apenas ela poderia salva-lo. Ela era pretensiosa e orgulhosa sem perceber-se disso.
Todavia, quase tarde demais a mocinha aprendeu que ninguém salva ninguém neste mundo e que não importam as boas intenções do outro, quem deve as ter é quem precisa executa-lãs. A mocinha aprendeu que um amor que faz tremer o corpo e a alma não se joga para o lado, não se desrespeita e nem se ignora porque é quase certo que uma vez perdido ele nunca mais será encontrado. Todavia, também é certo que Deus é bom com quem é humilde e dá um amor verdadeiro àquele que reconhecendo seus erros ora à ele para ter paz. Amar e ser amado, todos precisam, mas nem todos merecem.

Cláudia de Manche

Wonderland, 20 de abril de 2010.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ataque de Pânico

Ataque de Pânico

Era uma tarde normal.Um lindo dia de sol em que eu estava desocupada fisicamente mas com as tradicionais preocupações de profissional liberal recém separada: Montar ou não montar um escritório sozinha? Fazer ou não fazer novos amigos? Mudar ou não mudar uma partezinha do corpo? Comer pizza ou lasanha ao meio dia? Tomar espumante ou vinho argentino à noite?Seguir um belo tratamento psiquiátrico ou me dedicar a um psicanalista? Usar minha plataforma vibratória e não ir nenhum nem noutro?Substabelecer ou não os poderes que um certo cliente me outorgou em procuração? Pagar quase dez mil reaispara arrumar um carro pelo qual paguei minha parte e que um certo ex-marido mandou me entregar pela metade (benzadeus!) ou acoplar na carcaça que recebi dois cavalinhos para "brincar de carruagem pós-moderna"?Procurar mestrado no Rio Grande do Sul ou no Paraná?Tomar sorvete ou coca-cola?Ler um dos 20 livros novos que comprei ou assistir a um documentário tomando vinho na madruga? Pintar as unhas de vermelho ou de renda? Enfim, mil indagações inúteis e, de repente um "colapso".
Perdi o chão, não sabia se eu era a Cláudia recém separada do sicrano ou a Cláudia namorada do fulano (que deu um fora com a maior covardia e falta de lógica do mundo), se eu era a Cláudia guampeada ou a que experimentou milhares de outras formas piores de traição e engano, se eu era a Cláudia animada e feliz começando de novo a vida, ou se era aquela que saiu de uma cidade interiorana com a alma esquartejada: "Mãe, socorro!Chama o médico ali do lado, me dói os joelhos, os cotovelos, as pernas, o coração palpita, vai explodir meu peito, o ar esta ficando escasso. Reza por mim, acho que vou morrer, estou enlouquecendo! Mãe eu não estou conseguindo pensar, meus pensamentos estão perdendo a lógica, socorro, chama um pai de santo, um padre, liga para a tia Jô!". E assim eu rezei, rezei, chorei, rezei, sorri (para acalmar minha mãe antes que fossemos duas a surtar), chorei, rezei, orei, rezei, orei, rezei. Orei mais do que uma pessoa normal reza e ora em 20 anos de vida.
E, aos poucos foi passando, foi aliviando aquele mal estar, aquela sensação de morte eminente, de coração explodindo, de taquicardia e de todos os males do mundo invadindo um corpo que minutos atrás estava altivo, cheio de alegria e de vida. Isso aconteceu numa sexta-feira à tarde e me deixou de cama no sábado tamanho o medo que senti de levantar e sentir a mesma coisa, até que no domingo resolvi ir ao médico, ao pronto socorro onde uma simpática médica me analisou de todas as formas, verificando que a pressão arterial que só me dá problemas quando inferior a 10 por 7 estava na medida, estava boa. "Guriazinha, acho que é estresse, ansiedade". Bem, ela não me falou em ataque de pânico, mas eu desconfio que tenha sido. Me contentei com as 6 gotinhas de Rivotril e fui para casa, sentindo que eu era dona de minha mente e de meus pensamentos de novo e que jamais quero sentir o medo me dominar, os pensamentos fugirem e minha mente ficar sozinha. Sozinha, confusa e frágil.
Acordei no outro dia e precisei tomar apenas duas gotinhas do ansiolítico para não me sentir ansiosa novamente. Não sei se é "síndrome de coração jovem sem um amor", síndrome de cama vazia, síndrome de falta de romance, essas coisas que uma moça romântica adora e que envolvem o verbo "amar", mais especificamente. Não sei se é instabilidade financeira "pós separação" ou melhor, não sei se é orgulho ferido por ter tido que pagar para me livrar do passado e reaver meu sobrenome de solteira, não sei se é cansaço pós mudança de cidade, pós auto regeneração de uma alma arrependida por ter confiado demais em que não devia e olvidado de quem merecia ser ouvido. Não sei, e quando a gente não sabe justificar o que sente a gente diz que é coisa de "estresse" e aproveita para se passar por moderno além de poder dar uma resposta, afinal nos cobram justificativas para tudo neste mundo de pouca plausibilidade.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 19 de abril de 2010.

domingo, 18 de abril de 2010

Eu me arrependo.

Eu me arrependo.

Não é porque a mocinha escreve que ela seja perfeita. Às vezes ela coloca em palavras o que gostaria de sentir, às vezes ela fala verdades já escrevi nesses mais de seis anos de desabafos diários e não profissionais posso afirmar que apenas algo de que disse deixou de ser verdade na minha vida, coisa que tive plena certeza ao completar meus vinte e oito anos dia 12 de abril: Eu tenho arrependimentos.
Sempre escrevi me colocando contra o arrependimento e a favor do aprendizado. Não mudei de idéia, apenas me arrependi de algo que, certamente me ensinou tanto a ponto de eu estar aqui escrevendo sobre isso que muitos adoram chamar de "fraqueza". Se você pertence a seleta classe dos que nunca se arrependeram de nada e nem tiveram motivo para tanto só me resta, humildemente lhe parabenizar. Você é um felizardo!
Eu no entanto me arrependi de muitas coisas provenientes de um fato. Do fato de antes da fase atual, em que me tornei o que queria ter sido quando tomei as atitudes das quais me arrependo, eu achar que eu era o que sou hoje: Mais segura, mais franca comigo mesma e com a vida. Eu não era assim, era uma moça tola, um tanto insegura e outro tanto perdida. Queria estar preparada para o que eu ainda não estava, o que inclui a felicidade saudável, madura, fecunda.
Me arrependo, pois de ter confiado em quem já havia me machucado, de ter deixado tesouros para trás e jogado o tesouro mor que é o que o homem de bem guarda no coração ( bondade e a pureza) aos porcos. Me arrependo de ter confiado demais, de ter sido covarde e não ter dado ouvidos a quem merecia. Ora, mas do que adianta se arrepender? Sei lá, acho que nada, mas vai convencer meu coração disso (!), muito embora agora ela já esteja imerso em alegria já padeceu bastante pelo tal do "arrepender-se".
Todavia, uma coisa é verdade. Pode ser que não adiante absolutamente nada, a verdade é que reconhecer a si mesmo algo de que todo mundo tripudia e se orgulha falando do alto de seus egos sublimes de boca cheia (transbordando orgulho) "eu não tenho nada do que me arrepender na minha vida" faz com que a gente se rejubile com a nossa alma e, porque não dizer, coragem. Coragem para assumir que foi vil, que se enganou, que foi enganado, que sofreu, mas que nem por isso se tornou pequeno, tolo, pelo contrário, cresceu e perdeu o medo. O medo de ser o que ela (finalmente) se tornou.
Cláudia de Marchi
Wonderland, 19 de abril de 2010.

