Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Inércia pública.

Inércia pública.

Você pensa na lei penal e o que seria interessante para sua melhora. Você pensa na situação das rodovias do País, pensa nos acidentes que ocorrem com freqüência devido ao seu (mau) estado e nas possíveis soluções para esses problemas. Pensa num hospital público lotado e na situação das pessoas dependentes do sistema único de saúde. Pensa no aumento do número de jovens que se viciam em drogas, estragando sua própria vida e a de sua família. Todavia, existem possíveis soluções e possibilidades para a melhoria de muita coisa na sociedade brasileira, mas isso só costuma ocorrer quando os ricos, famosos ou donos de certo "status" social reivindicam.
A lei não muda porque um pobre foi assassinado, a lei não muda porque a filha de um desabonado foi jogada do 3º andar de um cortiço pela madrasta desequilibrada, o Governo não vai se mexer em prol de melhorias nas rodovias enquanto caminhoneiros e pessoas pobres, sem fama e sem status continuarem morrendo nelas, da mesma forma não vai dar subsídios para a saúde enquanto um milionário não for confundido com um pobre e morrer na emergência de algum hospital.
A população se mobiliza, se choca, quando é o filho do rico que se torna marginal, pobre é normal ser marginal, aliás, ele deve ser: Está a margem de tudo o que é digno, logo de "tudo" se pode esperar dele. As leis mudam quando a classe média privilegiada e a minoria rica são vitimadas por algum infortúnio, o Brasil anda, muda e se move quando é a classe alta quem se prejudica e quem grita, o pobre pode gritar, mas não costuma ser ouvido.
Pobres morrem todos os dias em acidentes de carro, com balas perdidas. O crack até pouco tempo era o entorpecente dos desabonados, agora esta virando vício dos ricos. Agora o consumo do crack se tornou preocupante. Até os atos desaprováveis são mais focados pela mídia quando alguém com status os comete: Acidente com encachaçado dirigindo uma Passat 89 em alta velocidade atropelando filho de operário não dá ibope, não mexe com os nervos do povo, mas filho de político, professor universitário, médico, candidato a cargo público embriagado com whisky caro, dirigindo carro importado quando acaba atropelando alguém se torna notícia em toda imprensa nacional.
E você continua a pensar na solução dos problemas da Nação. Brasileiro é paciente, brasileiro não desiste fácil de nada, mas não cansa de ter preconceitos. De repente a solução seja focar a expectativa em quem vai ser a próxima vítima dos problemas que podem nos preocupar, dependendo da situação, se for alguém da alta classe você pode respirar mais aliviado: Em breve aqueles que devem agir na defesa de todos irão agir, nem que seja manifestando concordância e dando apoio, porque o povo se contenta com mensagens e palavras bonitas vez que é acostumado com a inércia de quem elegeu. Cada povo, porém tem o governo que merece.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 27 de novembro de 2009.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Hábito de perfeição

Hábito de perfeição

Nada no mundo pode ser tão exaustivo e triste quanto a obrigação que algumas pessoas conseguem impor às outras de tomarem atitudes "perfeitas", conforme, é claro, o seu ideal de perfeição. O outro não deve cometer erros, e se faze-lo devem ser mínimos, praticamente imperceptíveis, ele pode acertar quase sempre, mas quando erra sempre seus erros são comentados, criticados enquanto dos acertos nenhum comentário benévolo se faz.
Pessoas assim, que exigem demais dos outros normalmente exigem demais da vida e de si mesmos, são pessoas que carregam, por algum motivo um descontentamento interior o que lhes faz ter pouca paciência com o que venha do exterior em seu descontento. Pessoas perfeccionistas são aquelas que vivem contrariadas com a vida (afinal, nela nada há de perfeito, com exceção de um sentimento chamado amor) procurando uma realidade inexistente no mundo.
Podem ter saúde, beleza, conforto, amor, carinho, respeito dos amigos, vivem atrás de algo que lhes falta, não se sentem em paz com o que possuem nem com quem são, nada, pois pode lhes contentar por completo, então elas não vêem, ou melhor, vêem e não valorizam o que o outro faz de bom, ou pelo menos o esforço alheio para ser bom, útil ou prestativo, todavia quando ele falha parece que a circunstância que lhe desagrada tem o efeito reverso de lhe contentar: Eles se animam a falar, a reclamar. Reclamar muito.
Quem exige demais do outro é humano, e, portanto imperfeito, logo o fato de ver que o outro também erra pode até lhe irritar, mas lhe faz sentir bem porque ele não se sente só: Não é apenas ele o errante no mundo, afinal, para quem exige que tudo seja reto e correto é confortante perceber que o outro também erra. Tudo isso é culpa de uma forma de educação que cobra que a pessoa seja a melhor, a mais inteligente, a mais honesta, a mais preparada, a mais bela, aquela que esta acima de todos, o que acaba gerando o hábito da comparação, o que além do perfeccionismo pode gerar a tosca inveja ou o fútil auto-convencimento.
Se todos compreendessem que de nada se pode exigir perfeição, menos ainda de si mesmos e de seus filhos, se todos compreendessem que ser exigente não significa ser paranóico ou grosseiro e que para levar o outro ao acerto é preciso ter paciência e carinho para ensinar e instruir, se todos se importassem com o que são e não apenas com o melhor que poderiam ser o mundo seria habitado por pessoas mais tranqüilas e felizes, logo mais perto da perfeição e da liberdade psíquica neste mundo tão imperfeito.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 20 de novembro de 2009.

