Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Mania de confiar

Mania de confiar

Tem gente que leva uns sopapos da vida, mas não perde a esperança. Eu, ao menos não perco a mania de apostar nas pessoas, de confiar nelas. Não sei por que, mas há alguns anos trás eu era muito mais “desconfiada” do que sou hoje, na verdade não tenho mais tal “característica”.
Antes eu dizia que “confio desconfiando”, hoje digo que confio de coração nas pessoas que presumo serem confiáveis, e, ainda que eu chegue a me enganar não consigo generalizar e passar a desconfiar de todos.
Amadureci, cresci. Deixei de ser insegura, ciumenta e tola. Hoje confio muito mais em mim do que em outros tempos, e, também confio mais em quem desperta bons sentimentos em meu coração que esta muito mais leve e ciente do que deseja do que na época em que desconfiava demais.
Não tenho medo de me decepcionar, mas sim de me tornar aquele tipo de gente “ranzinza” que desconfia de tudo e de todos cavando a cova de sua própria solidão, afinal o homem que se acostuma com ela esta morto e não sabe.
Não vislumbro a possibilidade de ser feliz sem ter esperança de que existam pessoas realmente sinceras e honestas no mundo. Viver desconfiando, temer a tudo e à todas atitudes alheias não é viver, mas dar um passo a mais por dia rumo à morte.
Rumo à solidão, aos recalques, à infelicidade, porque uma pessoa que desconfia demais é insegura, e pessoas inseguras não conseguem ser, realmente, felizes na vida. Elas existem, apenas, não vivem realmente.
Eis que a única espécie de gente em quem não confio mais é naquela que se apregoa “desconfiada”. Quem desconfia demais tem dor na consciência ou demasiada insegurança - tanto uma como outra são características de quem não merece a companhia de alguém de alma limpa e pura.
Detesto afirmativas categóricas (“categoricamente estúpidas”) tipo: “Nenhum homem é sincero”, “Mulher é interesseira”, “Todos os homens traem”. São o cúmulo da característica de quem nem em si mesmo confia e por isso desconfia das pessoas do sexo oposto, transformando a própria vida afetiva numa selva onde todos são mal julgados.
Eu não deixo de confiar no amor, no bom caráter do bom homem, na boa índole das boas mulheres. Na fidelidade de quem ama e daquele que é bem “servido” de parceira, acredito que as virtudes superam os defeitos quando as pessoas gostam realmente uma das outras, creio, pois que a verdade impere nessas circunstâncias.
Toda generalização é burra sendo que a “estigmatização sexista” conduz às pessoas rumo à introspecção, rumo à solidão e ao desamor. Eu acredito no amor, nas pessoas e nas suas virtudes. Nem todos merecem minha confiança, mas jamais irei generalizar tal fato. Caio, levanto, ando, mas não desisto de olhar para frente, com esperança e autoconfiança.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 14 de outubro de 2006.