sábado, 17 de abril de 2010

Privacidade Romântica

Privacidade Romântica

O mundo mudou muito mesmo, não me considero careta ou retrógrada mas sinto falta de algumas coisas do passado, inclusive de algumas que nem experimentei, mas que sempre me atraíram. Todavia, ultimamente sinto falta da "privacidade romântica". Sabem aquela de declarações de amor, de cartas românticas compartilhadas apenas entre duas pessoas? Entre os amantes e não para milhares de pessoas verem? Sinto falta disso, não necessariamente na minha vida, mas no mundo onde tudo se tornou tão público que me parece patético, aberrante talvez.
Hoje em dia as pessoas mal se conhecem e no "fogo da paixão", nos primeiros meses de um romance que pode não passar de um ano trocam declarações de amor apaixonadas para todo mundo ver: "Você é o amor da minha vida", "Você é a pessoa mais especial que conheci". Frases lindas, certo? Sim, extremamente. Todavia, precisa ser assim, exposta para quem quiser ver?
E, quando, por algum acaso a relação termina o que resta para quem leu as declarações de amor publicas? Rir, é claro. Relacionamentos são extremamente complexos e nada impede que o que começou num mar de rosas termine num fétido mar de lamas, e dai, como ficam as declarações de amor exibicionistas nos sites de relacionamento? Cômicas, se tornam motivo de piada, é claro. O casal que ao se conhecer dizia publicamente que seria fiéis e amariam um ao outro eternidade afora não ficaram juntos mais do que 24 meses. Que lindo!
Sexo e amor não precisa ser feito nem declarado "para inglês ver". Se alguém observa, que seja por um acidentezinho excitante e não pela plena vontade de exibição. Se alguém se interessa e deseja observar, tudo bem. Se desejas contar o quanto ama seu novo namorado para amigas numa mesa de bar e alguém ouvir, tudo bem, mas ouso dar uma dica de quem conhece um pouquinho do bom e do ruim do amor: Tente não sair "publicando" seu "amor" por ai, porque isso pode ser deixado para as adolescentes, gente adulta sabe que os melhores sentimentos de carinho, ternura e amor são compartilhados olhos nos olhos, mão na mão, pele na pele, e, bem, o resto depende do fogo de quem declara.
Orkut, Twitter e todos os sites de relacionamentos existentes não foram feitos para declarações de amor. Existe e-mail para isso, existem cartas, existe a cama, o momento de maior intimidade, o sexo que, no caso do amor (me rendo ao que outrora considerava piegas): Existe o momento de "fazer amor" para que as juras sejam compartilhadas. Compartilhadas por quem se ama e não pelo "pessoal da internet".
Não posso deixar de dizer que juras publicas de amor me despertam a desconfiança, me parecem típicas de gente insegura ou exibicionista que busca na exibição a auto afirmação e a afirmação de seu sentimento, e, consequentemente intentam deixar claro a alguém ou ao mundo tal circunstância afetiva. Quem ama de verdade e quem tem a maturidade de quem aprendeu com a vida e com alguma dor sabe que declarações adocicadas e públicas beiram mais a falsidade do que a realidade, e, além de tudo, expõe o exibicionista ao ridículo e as sátiras alheias. Ah, mas "lê e olha quem quer"? Sim, mas quem expõe quer mais é ser olhado e analisado, do contrário reservaria o que é pessoal aos momentos de intimidade.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de abril de 2010.

A separação "consensual" e sua burocracia.

A separação "consensual" e sua burocracia.

- Dra. Cláudia, eu e meu marido não somos casados há muito tempo e não nos relacionamento bem, dai eu resolvi deixa-lo. Quando eu disse para ele apenas o que eu queria que ele fizesse com os bens que adquirimos ele ameaçou me matar. Sim Dra. ameaçou me matar gritando na frente da minha mãe e de outras pessoas, inclusive!
- Lamento, mas, me diga uma coisa, você vai querer entrar com a separação litigiosa? Registrou ocorrência da ameaça?
- Sim, registrei, inclusive "mandaram" ele sair de casa, mas como ele já morava lá antes de casarmos eu mesma sai e minha mãe conversou com ele para retirar meus pertences de lá. Quanto a separação o pai dele fez uma proposta através da minha tia e eu...Bem, Dra. eu não quero sofrer mais do que sofri, vou aceitar para me livrar dele e de tudo de ruim que ele representa para minha vida.
- Sim, a lei propicia fazermos a separação por escritura pública em que vocês dois comparecem ao Cartório de Notas, faz-se um termo e saem de lá separados judicialmente, em um ano ocorre o Divórcio. A Lei mudou e esta mais fácil...
- (interrompe)Fácil o que Dra.? Eu ter que me deparar com o pirado que ameaçou me matar e que quase me matou emocional e fisicamente? Não pode Dra.!
- Bem, mas ainda que entremos com uma ação litigiosa ou judicial terás que vê-lo perante o Juiz que, de regra, tenta "apaziguar os ânimos", isso também não é agradável.
- Então Dra. vou passar uma procuração para alguém, farei qualquer coisa! Não pode falar com o cartório?
- Podemos tentar, mas em cidade de porte como a nossa será praticamente impossível, eles não aceitam, quanto a procuração é viável se...(continua entre uma lamúria e outra).
Não gosto de Direito de Família, nunca gostei, mas por motivos pessoais tive contato com impasses como os narrados no diálogo fictício (ou nem tanto) acima. E, continuei sem gostar desta parte do Direito. A Lei "facilita" o que e para quem? A mulher que de regra sai acuada do relacionamento, com a sua estrutura psíquica em frangalhos tem que se sujeitar às "facilidades" que judiam mais dela do que do outro.
E quando a pessoa que fez por merecer a separação se nega a dar? Conheço uma pessoa que se separou há pouco e teve que fazer propostas aberrantes através do advogado para o ex marido aceitar assinar a separação. A mulher "pagou" para se separar assumindo dívidas que não fez. Justo para quem? Acho que esta faltando mulheres que sofreram com homens ignorantes e maldosos na hora da separação se tornarem legisladoras neste País.
Vamos facilitar a situação de quem, não amando mais e tendo sofrido decepções, "aceita" a separação consensual para poupar dor, mas ainda assim se vê diante de burocracias desnecessárias. Saliente-se que de regra não é o cônjuge homem quem sugere a "consensual", mas seus familiares que tentam minorar os problemas advindos da separação e possibilidade de uma separação litigiosa que custa caro e demora anos.
Casamento é mais comunhão de sentimentos, amor e anseios do que instituição jurídica. Havendo divisão consensual de bens (o que é fácil porque aquele que deseja se separar normalmente sai "perdendo" em prol do ganho de sua paz outrora perdida) não deveria ser necessária audiência ou encontro entre os separandos. Poupem a mulher e seu medo, seu receio pela sua vida, inclusive, neste mundo em que a cada dia ocorre um homicídio passional mais triste e tolo que o outro.
A mulher é sim mais frágil do que o homem no quesito separação quando é ela quem deseja se separar. Existem ameaças, existe a resistência do outro em lhe facilitar a vida. Sim, porque casamento dá um prazer no ato do "vos declaro marido e mulher" e dois prazeres na hora do "agora a senhora volta a assinar seu nome de solteira".
Para uma relação chegar ao ponto da separação Sr. Legislador, foram muitas as brigas, as ofensas, as humilhações, as mágoas e, de regra, saiu o amor e entrou o desprezo de forma que colocar a separanda de frente com o separando pode lhe causar uma úlcera nervosa para toda sua vida. Vamos facilitar a separação consensual ainda mais e agilizar o tramite das litigiosas ou será que a Igreja Católica patrocina a feitura de Leis?
Vamos deixar as pessoas se separarem de forma simples, sem contato, sem que tenham que ser colocadas frente a frente quando uma delas foi ameaçada. Vamos perceber Senhores Legisladores que de dolorida bastou a decisão pela separação, de resto é necessário facilitar a "concessão" de liberdade para que a pessoa que deseja sumir das vistas do ex doente possa ir para a Oceania sem levar consigo uma certidão de casamento infeliz, um sobrenome que traz más lembranças e uma pessoa não confiável "no pé". Sim, senhores Legisladores, existem mulheres inteligentes e de bem que se apaixonam e casam com uma pessoa mentirosa, mas isso não é crime. Crime é dificultar a separação para uma mulher que casou enganada e sofreu em demasia. Crime é colocar a pessoa ameaçada que faz de tudo para assinar a separação diante de uma pessoa que pode nem sequer aparecer no Cartório ou na audiência, e, porque não, sabendo que a outra estará lá em determinado horário pode mata-lá ou mandar alguém faze-lo? Será necessário que isso aconteça com a atriz da novela, com a filha do Desembargador ou com a enteada do empresário milionário para que a Lei mude?