domingo, 15 de novembro de 2009

Os dois abaixo são de maio de 2008;

“Teu passado te condena.”

O passado não volta, todavia ele é uma parte do homem que não pode ser apagada, pois atesta quem um dia ele foi, sendo fundamental para que ele tenha plena certeza de quem se transformou. Do passado o homem sapiente afere aprendizado. Tristes são os que lamentam seu passado, olvidando o bem que dele podem tirar.
O homem é, no presente, o resultado de suas experiências pretéritas. “Teu passado te condena”, diz a frase com fundo de comicidade. Na verdade o passado condena qualquer pessoa que queira, no presente, omitir os erros, mancadas, enganos, tropeços e atos do ontem por deles não se orgulhar.
Porém, de nada adianta ter vergonha do que se fez. Certo ou errado, bonito ou feio, imoral ou não, glorioso ou banal, rico ou pobre, vazio ou cheio, feliz ou infeliz, fugaz ou rígido, leve ou preso, conturbado ou calmo, o passado existe no pensamento de quem viveu. De nada adianta o arrependimento, o que passou tem que servir de aprendizado sobre o que se fazer ou não no amanha e de como melhor se viver o presente.
Fugir das lembranças é a melhor forma de fazer o passado surgir com os mesmos erros, no presente. Quanto mais tenta escapar, mais dele o homem se aproxima, porque só tenta fugir do que se teme, e só o que tem alguma importância para ele pode fazê-lo temer.
Assimilar o ontem, compreender as circunstâncias da vida em tal momento e própria alma pelo “não muito” que sabia e o “melhor” de si que era dado quando não tinha consciência de que, no presente, seria julgado “pouco” é a mais sábia forma de raciocinar sobre as experiências tidas na vida.
Afinal, se hoje sabe mais, pensa diferente e age de forma diversa é porque o ser humano cruzou a estrada do ontem, para pousar no presente e, quem sabe, chegar num rumo ainda mais diverso no amanha.

Cláudia de Marchi

Marau, 20 de maio de 2008.

Seguem dois antigos do mês de maio de 2008...

Sem enfeites verbais.