A sabedoria e o amor

A sabedoria e o amor

Às vezes eu mesma me pergunto por que gosto tanto de falar, de escrever sobre o amor. O amor é a força motriz da vida humana, já afirmei este fato. Só quem já amou alguém, quem já se relacionou ou talvez, já confundiu paixão, desejo, carinho, e até mesmo “costume” com amor, sabe da importância de tal palavrinha de quatro letras no quadro de nossa vida - ela torna o fundo negro, algo mais claro, mais iluminado.
Pode um homem ter mil mulheres, fortuna avaliada em milhões, pode uma mulher ter inteligência fenomenal, um corpo magnífico e um rosto perfeito, pode ela ter todos os homens a seus pés, tudo muda depois de ter apenas alguém: Um amor para chamar de seu.
Existem definições magníficas para o amor, e o Rogério Flausino, vocalista da banda mineira Jota Quest foi extremamente feliz ao afirmar: “Amar não é ter que ter sempre certeza, é aceitar que ninguém é perfeito pra ninguém e poder ser você mesmo e não precisar fingir, É tentar esquecer e não conseguir fugir, fugir (...) Já pensei em te largar já olhei tantas vezes pro lado, mas quando penso em alguém é por você que fecho os olhos.”
O amor às vezes assusta, assusta por ser inexplicável. Você pode explicar a beleza de seu amado, as virtudes que ele possui, os defeitos que têm, mas, no fundo, não consegue explicar o porque o ama, o porque ficar longe dele, o porque romper os laços é tão dificil, praticamente impossivel. O porque do “tentar esquecer e não conseguir fugir”.
Todavia, tudo se torna mais simples quando a gente entende a primeira frase do estrofe da música, ou seja, o amor não requer certezas constantes, mas deve trazer consigo uma: A de que amar alguem implica em compreender que o amado não é perfeito, (você também não) e que, ninguém deve caber no outro- as pessoas devem somar, e não se “perfectibilizar” como amendoin no melado.
As diferenças existem e devem ser respeitadas, porque é através delas que ambos podem crescer- um sempre tem algo a ensinar ao outro. O relacionamento a dois é a síntese mor da vida em sociedade, mas agraciada com o maior dote que os deuses nos lançaram- o amor.
“Feitos um para o outro” é frase mais afim com o romantismo do que com o amor. As pessoas são românticas, o amor não. O amor se conjuga no presente- a gente não perde um amor de verdade, a gente deixa passar pseudo-amores, o amores verdadeiros são reais, estão no hoje, sentados no nosso sofá, dormindo na nossa cama, ou reclamando de alguma coisa- mas estão ali, ao nosso lado.
Todavia, se estiverem apenas em nosso pensamento é porque andou nos faltando coragem para vive-lo intensamente, paciencia para nutri-lo, para ir busca-lo, porém se houver eco no coração do outro, sempre há tempo: As oportunidades são criadas, basta querer.
Ao nosso lado esta nosso amor do presente: nos fazendo felizes por existirem, por sorrirem, por nos olharem ternamente. Pessoas, pessoas como nós, capazes de ser extremamente chatas e irritantes às vezes, mas independente disso, amadas. Inexplicavelmente amadas e queridas. Sua presença nos faz falta, sua falta nos maltrata, nos tortura e nos torna mais irritados do que ficamos frente às brigas tolas.
Gosto e sempre vou falar de amor. Nasci em meio ao amor, “amada Cláudinha” esta escrito no meu primeiro álbum que “a mamãe formou, sempre com a ajuda do papai”. Minha mãe escreveu isso, e segue a vida me amando, o “papai” já não esta a seu lado, mas o amor entre eles foi real, triste é o fim, é ver que as traças da falta de zelo, de cultivo, de presença e de honestidade plena podem acabar com o que de mais precioso um homem pode construir.
Todo fim leva de nós um pouco de vida (porque viver é sonhar, é planejar), mas trás a força e a descoberta de que ter amor próprio é uma questão de sobrevivencia. O amor por si só não nos dá um atestado de eternidade, ele é um mistério que requer a sabedoria como aliada. Apenas os sábios conseguem aprender a se relacionar e a cultivar um relacionamento, e, consequentemente a manter o amor vivo mesmo diante das intempéries da vida.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 05 de abril de 2007.

Seres do bem

Seres do bem

Se de um lado existem os egoístas, orgulhosos, pessimistas, mentirosos ou sociopatas, por outro lado a vida coloca em nossa vida pessoas muito especiais. De repente, inusitadamente, de um instante para o outro nosso coração começa a bater diferente, nosso sorriso volta a se abrir espontaneamente para a vida.
De repente, sem justificativa exata ou racional, conhecemos uma pessoa que combina conosco, que fala o que sente sem medo, que manifesta suas emoções. Pessoas de coração aberto, de alma limpa.
Acredito que o Universo vem nos trazer pessoas boas quando somos bons, embora já tenhamos tido experiências ruins. Pessoas justas, amáveis, sinceras e bondosas um dia atraem pessoas com tais características.
O bom não se mantém preso ao mal por muito tempo, e vice versa. Mas almas límpidas, corações bondosos, coração que ainda tem a inocência para crer no amor não esmorece mesmo após ser maltratado ou sofrido decepções.
O amor próprio diz: “Vai, um pouquinho mais adiante que você verá o tesouro no fim do arco-íris”, e alguém pode duvidar do primeiro tipo de amor que devemos ter? Não.
É seguir adiante para esperar a surpresa agradável de, “de repente, não mais que de repente” conhecer uma pessoa especial, do jeito que sempre sonhávamos. Defeitos? Como nós ela terá os seus, mas o amor é o pai do respeito, e este sabe relevar, aceitar e perdoar. O importante é sentir no peito aquela sensação magnífica que só sabe quão boa é quem já a sentiu.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de fevereiro de 2009.