Cláudia de Marchi

Wonderland, 18 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

(Des)equilírio

(Des)equilíbrio

O mundo esta desequilibrado, sem limites e harmonia. As pessoas não agem mais com racionalidade. Existem os que comem por compulsão e acabam obesos ou quase obesos, porém ao invés de procurarem um tratamento psicológico recorrem a procedimentos cirúrgicos invasivos. Por outro lado vendo modelos cadavéricas desfilando muitas jovens passam a parar de comer prejudicando suas vidas e intelecto em prol de um padrão de beleza nada saudável.
Algumas pessoas se dedicam tanto ao trabalho para obter grande remuneração e deixam a educação dos filhos em segundo plano, outros preferem viver com muito pouco a se dedicar ao trabalho. Uns economizam dinheiro como se pudessem corromper os deuses para entrar no céu (sim, porque parecem acreditar que levarão sua fortuna junto), outros gastam com tantas superficialidades e tão facilmente que se tornam patéticos. Dinheiro advindo de trabalho honesto é bom, assim como bons jantares, boa bebida, locais interessantes, bons livros e férias bacanas para espairecer. Conforto e qualidade de vida requerem gasto racional, proporcional aos ganhos.
Alguns pais repreendem tanto os filhos que engessam sua alma, terminam com sua auto estima e auto confiança, outros são tão permissivos que acabam educando pessoas com probabilidade de desenvolverem uma personalidade doentia. Muitas pessoas se tornam tão vagas a ponto de buscarem sexo casual e relações superficiais a todo tempo, outros se entregam de forma doentia a uma paixão que se tornam perigosos. Para o outro e para si mesmos. Alguns após decepção afetiva fecham o coração num casulo, outros saem pela vida rapidamente em busca de um amor que terminam atropelando quem poderia ocupar o posto de "dono de seu coração".
Saiu um sociólogo demagogo do governo do País e entra um ex-sindicalista semi analfabeto que faz de conta que não vê a desonestidade que ronda sua governança. Mas o brasileiro prefere ganhar sardinha a tentar pescar salmão em alto mar. A Justiça enclausura pobres, favelados e negros, e os criminosos de colarinho branco ficam ilesos, mesmo que suas condutas prejudiquem mais a nação e a economia brasileira que a do ladrão de loja de conveniência. Não estou apregoando a liberdade destes, mas a prisão daqueles e de todos os criminosos abastados.
Alguns bebem em demasia a ponto de despertarem piedade nos outros e se entregarem ao alcoolismo, outros não bebem nem xarope por causa do álcool e se tornam irritantemente chatos. Alguns concordam tanto com o outro e vivem para serem bem quistos no julgamento da sociedade que acabam por deixar a própria personalidade trancada num banheiro público, outros se acham tão espertos e teimam a ponto de se tornarem toscos ao desejar que suas opiniões prevaleçam.
Alguns malham tanto em busca da hipertrofia muscular a ponto de atrofiar os neurônios, alguns riem tanto que acabam por parecer irracionais, outros são tão sérios que assustam até um demônio. Alguns estão sempre descontentes e não valorizam o que possuem, outros se contentam com muito pouco e perdem o estímulo de enfrentar a vida e suas inúmeras batalhas. Existem os que não temem a nada e arriscam a própria vida, outros temem tanto que não vivem a vida. Há os que nunca fazem exames médicos nem cuidam da própria saúde, por outro lado há aqueles que se tornam hipocondríacos de tanto medo de adoecer.
Enfim, a sociedade carece de equilíbrio, as pessoas não buscam o equilibro para seus atos e sentimentos, e não é preciso ir em psicanalista algum para aprender a ter serenidade e equilibro psíquico, basta aprender com a vida e se auto compreender. Quem nada apenas na superfície pode padecer quando precisar nadar longas distâncias, por outro lado o homem que vai fundo demais morre afogado. Justa medida, ta bom?
Cláudia de Marchi
Wonderland, 15 de abril de 2010.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Despreparo penal

Despreparo penal

Não existem fórmulas para educar bem um filho, todavia eu ensino um mote para quem deseja educar mal, para quem deseja criar pessoas com personalidade monstruosa: O filho fez algo errado?Bata. Diga quanto tempo ele vai ficar de castigo. Depois se arrependa do que disse e leve ele ao shopping escolher o que deseja para purgar sua culpa pela surra e castigo incompleto. Ou, se você tem dinheiro, deixe de dar atenção, amor e carinho e passe a lhe dar carrinhos, bonecas, brinquedos de última geração, e, quando o filhote crescer compre a moto, o carro e o que mais ele lhe exigir. Ótimo, sua futura nora ou genro terão um parceiro sem escrúpulos e sem limites, que poderá não matar ninguém, mas será especialista em aniquilar com o coração de quem ousar ama-lo.
Bater não é nem nunca será a melhor forma de educar, mas, se necessário for o pai não deve demonstrar culpa por isso. Logo, só deve faze-lo se realmente não tiver alternativa mais afetiva e racional. Castigos são úteis, todavia, uma vez impostos haverão de ser cumpridos sem a desistência daqueles que os aplicam, do contrário a criança saberá que seu choro, seu charme irresistível de "vítima" de olhos ternos e bochechas rosadas convencem, e dai, queridos, podem dar o chinelo para ela que futuramente quem vai apanhar, nem que seja com os fortes bofetões do desrespeito verbal serão vocês.
Eis que chego ao nosso sistema penal, aquele das leis, da prisão e dos processos longos e constato que o Judiciário goiano concedeu a progressão de regime para o pedreiro de nome simpático (Adimar) e condutas macabras e cruéis. O parasita social recebeu salvo conduto para violentar e matar 6 jovens em Luziânia, no Goiás. Ah! O último laudo psiquiátrico convenceu ao magistrado que o cidadão era polido, não violento e que não precisava de medicação controlada.
Justiça inapta. O poder Judiciário brasileiro e sua irracionalidade me assusta. Até quando a psicopatia ou distúrbio de personalidade anti-social não irão ser percebidos como males para os quais não há tratamento? Até quando vão olvidar do fato de que o psicopata mente com perfeição sobrehumana e, desejando, se mostra ao perito como a pessoa mais bondosa e empática do mundo? Até quando os peritos psiquiatras e psicólogos irão fazer vistas grossas e dar laudos como se fossem leigos e não soubessem da malícia e maldade por trás do jeito "meigo" do preso que almeja a liberdade? Realmente, não existe remédio para sociopatas e o Sr. Adimar deveria cumprir toda sua pena recluso, trancado.
Psicopatia não é esquizofrenia, paranóia, depressão ou síndrome do pânico, nenhum remédio pode trata-lá, não tem cura Senhores Juizes! E, dolhe uma, dolhe duas, dolhe três: O que "é" uma pessoa que mantém relações sexuais e mata pessoas cruelmente? Um depressivo? Em surtado? Não, um psicopata, sinto informa-los. Nem todo psicopata mata, mas de regra todo assassino em série é psicopata. Existe muita literatura vasta sobre isso, ou será que depois que os Senhores sentaram em suas cadeiras fofas e passaram a receber um salário polpudo todo o mês esqueceram o que é um livro? Ah, não me refiro àqueles muito lidos para passar em concurso, só para avisa-los, até porque esses foram guardados e esquecidos após seu ingresso na Magistratura.
Cumprimento rígido das penas, isso é o que falta no Brasil. Não precisam mudar os artigos da lei penal, mas seus caput e parágrafos: Chega de benefícios por bom comportamento, de diminuição da pena e possibilidade de progressão de regime num País em que as próprias penas não são perpétuas. Matou? Foi condenado a 30 anos de prisão? Fácil, tranca e coloca trabalhar no presídio, plantar, cuidar de aves, fazer com que pague a sua estada sob o albergue do Estado cujo bem estar e integridade maculou.
Há, pois a necessidade das pessoas e principalmente do legislador penal saber penalizar. Ninguém leva a sério um pai que se arrepende dos castigos que impõe, nenhum contraventor vai temer um Estado que dá benefícios e mais benefícios para lhe facilitar a vida. E nenhum assassino em série vai demonstrar aos psicólogos ou psiquiatras que são agitados, que tem sede de dor, de devastação, de contravenção, de sangue.
Vamos afastar do Judiciário despreparado médicos e profissionais da saúde tão despreparados quanto, vez que quem chora pela sua inaptidão e despreparo são pais de família inocentes. Vamos aplicar as penas corretamente, do principio ao fim, sem redução, sem benefícios. Cumprimento ideal e integral da penalidade é a bandeira que ergo. Se vai diminuir a criminalidade? Só o tempo pode dizer, mas eu tenho certeza que os 6 rapazes cujas vidas foram retiradas de Luziânia estariam lá com seus familiares até quando Deus quisesse.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 13 de abril de 2010.