Em tempos de amizades virtuais, em que nos comunicamos mais por e-mail, “scraps” e afins do que pessoalmente algumas palavras se tornam “chavão” para criar uma pseudointimidade, é o tal de “amiga”, “querida”. Acho assustador ser chamada de amiga por uma vendedora, por uma desconhecida encontrada num banheiro de bar, por exemplo.
Em tempos de liberdade sexual e relacionamentos mais fugazes e sem sentimento do que um esbarrão num desconhecido em liquidação de loja popular, outras palavras tentam criar profundidade para o que foi é e sempre terá o mesmo significado: O sexo, enfeitado pelo tal “fazer amor”.
Nem minha melhor amiga me chama de “amiga”. Não faço amor com meu marido. Faço sexo mesmo, amor a gente sente, sexo a gente curte, devassa, extravasa entre quatro paredes. Sexo com amor? Ah, isso é incomparável, felizes os que podem tê-lo diariamente. Mas, “fazer amor”? Com licença, muito piegas, extremamente brega uma expressão que tenta dizer que a boa e velha sacanagem é a realização de um sentimento.
A gente não faz amor nem com que a gente ama. Sexo é realidade, pele, sacanagem, tesão, fogo, química perfeita, conjunção de lábios, braços, pele, suspiros, gemidos e aquele “que” pessoal que cada um tem na hora do prazer, coisas que não se fala por ai, sexo bom é o indiscreto, o bem feito a dois. Amor é sentimento, é dádiva divina, é um tudo neste mundo em que as relações entre sexos opostos (e entre os iguais também) estão se tornando “nadas” com nomes variados: “Eu fiquei”, “eu sai”, “eu peguei”.
Não precisa enfeites para definir o sexo, nem substantivos e adjetivos alheios à relação para buscar proximidade. Cliente é cliente, freguês é freguês, conhecido é conhecido, e amigo é amigo. Não precisa “querido”, “meu caro”, “amado”, “amigo”, “gatinho” para tentar uma intimidade inexistente. Sem hipocrisia, cada um na sua, com respeito, sem palavrinhas de “puxa-saco”.
Adornos verbais demais deixam qualquer coisa cafona, brega, tira a graça da roupa mais cara, mais bela, mais chique. O que é bonito e sincero não requer outros enfeites. Relações profissionais, superficiais existem e sempre existirão, não há necessidade de inserir palavras para “aproximar”.
Amor entre um casal na cama e fora dela é o ideal, mas, tanto os que se amam quanto os que não se amam, entre quatro paredes fazem o bom e velho sexo. Tentar enfeitar o perfeito gozo carnal com um sentimento que se goza na alma é ridicularizar o que é bom e o que é belo e, portanto, dispensa outras adornos verbais.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 23 de maio de 2008

sábado, 14 de novembro de 2009

Administrando o humor.

Administrando o humor.

Sabe aqueles dias em que você acorda desanimado, cansado, dias em que a menor contrariedade surte um efeito psíquico bélico? Esses são dias em que nosso humor varia do ruim ao péssimo e é normalmente durante o seu curso que nos tornamos farpas ambulantes ferindo aqueles que convivem conosco, quer lhes cutuquemos com palavras, quer lhes desrespeitando de outra forma, muitas vezes sem querer e sem perceber que pequenos arranhões às vezes ardem mais do que grandes cortes.
Quando estamos mal humorados desenvolvemos também a "síndrome de Rei": Achamos que o mundo tem que entender porque estamos reclamando das coisas, que o mundo tem que compreender nosso nervosismo e, enfim, que todos devem se calar diante de nossa chatice. Sim, porque não existe adjetivo melhor para um mal humorado do que o de chato.
Em dias de mau humor, dos quais ninguém esta livre ter e se tornar um "chato momentâneo", nada esta bom, tudo o que merece valor é ignorado: O dia bonito, o afeto da mãe, a preocupação do pai, a boa vontade do esposo, a dedicação do empregado, são dias em que, certamente qualquer pessoa preferiria se trancar num quarto com quatro cães e receber o afeto dos bichos do que conviver com quem expande para o mundo o seu "azedume", inclusive através de patadas.
"Azedume" era como minha tia se referia ao meu humor quando estava sem dormir e ficava mal humoradinha na infância, ficava azeda, “reclamona”, grosseira, como são todos os mal humorados que acabam azedando a doce vida de quem lhes cerca. Mas, nada como um dia após o outro para aprendermos que não adianta nos deixarmos abater pelo humor ruim. Gritarmos, reclamarmos de tudo e de todos, de nada adianta vez que a vida não vai se adequar à nossas expectativas, os problemas, que prefiro chamar de desafios, não irão se resolver, pelo contrário, quanto menos humor tivermos menos alegrias iremos atrair para nossa existência. Aliás, se reclamar adiantasse bastaria que nos sentássemos num sofá confortável e começássemos a contar nossas mazelas, porém se formos num hospital, num bairro pobre, perceberemos que os mais necessitados são, muitas vezes, mais equilibrados que nós: Pouco reclamam, poucos maldizem aos Deuses de suas crenças e sorriem muitas vezes mais do que aqueles que são abastados de dinheiro e saúde e pobres de alma e saúde espiritual.
Se quando criança tive dias de "azedume" aprendi que o sorriso faz milagres, que ter fé eleva nosso ânimo e que ser contente com o que somos e com o que escolhemos para nós - por mais difícil que às vezes possa nos parecer, - nos torna alegres e imunes ao mau humor. Quando a gente fecha a cara pra vida ela e todos que nos cercam fecharão as suas para nós, mas quando a gente sorri o universo passa a conspirar a nosso favor e, assim, cativamos quem nos cerca e, principalmente, nos tornamos admiráveis pela boa energia que transmitimos e não pela nossa chatice contumaz.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 14 de novembro de 2009.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Silêncio abençoado.