Seres do mal

Seres do mal

A vida e suas peças. Assim como uma casa só tem graça, só adquire personalidade de acordo com as características do seu dono que nela fez um lar, a vida de cada um tem as suas características.
Existem pessoas que vivem de mentira. Existem pessoas cuja vida se torna um mar de mentira, em que elas chegam a acreditar nos absurdos que inventam para se passarem por bonzinhos, vítimas da má-fé alheia, serem queridos e respeitados. O famoso “jogo da pena”.
Gente que no fundo é incapaz de amar à alguém, gente que não aceita perder, que mente para não assumir uma derrota, pessoas de espírito pobre que julgam que o ataque é a melhor defesa. Pessoas más, praticamente sem alma. Psicopatas que andam ao nosso lado. E eles nunca mudam porque sempre acham que estão corretos. Sem cura: Frios, sem sentimento de culpa, com tendência para persuadir aos outros, tudo isso com uma boa dose de charme e certa eloqüência.
É bom estar sempre atento a cada fato, às pequenas circunstancias que envolvam ataque desproporcional a ofensa, defesa exagerada de ponto de vista, impulsividade, agressividade, pessoas que querem sempre ser bem julgadas e que se acham mais importante do que estão, que se superestimam como megalomaníacos e narcisistas, afinal, “o psicopata mora ao lado”
[1], e a maioria deles não costuma matar, mas podem destruir vidas do ponto de vista emocional.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 11 de fevereiro de 2009.

[1] Baseado no livro “Mentes Perigosas: O Psicopata mora ao lado”, da autora Ana Beatriz Barbosa Silva.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A responsabilidade inerente ao amor.


A responsabilidade inerente ao amor.

Já escrevi muito sobre o amor e relacionamentos entre as pessoas. Mas este tema não tem fim. É no amor que nos realizamos, que reconstruímos, construímos ou arruinamos com parte de nosso coração. Não existe dinheiro que minimize a dor da perda de um amor, não há psicotrópico para isso, da mesma forma não existe elixir para a dor de quem se arrepende de algo.
Todos são iguais perante a dor do amor. Com exceção de quem não sabe amar. Mas, ora, existe quem não o saiba? Sim, existe quem seja disso incapaz.
Para viver um amor e manter uma relação é necessário tirar o foco de seu próprio mundo, é preciso saber ver e vivenciar o amor: De forma saudável ele, o ser amado, deve ser nosso porto seguro, de aconchego, carinho, risos, abraços, prazer e nosso ombro na hora em que precisamos chorar.
Para manter uma relação legal, com união, é preciso saber deixar de fora dela os problemas de índole profissional ou econômica, é preciso tentar “separar” as situações, ou, em não conseguindo não fazer que os problemas de “fora” da relação influenciem negativamente nela. Todos nós temos o direito de ficarmos aborrecidos e com raiva, já disse Shakespeare, mas ninguém tem o direito de ser cruel com o outro. Ignorar, não falar, nem desabafar com quem se diz amar é uma forma lamentável de feri-lo.
O fundamental para se viver um amor, é, pois, ver nele o que ele é: Um recanto de paz, de harmonia, ver no nosso parceiro alguém em que podemos confiar, desabafar e apesar de tudo que ocorre fora de nosso recanto, ser amado e admirado e sentir-nos amados e contentes, ao menos porque conhecemos o que é o amor e o bem estar que ele pode gerar.
O fundamental da vida e das relações que nela entabulamos consiste em dar o que se deseja receber, de fazer o que se deseja seja feito para si, e de se manter dentro desta baliza. Ignorar o outro, não pedir perdão, não abraçar, não demonstrar sentimento, não acarinhar, não dizer nada que manifeste o sentimento é pedir para que o outro se decepcione, se frustre, se canse.
E caso ocorra frustração? E caso o amor termine? Há dor, sensação de perda, mas nenhum amor acaba quando, como uma planta for bem regado, ninguém tolera ou aceita perdoar facilmente o que lhe afetou a auto estima e o auto respeito, por isso do inicio ao fim de relacionamento precisamos cuidar do nosso coração e do de quem amamos, se assim agirmos, certamente não será necessário falar em “término”. Quando amamos alguém e resolvemos ter ela em nossa vida assumimos responsabilidade pelo seu coração também.
É fácil, mas tem gente que não sabe amar, tem gente que esquece do que falou ou fez, que busca razão em detalhes, que não admite nada, tem gente que mente que ama, tem gente, como diria o Renato Russo, que esta ao nosso lado, mas deveria “estar do lado de lá”, aqueles que machucam os outros, aqueles que não sabem amar. Todavia, um dia a gente vê, cai em exaustão, e, “fim”.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 08 de fevereiro de 2009.