Velhos tarados

Velhos tarados

Nem mondongo mal lavado, nem batata frita requentada conseguem ser mais indigestos do que o olhar de um velho tarado. Nada é tão nojento, abjeto, e, principalmente irritante para uma mulher do que ser paquerada por um velho asqueroso que não tem consciência de seu aspecto físico, menos ainda moral condizente com sua aparência que deveria despertar ternura e admiração, não nojo. Perdoem-me, mas isso inclui homens de terno conduzindo uma linda Mercedes bens rumo ao ser apartamento de mil metros quadrados.
Velhos tarados são aqueles sujeitos que contam com mais (ou bem mais) que 55 anos que perdem a graciosidade e o respeito ao paquerar uma mulher. Detalhe, não falo que idosos não possam olhar ou flertar com mulheres mais jovens, podem até faze-lo se acharem que podem, mas de forma natural, respeitosa e sem aqueles olhares abomináveis de quem estupra a criatura com os olhos.
Qualidade de vida é se sempre será uma benesse na vida das pessoas, envelhecer com qualidade e com saúde tanto quanto. Mas a saúde implica, também na saúde mental e psíquica, logo existem certos pontos óbvios: É anormal um homem de setenta anos ficar olhando com demasiado desejo e cobiça a jovem de 18 anos. Se possuem tanto furor a ponto do raciocínio desaparecer o certo seria procurar profissionais do sexo, aquelas boas e velhas (leia-se: velhas pela idade da profissão, mas jovens na idade) prostitutas para lhes fazer o serviço, pois, garanto, por amor nenhuma mulher com vinte e poucos anos aceita um setentão barrigudo e/ou com a carne flácida em cima de si.
Não quero ofender os velhos. Não os saudáveis e normais, aqueles que olham com respeito a beleza das jovens moças, que possuem uma parceira de sua idade ou pouco mais jovem e com ela faz aquele tal de bom, velho e saudável sexo. Assim como os idosos muitos são os homens desequilibrados cujo olhar é ofensivo de tão cobiçoso. Mulher alguma gosta disso, creio que nem aquelas que são pagas para deitar, ralar e rolar.
Ser velho não é defeito, gostar muito de sexo também não. Mas, tudo na vida tem que ser usufruído com naturalidade, para tudo a razão impõe limites. Há momento e época para tudo, claro que ter cara, jeito e gênio de tarado é aberrante e anormal a qualquer tempo, mas é menos asqueroso um trintão ou quarentão com cara de "vem aqui que eu te pego" do que um cidadão que deveria estar ensinando as netas a tocar violão e lhes demonstrando quão bonito e admirável é, no mundo do "ficar" e da "pegação", um sujeito a moda antiga, que olha a mulher como um ser iluminado, bonito e digno de respeito e apreço e não como um órgão sexual ambulante que deve receber dentro de si dejetos de uma pessoa cujo corpo envelheceu, mas a dignidade apodreceu.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 13 de abril de 2010.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Romance

Romance

Pegar na mão, tocar as melenas, beijinho no rosto, abraço caloroso, beijo no pescoço, beijo na boca! Uau! Um romance intenso mesmo quando "pensado" arrepia todos os pêlos que nossa carne conhece. Intenso, é claro. "Romancezinho" qualquer é coisa de adolescente. É bom a expectativa de estar conhecendo alguém, uma pessoa com suas experiências, sua história, sua energia. E tem que ser boa, se não for, para que se envolver?
E o bom é se envolver, se envolver com a alma, com o pensamento. O bom é estar junto apesar da distância, é sentir o outro quando a gente toca nossa própria pele. Romance, essa é a palavra. Carinho, beijos, flores, vinho, champagne, chocolate, respeito e um certo pudor para ser completamente perdido. Com o andar da carruagem, se não deixa de ser romance e passa a ser transa, algo demasiado banal, frívolo.
Transas são ótimas, mas são incomparáveis quando há romance, quando há aquele algo muito além da atração física, quando há aquela confiança que faz o tal do pudor querer pegar uma viagem só de ida para a Oceania. Relação com envolvimento de coração e alma, relações em que a gente pode pegar forte na mão de alguém e leva-lá até o nosso coração, que pulsa e emana calor, sem sentir medo ou vergonha são impagáveis, incomparáveis, inesquecíveis e sempre desejadas por quem, ainda que ao deitar numa cama confortável pensa que nada é tão bom que não possa melhorar: Ter a companhia de um doce par em quem se pode confiar, ali, na cama, e fora dela.
O amor existe. Romances instigantes e tranqüilos, calmos e calientes, afetuosos e fortes existem e estão a espera de quem acredita neles, não necessariamente de quem os busca. Romances, amores e relacionamentos saudáveis surgem quando menos esperamos, ainda que sempre desejamos. Podem ter ocorrido decepções, podemos ter chorado ontem, rompido anteontem, quem confia no amor e na vida não perde a fé no amor e na possibilidade de viver um romance lindo daqueles cujos ingredientes, quando pensados, nos fazem arrepiar até a alma.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 12 de abril de 2010.

Deus não sou eu.

Deus não sou eu.

De algumas coisas, uma vez nascidos não podemos nos livrar, muitos fatos nossa boa vontade não pode mudar, não depende apenas de nós a mudança de um País que valoriza o assistencialismo, tampouco a moral de um povo que se sente vítima da sorte enquanto espera a "bolsa" do governo e joga as pernas para cima. Não podemos mudar o caráter dos eleitos políticos, nem a índole de nossos familiares por mais que os amemos.
Todavia, uma vez vivos, livres e batalhando pelo pão nosso de cada dia que não é o Lulinha dá, podemos fazer escolhas exigentes em nossa vida afetiva. Escolher amigos que valham a pena pela personalidade afim, pelo humor e pelo caráter, escolher parceiros amorosos que se enquadrem em nosso desejo de pessoa madura e altruísta. Não precisamos fazer nenhum coitado de idiota apenas para termos uma companhia para um jantar especial, podemos pensar mais, exigir mais e escolher melhor. Coisas que o "quase trinta" traz consigo na vida de quem aprende com as experiências vividas, sofridas, ouvidas, lidas ou verificadas de qualquer forma, afinal ser como São Tomé hoje em dia é colocar o pescoço na forca.
Ser sincero é o mote. Sabe aquele "amigo" chato que adora falar "eu", "meu" ou "minha"? "Porque eu estou muito desiludido com o mundo", "porque meu destino parece negro", "porque minha vida esta um lixo". Sinceramente, diga assim ao bebezão purgante: "Pois é, são os seus problemas e por um bom valor um analista iria lhe amar por conta-los, e quem sabe aprofundar a espiritualidade? Assim você pode aprender a ter empatia e ver que existem pessoas que sofrem mais e reclamam menos". Acalmem-se, não estou pregando que nos tornemos maus amigos, pelo contrário. Vamos dar a cada um o que é seu, o cara ai de cima por acaso para de falar nele mesmo para perguntar o que esta te afligindo, se você tá feliz no novo emprego, se seu romance esta "prometendo"? Se sim, releve, se não, remeta-se ao meu conselho.
Tem gente muito chata nesse mundo, gente que se chamarmos de mala é devoção de elogio, porque a gente pode empurrar e jogar fora a referida, existem pessoas cuja alma e presença são mais pesadas do que um elefante obeso morto. De regra as pessoas que se acostumaram a reclamar da vida possuem uma péssima energia, seu mau humor irrita, sua presença é indesejada, mas, só elas não percebem. E quem se habilita a falar? Aposto que todos!Todos dizem "cara, para de reclamar, vai ler 'O Segredo'". Mas não adianta, nenhum livro foi escrito na primeira pessoa e esse tipinho só gosta de falar e pensar na primeira pessoa: Eu, eu, eu e, ainda que errando o português, rola um "mim" de vez em quando.
Gente pesada, mau humorada, que adora ser a vítima, que se sente prejudicada em tudo, que reclama desde o excesso de trabalho até o ranger da cama na hora do rala e rola não merecia acordar e ver o sol brilhando pela janela, não num mundo em que existe tanta gente querendo viver padecendo em camas hospitalares vendo a vida se esvair. Mas, eu não sou Deus. Ainda bem, porque se fosse seria mais má e começava a limpar o mundo por aqueles que não valorizam a vida que ganharam, os amigos, a família e os amor que recebem, menos ainda as oportunidades que tiveram. Certamente a densidade demográfica diminuiria, bom para o mundo que Deus não sou eu.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 12 de abril de 2010.