Silêncio abençoado.

Conversar é bom, interagir, ouvir o outro e sua forma de sentir e pensar, interagir, independente da existência de concordância, todavia, falar, apenas, não é nenhuma dádiva, pelo contrário, pode se tornar algo muito perigoso, por melhor que seja nossa sensação após um belo desabafo. Falar só é bom quando o outro esta disposto a ouvir e, principalmente, a respeitar nossas idéias ainda que sejam contrárias as suas.
Foi por estes e outros motivos que me tornei fã do silêncio. De que adianta falar se o outro vai ignorar, ou, pior se vai sentir seu ego ferido e causar uma discussão? Porque dizer o que pensamos se a outra pessoa não esta preparada para ouvir nada que lhe contrarie e vai se colocar na posição de vítima e de ofendida, nos sujeitando a um escândalo e colocando o resto de nossa paciência à prova? Silenciar, orar, fechar os olhos, relaxar, tomar um bom banho, degustar um belo sorvete ou chocolate, deitar e quiçá dormir são os melhores formas de conter as palavras iracundas que amargam nossa garganta.
Insistir em dar nossa opinião, em dizer que as coisas podem ser desta ou daquela maneira para quem teima em agir de outra forma é uma atitude praticamente tão estúpida quanto a do teimoso. O teimoso é ignorante, não podemos nos igualar a ele. Se ele acha que tudo que faz é perfeito, que suas idéias são as melhores e que ele é praticamente infalível em tudo o que faz não serão nossas humildes e pessoais idéias que irão muda-lo, e outra: Para que tentar mudar alguém?
Vamos silenciar, poupar nossa pele, dificultar o surgimento das irritantes olheiras, aprender a dar de ombros para a grossura e ignorâncias alheias e deixar que eles aprendam a viver, a ser cordiais e amorosos sozinhos e, caso não aprendam, o azar é de quem? Deles! Vamos nos preocupar com os sorrisos que podemos dar, com a beleza que nossa alma pode irradiar, com os momentos alegres que somente pessoas de espírito leve podem ter e com tudo o que a vida tem para nos ensinar, afinal não somos professores de ninguém, somos mestres, isto sim, de nossa própria história.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 12 de dezembro de 2009.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Quando se ama.

Quando se ama.

Se você tem a dádiva de amar a ágüem cuide de seu coração. Compreenda, respeite, sinta sua sensibilidade, sua doçura veja o bom agouro por trás da atitude atabalhoada, vá além, interprete seus atos de amor, seus atos típicos do coração.
Como todos, nem o ser mais imerso em amor neste mundo é incapaz de falhar, todavia jamais errará querendo, jamais cometerá um equivoco com a intenção de fazê-lo, por maior que seja seu lapso.
Amar, pois, significa compreender, respeitar, significa dar flores e não apedrejar significa entender o outro e dar-lhe um fraterno abraço ao invés de esbravejar e deixar a irracional brutalidade prevalecer.
Age com brutalidade o homem que se faz indigno do amor que merece e aquele que mente que dá. Quem ama coloca-se no lugar do outro e, portanto, jamais é capaz de gritar, esbravejar e ser grosseiro com aquele que lhe devota olhares ternos e apaixonados. Com aquele lhe que além de lhe respeitar, lhe admira.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 10 de novembro de 2009.