domingo, 11 de abril de 2010

"Predadora de homens"


"Predadora de homens"

Existem pessoas que aproveitam suas experiências negativas para crescer, para mudar para melhor, destino que é a regra para as pessoas, ou não? Não, deveria ser, mas existem aqueles para quem o aprendizado ensina a ser ruim, a ser frio. Assim, muitos se tornam vingativos e vis.
Li no início de março na edição da revista Nova (sim, eu também leio essa revista que acha que "desvenda" a alma masculina para um bocado de mulheres frustradas, que ensina moças fazerem homem gozar até com o suave tocar de cabelos, além, é claro de desvendar o segredo do corpo perfeito, da barriga sarada, do salário sublime e da pele de diva, é apenas entretenimento, não um poço literário e cultural, coisa de advogada de férias) a história de uma colega que após ter sido traída por um ex noivo se tornou uma "predadora de homens" (essa edição tem a linda Alinne Moraes na capa). E, o que é abominável: Tem orgulho disso e de dizer que age como homem cafajeste. Acho que ninguém lhe ensinou, na infância, que a gente deve seguir os bons e não os maus exemplos (ao menos que sejamos maus na essência.É, dai complica).
Bem, na minha época homem cafajeste é homem cafajeste e como todo ser com esta característica deve ficar onde está: A milhas da minha pessoa. A moça pelo visto admirou isso e saiu em academia, boates, e todo local onde visualizava um belo exemplar de seu sexo oposto para dar-lhes o bote, "leva-los" para a cama e nunca mais atender ligações de alguns coitados com coração e empatia. Dai ela aprendeu que homens gostam de mulheres que não telefonam (Uh!), algo sem dúvida que requer anos de "escola da vida" para aprender. Ora, ora, dêem-me licença editores da Nova, que absurdo de historinha vulgar é essa que publicam, como se ensinasse algo? Se isso for alguma coisa que justifica publicação na revista, please: Parem o mundo que eu quero descer!
Quem é que gosta de ser importunado quando só deseja uma noite de orgasmos com a pessoa? Ninguém, tolas mesmo são as que ligam ou as que precisam virar vagabundas gratuitas para aprender isso, como a moça que acha que aprendeu tudo da vida por causa de um infeliz par de guampas. Ela que afirma ter virado uma "cafajeste" afirmou que não atende quando ligam. O escopo dela é sexo, e só.
Nada contra, mas não me convence. Até mesmo os homens cafajestes uma hora amadurecem e desejam achar um amor. E dificilmente encontram porque vivemos num mundo as avessas: É fácil achar companhia para uma boa, regular ou ótima "troca de fluídos" e dificílimo achar alguém que além de um órgão sexual participativo tenha um cérebro e um coração atraentes. "Aí que o caldo entorna", como diria vovó.
Não existe porque valorizar o que não é bonito: Usar pessoas e corpos como objetos. Creio que o trabalho unilateral seja satisfatório e não precise enganar ninguém. Gozo é ótimo, mas não ser cruel com quem não merece é sinal de empatia e virtude, mais ótimo ainda (não tanto no sentido físico, mas mais no moral)! As pessoas são mais do que elas tentam ou possam demonstrar, elas tem uma alma, e elas podem ser bondosas. Até mesmo a minha colega "predadora de homens" pode ser muito mais bondosa e digna do que tenta demonstrar como válvula de escape e de vingança. Vingança não ao ex, mas a si própria por ter confiado em quem não merecia. É, ninguém gosta disso amiguinha, mas enganos acontecem! Que fique para trás quem não nos merece, chutemos a bola para a frente sem precisar escorregar em campo, se sujar e se igualar ao jogador desleal que quebrou as pernas fazendo a falta.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 11 de abril de 2010.

Entre um aniversário e outro.

Entre um aniversário e outro.

É incrível a diferença que um ano faz na vida da gente. Quilos a mais ou a menos, aspecto rejubilado ou cansado, auto estima elevada ou baixa, enfim, muita coisa pode mudar na nossa existência entre um aniversário e outro, todavia, no aspecto mental podemos evoluir muito, ainda que tenhamos sofrido e o quesito psicológico esteja mais caquético que nosso físico.
Não faz mal: Corpo a gente muda, a gente ganha ou a gente compra (silicone, por exemplo), mas alma a gente não adquire e ainda que desejemos não existe plástica nela, menos ainda enxertos ou retiradas de excesso. O corpo, com a evolução da medicina se tornou apenas um detalhe em nossa conjuntura de seres humanos. O que importa é o que nós mesmos julgamos a nosso respeito.
Sinto informar ou a gente resolve bem nossos conflitos ou, simplesmente, seremos pessoas mau resolvidas. E isso não muda, apenas se nós passarmos a analisar melhor nossas experiências e tirar a sabedoria da frustração sem cultivar aquela "síndrome de gente frustrada" implícita, porém óbvia nos pensamentos: "Mulheres não prestam", "homens só desejam exibir uma mulher bonita e usar o que ela tem de melhor se possui um cérebro ativo", "as pessoas são egoístas e egocêntricas", "mulheres jovens são tolas", "homem bom é o órfão de mãe", entre outros.
Podemos nos julgar agitados, tristes, ansiosos. Como eu disse as questões psicológicas podem ser resolvidas, não para menos existem psicanalistas, livros de auto ajuda, psiquiatras e um quarto silencioso para a gente deitar e colocar o pensamento para agir e puxar nosso ânimo para cima. Ao menos, é claro, que gostemos de sofrer, de curtir uma melancolia e de pensar negativo. Bem, dai, maninho pode afiar o estilete e mirar bem o pulso porque gente negativista se mata aos poucos, logo, se quiseres abreviar...(!).
Certo é que só consegue ser feliz nessa vida quem consegue ser resiliente, quem consegue tirar proveito das experiências tristes e decepcionantes. O mesmo fogo que constrói o aço, endurece o ovo e derrete o queijo. A gente precisa ver o que desejamos ser nesta vida e focarmos nosso pensamento nisso, tirando lições dos mais variados fatos. Só assim poderemos dizer que apesar de todos os momentos difíceis que passamos somos mais felizes no aniversário de hoje do que éramos no de um ano atrás. Perde-se juventude, ganha-se sabedoria. Ou você vai querer criar rugas na alma e se tornar um ser digno de pena? Bem, cada um decide o que quer para si, hoje e sempre.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 11 de abril de 2010
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sábado, 10 de abril de 2010

Riscos da vida.

Apesar da dor, apesar dos ferimentos, apesar da mágoa, apesar da angústia é preferível cair da escada porque se tentou encostar na nuvem a viver ileso sem ter arriscado chegar ao céu. Você se arrepende de ter tentado apenas quando não logra êxito na tentativa, apenas quando a esperança se vê frustrada. Mas e se a tentativa tivesse dado certo? Não é, pois preferível arriscar algo a viver na comodidade da covardia e da inércia?
Todavia, desde que nascemos as possibilidades são de 50% para tudo: 50% as chances de ter êxito, 50% as chances de se frustrar, 50% as chances de ser feliz, 50% as chances de sofrer, mas quem é disse que depois do sofrimento não há alegria, e, quem é que diz que os felizes não sofrem? A felicidade é o estado de espírito do contente, mas ter contentamento perante a vida não significa ser imune a decepções, e consequentemente a uma boa dose de lágrimas provenientes de uma angústia triste.
Quando tomamos qualquer decisão estamos arriscando. Arriscando nossa paz, nosso esforço, nossa esperança que pode ser frustrada, mas quem disse que não vale a pena lutar por alguma coisa? Quem disse que não vale a pena dar um voto de confiança a si mesmo, aos próprios sentimentos, e ao outro quando nos pede? Quem disse, também, que o preço a pagar por acreditar em algo ou em alguém não pode ser bastante caro? Mas quem disse que não compensa? Quem disse que não vale a pena sofrer, se reerguer, mas ter vivido e, consequentemente ter experimentado na pele a alegria e a tristeza e, mais do que isso, ter se tornado alguém mais sapiente, mais sábio, mais forte, mais dono de si?
Se pudéssemos prever o nosso amanha pouparíamos lágrimas e não faríamos nenhuma escolha ruim, mas será que a vida antevista teria graça? Que graça tem a vida se não a de sabermos que não podemos ter certeza de nada, apenas que hoje amanhece um dia e que devemos aproveitar cada segundo porque nem o seu final é garantido. Viver é lidar com as incertezas, é optar pelo que acreditamos, ainda que sejamos persuadidos pelo engano. Viver é arriscar a própria pele para um dia podermos pensar: Sou feliz pelas minhas escolhas independente das lagrimas que chorei. O aprendizado ninguém leva, é aquisição eterna.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 10 de abril de 2010.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Hipócritas.

Hipócritas.

Esse mundo é mesmo muito engraçado. Você que é simpática, educada ou falante acaba levando a fama de "assanhada" (que palavra horrenda!), todavia se viver se contendo, com a cara amarrada é antipática, porém em meio a um universo de homens e mulheres tolos e de mente encolhida ficou mais bonito ser antipático do que agradável.
Ora, por que? Porque a ausência de simpatia não implica em desmerecimento de atributos morais que são estilhaçados quando as más línguas se colocam a falar mal da moça simpática do 2º andar. É cômico, pois quão fácil é se tornar socialmente respeitado neste mundo: Basta agir e demonstrar ser o que é "bem julgado", por isso os linguarudos de plantão são ludibriados e terminam tomando do próprio veneno.
Sabe-se que a senhora abastada possui um filho solteiro e interessante, ela, porém vive indo a Igreja e se considera uma promotora dos bons costumes? Como conquistar sua confiança? Saia pelos joelhos, batonzinho cor de boca e risos inexistentes ou contidos, cândidos como o de uma santa no altar. Se vai colar? Não se sabe, mas que ser desta forma falsa é mais fácil de agradar do que ser você mesma quando seu estilo é um pouco mais arrojado e animado.
A moça demonstra que deseja um rapaz batalhador, estudado e de boa família. Certamente se algum golpista ficar sabendo destes anseios será fácil a aproximação, basta demonstrar ser o que não se é e se enquadrar nos sonhos da moçoila. Esses são poucos e simplórios exemplos. Existe um pior: O povo brasileiro se considera sofrido, pobre, abusado, cultiva piedade de si mesmo, qual sua tendência? Admirar um semelhante, não para menos temos um presidente semi analfabeto que teima em manter uma áurea de "coitado" apesar de tomar vinhos de preços extravagantes e patrocinar condição de vida para sua família totalmente incoerente com seu teoricamente "módico" salário (esta é, também, uma pequena menção ao universo de incoerências da vida política e real do senhor referido).
As pessoas afirmam que não, mas a hipocrisia ronda tudo que as cativam. Os indivíduos falastrões, alegres, simpáticos, excêntricos, animados, porém sinceros assumem um grande risco sendo eles mesmos. Eles se expõe mais ao julgamento alheio. Mas, certamente é muito mais honroso ser o que se é, a ser uma agradável besta aos olhos dos juizes da vida alheia, aos olhos dos pseudo bons, dos pseudo honestos, dos pseudo moralistas que vivem a crer que são sapientes quando, na verdade, pela sua pseudo esperteza são mais fáceis de enganar do que um infante inocente.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 09 de abril de 2010.

"Coisa séria"

"Coisa séria"

Talvez quando as pessoas pararem de burocratizar relações que são mais afetivas do que jurídicas ou religiosas a sociedade se torne mais equilibrada e as pessoas mais felizes. Sem hipocrisia o mundo tende a melhorar. Outro dia ouvi de uma pessoa que aniquilou com os bons sentimentos que a esposa possuía dizer que "casamento é coisa séria" e que a infeliz deveria pensar duas vezes antes de pedir a separação. Proposta absurdamente desgostante.
Casamento não é coisa séria, com o perdão dos padres e dos juristas burocráticos. Família não é instituição é relação e como tal são os sentimentos de seus membros que devem ser cuidados e zelados. Casamento não é "coisa", menos ainda "séria", matrimônio é comunhão de sentimentos. O amor deve ser seu cerne e tem que ser encarado com seriedade. Respeito também é necessário e imprescindível, não é "coisa séria".
As pessoas não devem fazer as outras o que não desejam para elas, ai sim os relacionamentos, sérios ou não, irão fluir naturalmente rumo a estabilidade e a felicidade. Nenhum ser humano deve se rebaixar, olvidar de seus anseios, sonhos e sentimentos em prol de alguma coisa ainda que ela seja este "sagrado monstro" chamado casamento.
As pessoas devem, simplesmente amar e respeitar enquanto há reciprocidade de sentimentos. Se o outro pisou na bola uma vez e o perdão é conveniente, vale a pena ser dado. Se reincidiu na gafe, é preciso analisar a sua repercussão na auto estima e na hora ou numa próxima recidiva abandonar um barco que nasceu furado, do contrário não começaria a afundar no decurso da trajetória. Poucas coisas na vida tem mais importância que o brio, que o amor próprio.
É por isso que eu digo que casamento não é "coisa séria", os sentimentos que devem permear este e qualquer relacionamento interpessoal é que são importantíssimos e imprescindíveis. Amor, respeito, empatia, compreensão, diálogo, harmonia, tranqüilidade sim são sérios e devem ser respeitados, do contrário não adianta o padre rezar contra, o juiz intervir, a família fazer figa: A separação é um mal que vem para a salvação da auto estima e da paz do casal, porque coisa séria mesmo nessa vida, não é a lei, não são as "sagradas escrituras", nem o agouro alheio, sério mesmo é ser feliz.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 09 de abril de 2010.

Seres Inventivos

Seres Inventivos

O ser humano é extremamente criativo e possui uma rara capacidade de invenção. Você se acha incapaz de inventar algo? Achou extremamente difícil a "invenção" de um texto para passar no vestibular? Pode ser que tenha tido esta dificuldade, mas, certamente se já passou por alguma decepção na vida posso garantir que é bem mais criativo do que pensa ser.
O ser humano inventa tanto que consegue inventar outra pessoa com base nos atributos que possui, sem ter consciência do engano que esta criando. A pessoa conhece alguém e aos poucos, juntamente com o que constata no outro, começa a dar um pouco de si: Um pouco de sua boa-fé, um pouco de suas virtudes e, é claro, de seus defeitos. E desenvolve a certeza de que aquele que esta a seu lado é aquilo que pensa que é. Até que um dia descobre que estava muito enganado.
Existem aqueles que enganam, existem muitos estelionatários afetivos. Mas, sobretudo existe o homem e seu coração, o homem e seus desejos, o homem e suas invenções, suas certezas baseadas no que vê no outro e de regra vê um pouco do que tem em si, não para menos pode devotar imensa confiança e amor para quem, um dia, cedo ou tarde, se mostra desmerecedor de qualquer crédito.
Ninguém se engana por deliberada intenção. Nenhuma pessoa lúcida pensa: "Agora eu vou encher meu coração de admiração pelas virtudes que admiro, mas que ele não tem, para um dia me decepcionar, me ferir, me magoar e chorar muito". O ser humano é inventivo, mas não o faz conscientemente, termina por inventar um ser que não existe apenas porque dá para o mundo e coloca em seu julgar as virtudes que possui, da mesma forma que fazem os maldosos que desconfiam até de um santo, justamente porque eles são maus na essência. Ninguém consegue ver o mundo sem usar as lentes de sua alma.