Dignos de pena

Dignos de pena

Você tem o direito de sentir raiva. De sentir muita raiva. Você tem o direito de ficar bravo, quase como um cão raivoso, todavia, ao contrário dos cães você tem que aprender a lidar com sua ira, com sua raiva e brabeza.
O principal caminho é entender que nem mesmo aquele que causa tal sentimento em você merece ser desprezado, merece receber o troco na mesma moeda. Seu dever enquanto ser humano é aprender a lidar com as suas fraquezas incluída a ira que se manifesta através do perfeito descontrole sobre si o que transforma o homem num ser patético, digno de pena.
Fique bravo, fique com raiva, com ira, mas bata contra uma borracha, dê 4 voltas no quarteirão, pedale rápido, pare, pense, reflita, é o outro que lhe causa a raiva ou você é, naturalmente um ser descontente com a vida que tudo leva a macular seu sensível ego de quem quer ser além das perspectivas?
Errar é humano, pedir perdão é divino, mas ser raivoso é grotesco, é vil, é animalesco, ser incapaz de controlar seus próprios impulsos caracteriza o homem de seu pior adjetivo o de “pobre coitado”, vez que faz cenas insanas buscando razão e argumentos em acontecimentos passados e sem sentido algum, São, pois plenamente dignos de pena,

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 10 de novembro de 2009.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Quem estimamos e suas escolhas.

Quem estimamos e suas escolhas.

É uma mania imatura a de se importar com o que os outros pensam de nós e é uma mania estúpida e ignorante a de sonhar em nome do outro, a de desejar benesses na vida de quem não nos pertence ainda que tenhamos a dádiva de chama-los, por exemplo, de filhos. Podemos ser pais amáveis, adoráveis, mas de nada adianta ansiarmos que nossos filhos sejam os melhores em tudo, que casem com a moça mais linda e rica, que tenham o marido mais afetuoso e preocupado: As escolhas serão sempre deles e desde que sejam felizes sempre serão as suas "escolhas corretas".
A maturidade ensina que não podemos querer ser a sobrinha preferida, a nora estimada, o genro adorado, o filho admirado. Não porque não tenhamos atributos para tanto, mas porque o que consideramos virtuoso pode não ser o mesmo que aquele que nos julga considera, logo fica óbvio que o desejo de ser querido por todos é um anseio demasiado infantil.
Somos o que somos, com nossas virtudes e defeitos e, sem dúvida alguma devemos esperar amor e admiração apenas daquele com os quais venhamos, por exemplo, a nos casar porque tanto ele quanto nós tivemos oportunidades de escolha. Devemos casar conhecendo as virtudes e as fraquezas do outro nos mais variados aspectos (psíquicos, afetivos, financeiros), devemos nos unir com alguém quando estamos com os pés na realidade sem esperar um príncipe encantado ou atitudes eternamente "adequadas" aos nossos ideais apaixonados, pois, do contrário é frustração na certa. O amor verdadeiro é aquele que se exerce com liberdade, tanto no respeito ao espaço do outro como a sua forma de ser e à seus sonhos.
Da mesma forma acontece com nossos amigos, afinal nenhum relacionamento nasce por acaso, mas não é por acaso que eles permanecem: Nós escolhemos aqueles à quem atribuímos o adjetivo de "queridos" e de "companheiros", todavia se idealizarmos pessoas perfeitas e de acordo com nossos desejos íntimos certamente seremos individuos solitários: Ninguém se enquadra perfeitamente nos sonhos de ninguém, as pessoas são o que são, basta que tenhamos amor para lhes dar e respeito para aceita-las.
O que vale na vida é a premissa da liberdade e do amor: Todos são livres para viver da forma que desejam, para serem como são e agirem como querem, bem como para saberem e escolherem o que julgam ser melhor para si. Se temos amor no coração iremos expandir este sentimento através da sua maior forma de manifestação que é o respeito. Devemos ser livres em nossos sonhos sem ter a audácia de sonhar e ansiar pelo outro o que só à ele é permitido aspirar e realizar, devemos amar com liberdade e respeito entendendo que nada nem ninguém irá se adequar à nossos ideais, enfim, ou aceitamos o outro e a nós mesmos ou seremos eternos infelizes em busca da perfeição inexistente no mundo, eternos, pois seres descontentes na vida.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 09 de novembro de 2009.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Os que falam de si.

Os que falam de si.