Cláudia de Marchi.

Wonderland, 09 de abril de 2010.

Sobre o que as crianças precisam.

Sobre o que as crianças precisam.

O que os pequenos precisam para tornarem-se adultos saudáveis e capazes de sentir intensamente, de amar, de ter compaixão, de respeitar aos outros e, enfim, de que carecem para serem pessoas felizes e plenas? Uma escola boa? Cursos de línguas, uma boa fonoaudióloga e um pediatra competente? Tênis da moda e uma boa poupança? Não, nada disso.
Crianças sobrevivem com leite e pão se for preciso. Elas também não pedem para que os pais trabalhem pensando em seus estudos e na construção de um patrimônio para lhes deixar. Criança precisa de amor, de carinho, de atenção. Precisam se sentir protegidas, bem quistas, respeitadas e amadas, não precisam constatar que o carro do papai é melhor do que o do marido da babá.
Os adultos perdem a inocência no decurso da vida. Essa é uma perda lastimável, mas o pior é o ganho de ambição e ganância demasiadas. Atributos que podem ser saudáveis se bem dosados, mas que estragam casamentos e a personalidade de crianças na maioria dos casos. Quem se envolve pela ambição exagerada deixa de trabalhar para viver e passa a viver para trabalhar. Por que ama seu oficio? Não, porque deseja ter mais do que tem.
E quem é que perde enquanto a conta bancária dos pais cresce? Os filhos. Aqueles que precisam de atenção, de carinho, de compreensão, aqueles que desejam ser ouvidos, respeitados, admirados e, principalmente que precisam ouvir o quanto são adorados. Os pequenos precisam justamente do que não esta exposto em gôndolas de super mercados ou em lojas de grife.
Deixar de dar as crianças o que elas precisam afetivamente ajuda, apenas, a formar adultos infelizes que mesmo herdando milhões ou sendo muitíssimos bem formados não terão uma auto estima suficiente para se sentirem contentes na vida e, principalmente, não terão equilíbrio emocional e psicológico para darem o que não receberam e este pode ser o principio e o fim de uma vida infeliz e vazia de sentimentos valorosos.

Cláudia de Marchi

Wonderlad, 08 de abril de 2010.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Os ganhos das perdas.

Os ganhos das perdas.

O que você ganha quando você "perde"? Se você pensou "nada" é porque ainda tem muito o que aprender acerca do que realmente tem valor na vida. A paz, a tranqüilidade de espírito e uma consciência limpa valem mais do que milhões de dólares. Valem mais do que apartamento em Nova York, um hotel chique em Paris e um veraneio no Caribe. Um coração solitário que transborda amor pela vida vale mais do que ter um belo quarto para levar inúmeras pessoas que não preenchem o vazio da alma.
Você não insistiu naquela briga com a tua melhor amiga em busca da concordância dela quando você tinha certeza que a razão era sua? Fez bem. Cada pessoa tem seu ponto de vista e é preferível manter uma relação harmônica a tentar fazer o outro mudar de opinião. Cada um tem o direito de pensar o que deseja, e todos merecem respeito. Você saiu de um casamento assumindo o que não devia e perdendo dinheiro? Fez bem. É preferível assegurar a sua liberdade de espírito e seu nome de solteiro a passar uma vida ao redor de migalhas financeiras quando o prejuízo inevitável e imutável foi o emocional. Para que aumentar o desgaste se não existem lucros que supram a dor da frustração? Por orgulho, por teimosia ou por vingança? A gente ganha ainda mais quando se liberta de valores mesquinhos e quando perde a vontade de querer se mostrar valoroso aos outros. Os únicos valores que devemos cultivar são os nossos e dentre estes a paz e a tranqüilidade devem estar presentes.
Não existem perdas para quem aprende com seus erros, para quem dá valor a coisas que o dinheiro não compra e que não estão a venda em mercado algum. Vale a pena assumir o risco de perder e assumir algumas perdas para ser feliz, para manter a paz de espírito, para construir uma bela e nova história. A gente pode conquistar um mundo de boas surpresas e alegrias quando perdemos o medo de arriscar e perder, quando adquirimos a certeza de que mesmo caindo iremos levantar e seguir adiante com brio. A gente se torna realmente feliz quando olvida das perdas em prol dos ganhos que elas trazem.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 07 de abril de 2010.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Para começar de novo...

Para começar de novo...

A vida pode nos fechar algumas portas, mas nos abre muitas janelas. Janelas das quais enxergamos a tranqüilidade, a paz, a alegria de viver, o amor pleno por quem nos cerca e nos valoriza. E é através do que a vida nos mostra nas janelas que abre quando nos fecha alguma porta que iremos buscar dentro de nós a força e a coragem necessárias para abrimos a sós e por nosso arbítrio novas passagens, novas saídas, novas portas.
É duro chorar por frustração, é triste se arrepender, se sentir amargurado ou injustiçado. Todavia poucas escolas nos ensinam tanto quanto a do sofrimento, e é após alguma dose dele que conseguimos nos reinventar, nos recompor, que conseguimos começar de novo nossa vida com mais altivez, brio e, porque não dizer alegria. Alegria que só os que já se sentiram muito tristes conseguem ter. Uma alegria que lava a alma e ilumina o espírito.
Às vezes a gente é enganado. Às vezes juntamente com o "estar sendo enganado" a gente se engana. Acreditamos em palavras e afirmativas que deveríamos olvidar. E olvidamos de outras que deveríamos ouvir. É normal: Somos humanos e erramos. Erramos e aprendemos, sofremos e crescemos. Crescemos e reconstruímos nossa vida com a força que a dor nos deu.
Vale a pena sofrer, se rebelar, se machucar, chorar, mas sobreviver a toda a dor. Construir uma nova história a sós com nosso aprendizado, com nossos sonhos e nossas metas. Não existe vida sem sonho. Não existe sonho sem esperança. Não existe esperança sem fé na vida. Não existe fé sem paz, assim como não existe alegria sem contentamento, e contentamento só tem quem sabe que não mentiu nem traiu os sentimentos alheios. O segredo da vida é não ter medo e nem se acomodar diante dou após algumas dificuldades, porque fora do doce lar de nosso coração existe um mundo de boas novas, de boas surpresas e alegrias que só são visíveis e aferíveis por quem, mesmo após padecer por muita dor, não perdeu o amor pela vida.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 06 de abril de 2010.

domingo, 4 de abril de 2010

Não julgue!

Não julgue!

Não ouse se sentir alegre ou triste pelas atitudes que uma pessoa toma com a outra e não com você. Não seja emocionalmente estúpido para julgar o agir alheio se este não lhe diz respeito e não se direciona a favor ou contra você. Resigne-se e saiba que você não é senhor da razão e não sabe nada a respeito do sofrimento alheio e do que leva uma pessoa a tomar as atitudes que toma, independente de você ousar julga-las erradas.
Se uma pessoa agiu desta ou daquela forma com a outra e esta agiu de uma maneira ou de outra contra ou a favor do outro e você não estava escondido dentro da casa deles, embaixo de suas camas ou não tem poderes especiais para estar invisível nos locais de convívio dos outros cale seus pensamentos exaltados e sua própria boca quando pensar em exprimir suas opiniões de "alheio" a vida alheia.
O ato de julgar, de colocar-se em posição de juiz da vida alheia é, além de abominável, burro, estúpido. Ninguém sabe o que o outro sofreu, sentiu, passou, ninguém pode estar dentro da alma alheia para sentir sua tristeza ou sua alegria, sua lucidez ou sua semi-insanidade, sua força ou fraqueza, sua dor profunda ou felicidade, menos ainda para saber o que lhes deixou no estado de espírito em que estão, logo, ninguém tem o poder de julgar o outro embora todos sintam-se na liberdade de faze-lo.
A vida ensina e, para quem ainda não aprendeu, cedo ou tarde vai aprender quão certo é calar-se. Ficar em silêncio, abster-se de opiniões ou críticas sobre a vida que não lhe pertence, mais especificamente, sobre a vida alheia. Você não sabe o que se passa no coração, na alma e, certamente na vida íntima dos outros então não ouse falar sobre o que não sabe. Vida, cada um tem a sua para dela cuidar. Apenas isso.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 04 de abril de 2010.