É preciso muita maturidade para viver em interação com o mundo sem se deixar influenciar pelas opiniões alheias. Todavia, é certo que ouve mais opiniões e palpites aquele que expõe suas idéias, forma de pensar e viver na intimidade com menos ponderação, com mais freqüência, todavia certo é que se é preciso ter coragem para expor situações pessoais e intimas é preciso o dobro para ouvir os palpites alheios sem se irritar ou se "afetar" por eles.
Bom seria se as pessoas pudessem se abrir com aqueles em quem confiam e que estes limitassem sua intervenção e lhes respeitassem vez que quem compartilha vivências e experiências é porque possui a alma inocente e confia no ouvinte, logo merece ser respeitado. O fato de falar, de expor o que pensa e o que faz não significa que a pessoa esteja pedindo conselhos, muito menos que ela esteja se sujeitando a críticas e deboche.
O problema é que o mundo se acostumou a ser hipócrita: A maioria se esconde por trás de máscaras de pessoas "corretas e justas", de pessoas "muitíssimo discretas" e acima de "qualquer suspeita" para evitarem criar contato com o outro e, principalmente, por medo de serem julgadas. As pessoas aprenderam a não confiar no outro principalmente porque mal confiam em si mesmas e em sua capacidade de sustentar sua forma de pensar e de ser diversa e única.
Os indivíduos se acostumaram a viver imersos em medos e receios sendo que o pior de todos é o de assumir ser quem são e, além das atitudes é através da expressão verbal que o ser humano se expõe ao mundo, assim o homem tem medo de falar, de contar como vive intimamente porque sabe que a maioria vive fechada, silenciosa, mas sempre apta a criticar e tripudiar sendo que o seu silêncio é perigoso: Silenciam a respeito de sua intimidade mas adoram julgar, falar mal da vida alheia, se colocarem em posição superior e fornecer conselhos como se fossem velhos sábios.
Se uma pessoa tem uma forma de ser mais extrovertida, se ela fala o que a maioria hesita em dizer ou contar sobre si mesmo ela merece respeito, merece ser ouvida e não aconselhada ou criticada. Dar uma opinião diversa é saudável, todavia criticar, sarcastizar, zombar ou, o que é pior, ousar dar conselhos é desnecessário, em especial porque quem quer ser aconselhado pede a opinião do outro e não manifesta a sua aliás, geralmente, quem pede conselhos é quem se garante menos a ponto de falar muito pouco de si, só o fazendo quando precisa de uma "força moral" e, realmente de um bom conselho.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 06 de novembro de 2009.

O melhor legado

O melhor legado

Ninguém reconhece o que não conhece: As pessoas são cegas para aquilo que não percebem do ponto de vista psíquico ou afetivo. Uma pessoa gananciosa, que valoriza e superestima bens materiais e o acumulo de dinheiro sem que possua cultura ou compaixão jamais vai elogiar ou valorizar uma pessoa desprovida de bens materiais, porém de coração terno e afetuoso ou de nível cultural interessante.
Os homens têm os olhos para ver o mundo, mas suas opiniões preconcebidas lhes cegam e lhes tornam incapazes de muitos atos fazendo deles seres ignorantes de alma apesar de todos os adornos que possam colocar ao seu redor. Coitado não é o homem que não enxerga, mas aquele cuja visão e opinião são limitadas ao pouco que vê, ao pouco que apreende do mundo. Por esta e outras razões não podemos viver desejando a admiração, apreço ou valorização alheios.
Devemos viver de forma a sermos felizes conosco mesmos, a termos um salutar orgulho de nossos atos (brio), formas de ser e pensar, a sermos contentes com o que somos, sem esperar que, num mundo de tantos disparates, alguém possa nos admirar ou valorizar, em especial pelo fato de que todo ser humano é diferente entre si e o é digno de admiração para um, para outro nada significa.
É claro que existem pessoas de alma humilde que apesar de pouco conhecerem a respeito de cultura, por exemplo, admiram pessoas cultas e bem articuladas, todavia existem as pessoas pobres de espírito que podem ser muito ricas, mas continuam sendo pobres, ignorantes e, principalmente orgulhosas, pois se tornam escravas do dinheiro e só à ele valorizam, independente do outro ser bondoso, esforçado, trabalhador, bem educado, estudioso ou culto, ele não tem àquele para quem venderam suas almas: O dinheiro, o alto poder aquisitivo, que, muitas vezes nada adquire, apenas acumula bens para outras gerações cultivarem, e seguidamente se tornarem culpados por grandes e tristes desavenças. Eis que, de todos os legados o maior é o do amor, do carinho, da educação que valoriza o outro e com ele se compadece, assim como o do estudo, da cultura, do trabalho, da racional e emocional inteligência e da constante ponderação.

Cláudia de Marchi Pagnussat

Marau, 05 de novembro de 2009.