Escravidão Afetiva

Escravidão Afetiva

É muito bonito ver casais juntos há anos. É animador constatar que o amor pode fazer um casamento permanecer forte por muito tempo. Todavia, algumas constatações me assustam: Casamentos antigos às vezes apontam para uma grande submissão feminina. As mulheres se escravizaram em prol de seus maridos a ponto de voltarem a "ter vida" após uma separação não esperada ou após se tornarem viúvas. Isso não é admirável, é triste.
Porque uma pessoa deixa de fazer tantas coisas que gostava em prol da outra? Cervejinha num bar? Dançar nos finais de semana? Dar risada em um tom de voz alto? Caminhar para olhar vitrines? Não, nunca mais. Por que as mulheres deixam seus gostos de lado e passam a fazer apenas o que seus maridos esperam que façam, ou, o que elas acham que eles esperam? Por que não dialogar, não deixar seus gostos expostos? Casamento é uma comunhão de idéias, pensamentos e gostos. A partir do momento em que um se coloca na posição de eterno "concordante", dizendo sim apenas às idéias e gostos do outro surge uma espécie tácita e lamentável de escravidão: A escravidão afetiva.
Pelo contrário é realmente puro e bonito ver um casal que apesar das diferenças e algumas divergências de gostos conseguem viver e se divertir um respeitando o gosto, o jeito do outro e sua liberdade. É fácil entabular um relacionamento duradouro com base na escravidão de opiniões e de idéias. É fácil conviver anos com uma pessoa quando se assume o triste hábito de chorar escondido. É humilhante dizer sim com a boca quando o coração grita não e quando a alma pensa "de novo isso? Eu odeio isso!".
Todavia a cultura machista permeou os relacionamentos antigos e continua a permear alguns relacionamentos modernos onde as mulheres cedem mais e escravizam seus sentimentos, gostos e pensamentos em prol de "seus maridos" que continuam fazendo o que gostam, limitando muito pouco a sua liberdade se comparado com suas esposas que se auto empoe maiores obrigações afetivas dentro do lar e acabam deixando de lado seus reais desejos e vontades.
"A fulana começou a viver depois que o fulano partiu": Coitada! Isso significa que durante anos ela esteve presa, amordaçada por seus próprios pensamentos e subjugada a instituição familiar, mais especificamente a posição de esposa e mãe. Ser mulher casada e ter filhos não deve onerar tanto a alma da mulher a ponto de esquecerem de si mesmas. Os filhos que amam seus pais os querem felizes e, certamente, é impossível ver alguém feliz quando deixa de lado sua própria essência.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 04 de abril de 2010.

sábado, 3 de abril de 2010

Ter ou não ter "alguém para amar"?

Ter ou não ter "alguém para amar"?

Ouvi uma amiga dizer que sente falta de "ter alguém par amar". Amar é muito bom, mas envolve uma série de aptidões, requer de nossa alma muitos outros sentimentos e capacidades, sendo, as principais a de respeitar, de se doar, de ter empatia e de saber conviver. Tão bom quanto amar é ser amado e, consequentemente, compreendido e respeitado.
Será que não ter a quem amar deve fazer falta? É bom amar alguém que engana você, que lhe ilude, que lhe usa para a consecução de planos e desejos egoísticos? Amar só é bom quando amamos quem vale a pena, quem nos ama despretensiosamente, quem nos ama por simplesmente amar, quem nos respeita, nos valoriza, nos admira. Merecemos ter tudo o que damos, inclusive o amor.
É preferível dormir sem ter em quem pensar, é preferível acordar sem pensar em ninguém. É preferível ir para a cozinha pensando em fazer uma comidinha que agrade apenas a nós, em ver o filme meloso que todo mundo (menos você) despreza. É preferível ir sozinho pra festinha, sentar num canto, tomar aquela bebida docíssima que todos detestam (menos você) a ter uma companhia para uma boa noite de sexo e só (!). Alguém que finge que gosta das mesmas coisa que você, alguém que finge que gosta de você para no outro dia lhe pedir seus préstimos profissionais ou intelectuais para lhe decepcionar e pisar em você sem dó ou piedade ao anoitecer porque você fez o que, para ele, era um escopo.
É preferível acordar sozinho as seis horas da manha para ir malhar a ter uma companhia na cama até as oito. Uma companhia que as vinte horas pode lhe decepcionar, desrespeitar ou humilhar. Não devemos sentir falta de ter alguém para amar. Precisamos amar alguém que tenha um bom coração, alguém que seja capaz de nos amar independente de nossa beleza ou feiúra, de nossa elegância ou má-forma, independente de nossa riqueza ou desfalque financeiro.
Será, pois, que é tão ruim para você viver sozinho? Será que não ter alguém para amar é "tão péssimo"? Quem pensa isso não sabe o que é dar pérola aos porcos, ou, mais especificamente, não sabe o que é dar valor a quem não merece. Não ter a quem amar é bom, não é ruim: Amar a pessoa errada é, isto sim, um imenso problema. Se é para amar que seja aquele sincero, aquele que sabe o que é amar e respeitar, do contrário é preferível passar uma vida dormindo e acordando sozinho a ter uma noite ao lado de um inimigo fantasiado de amante.

Cláudia de Marchi

Wonderland, 03 de abril de 2010.

A gestão dos maus sentimentos.

A gestão dos maus sentimentos.

Quem é que perde com seu ódio, com a sua ira, com a sua revolta? Lamento dizer, mas é você mesmo. Odiar o outro é a mesma coisa de tomar veneno ou entorpecente e esperar que o outro se intoxique ou morra. Mas como a gente consegue se tornar imune a sentimentos se somos humanos? Como alguém consegue determinar que não vai odiar alguém se algumas pessoas agem de forma tão abominável que não pode nos despertar outro sentimento?
Não podemos fugir da nossa condição humana. Quem nunca sente ira, quem nunca se revolta, provavelmente nunca vai amar, nunca vai sentir alegria, contentamento. Apenas os pricopatas são capazes de ter atitudes violentas e bruscas num momento e mudar de um momento para outro porque são tão insensíveis que nem rancor conseguem sentir ou guardar. Todavia pessoas saudáveis psiquicamente, nós, seres normais que não somos parasitas sociais não somos imunes nem aos sentimentos nobres nem aos vis.
Não podemos impedir que nossa sangue corra em nossas veias da mesma forma que não podemos prever nossas reações diante de atos hediondos, vis, atos que maculam nossa paz, nossa tranqüilidade. Mas, podemos nos controlar, podemos tentar e conseguir pensar e raciocinar mesmo quando a visão de nossa alma esta turva de raiva, de tristeza, de mágoa. E é pensando que podemos fazer melhores escolhas, que podemos dar o pulo do gato e não nos entregar a nossos sentimentos negativos.
É impossível não sentir raiva, não sentir ira ou ódio de pessoas que nos ferem, nos magoam, de pessoas que não contentes com ter abusado de nossa bondade e boa-fé no passando teimam em nos importunar e nos prejudicar, todavia podemos não nos entregar a tais sentimentos, a tais sensações perniciosas. Podemos erguer nossa cabeça, recompor nosso coração e nossa alma e seguir a vida adiante de forma equilibrada e tranqüila deixando o ódio de lado para buscar a justiça de forma mais limpa, mais transparente e não da forma que nossa ira cega aponta.
Podemos sentir a raiva nos cegar por alguns instantes, mas não devemos deixa-lá nos manter cegos. Não somos feras, não somos leões famintos. Somos humanos, somos errantes, mas somos racionais e é esta característica que deve nortear nossos atos. Devemos, pois controlar nossos bons ou maus sentimentos sem jamais deixarmos que eles nos controlem e nos dirijam.

Cláudia de Marchi.

Wonderland, 03 de abril de 2010.