Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

terça-feira, 30 de setembro de 2008

As escolhas do homem

As escolhas do homem

Quais as diferenças básicas entre uma pessoa madura e uma imatura? As escolhas. Aliás, se conhece a pessoa pelas escolhas que ela faz, pessoas fúteis escolhem a futilidade, pessoas de coragem escolhem os desafios, pessoas covardes escolhem o que é cômodo, pessoas banais escolhem ter, pessoas sábias escolhem ser, pessoas intensas escolhem sentir, pessoas superficiais escolhem gozar.
A vida é, sim, feita de escolhas e as pessoas, os astros nesse imenso teatro, podem ser conhecidas pelas opções que fazem. A gente escolhe com quem se relaciona, a gente escolhe os conselhos que desejamos ouvir bem como o conselheiro que queremos, a gente escolhe o melhor caminho para ser feliz, o melhor travesseiro para abrigar nossos sonhos e a nossa consciência. Somos nós quem escolhemos entre o arrependimento e o aprendizado, entre a reclamação e a perseverança, entre o amigo falso e o sincero, entre as companhias banais e o amor verdadeiro.
O homem só não escolhe o momento em que nasce, nem o momento em que sua vida findará, de resto, entre seu nascimento e morte, tudo são escolhas e, querendo ou não, toda a responsabilidade pelos resultados delas advindos é sua, de quem a faz, de quem, podendo, pôde fazer escolhas diferentes. Ninguém é escravo de ninguém, apenas os fracos se entregam para algum vício ou hábito, e pessoas fracas existem, não vivem, andam como mortos pelo mundo sem perceber sua condição.
Se é fato que o homem é as escolhas que faz, é sempre bom analisarmos a situação de quem desejamos inserir em nossas vidas e coração. É analisando as suas escolhas que percebemos o caráter, a essência por trás da aparência, o coração por trás das palavras do individuo.
Nada muito complicado. A vida é simples, o lamentável é que o ser humano adora complica-lá tentando deixa-lá mais parecida com ele, afinal, infelizmente a maioria é complicada e descontente com a vida, devido as escolhas erradas que fez, das quais não conseguiu fugir das conseqüências. Existem estradas na vida que não tem retorno de fácil acesso, uma delas é a da banalidade.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 30 de setembro de 2008.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O molho desandado e a persistência

O molho desandado e a persistência

Poucas vezes fazendo meu molho de maionese aconteceu dele "desandar". Para quem desconhece essa culinária esse molho desanda quando não endurece, colocamos ovos, azeite e, batendo no liquidificador ele demora para endurecer, ficando meio "aguado". Na esperança dele ficar bom vamos acrescentando cada vez mais azeite e ele continua mole, feio. Após constatar que ele desandou realmente percebemos que colocamos mais de 6 ovos e um litro de azeite fora investindo no molho que desde da primeira batida estava fadado a não dar certo.
Via de regra a maionese quando fica boa começa a endurecer com um ovo apenas, nas primeiras colocadas de azeite e batidas. No entanto, colocamos mais ovos e mais azeite na tentativa de fazer o molho ficar bom. Domingo aconteceu isso comigo: Estava fazendo o molho, coloquei quase um litro de azeite para, ao final, ter que colocar fora uma medida inteira de liquidificador fora.
Na vida da gente às vezes tentamos investir no que esta fadado a não dar certo. O problema é que desperdiçar ovos, azeite e alguns reais não macula nosso coração, o problema é quando investimos esperança, sentimentos, na crença de que algo possa melhorar, mudar de rumo. É nobre persistir, é nobre pensar que o que não foi bom pode melhorar. Até homicidas mudam de vida quando querem, o problema é que nem sempre as pessoas querem de verdade mudar alguma coisa. E não existe mudança sem vontade, sem esforço, sem abdicação.
Os ovos, o azeite e o liquidificar são coisas, eles não pensam, somos nós quem pensamos e achamos que podemos fazer o molho "desandado" ficar bom, somos nós e os ingredientes, dos quais apenas nós pensamos. Numa relação entre pessoas ambas têm vontade, e muitas vezes apenas uma possui força de vontade para fazer algo dar certo, e é ai que tudo desanda e vem a vida dizendo: Não adianta investir sozinho no que foi fadado ao insucesso.
Mas, insistimos porque não nos conformamos, porque achamos que podemos fazer algo errado se tornar direito, achamos que podemos fazer algo torto ficar reto. Mas não podemos, e, como quem insiste no molho de maionese desandado, estamos investindo nosso anseio no que, visivelmente, não tem conserto. Todavia, é errando que aprendemos, e de cada mancada surge um aprendizado, não necessariamente uma ruguinha a mais na face, mas, certamente e para quem deseja, um pouco de maturidade a mais.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 29 de setembro de 2008.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sociedade Afetiva

Sociedade afetiva

Toda sociedade precisa do empenho de seus sócios. Empenho na mesma medida, embora cada qual com suas habilidades especificas. Nenhuma sociedade pode dar certo sem que a discórdia passe a reinar quando um se sente prejudicado pela leniência, pela incompetência ou falta de dedicação dos demais sócios. O casamento é uma sociedade conjugal, a união estável uma sociedade conjugal de fato, embora sem testemunhas e demais detalhes burocráticos.
Na verdade desde o namoro todo relacionamento sério se torna uma sociedade, onde as quotas não são aferíveis pecuniariamente, e o investimento básico é a doação do amor, da paciência e, enfim , de afeto. Como em toda sociedade, na medida em que as forças são despendidas de forma igualitária maior será a possibilidade de sucesso. Por outro lado, relação em que apenas um se doa e se empenha para fazer dar certo, a falência é o rumo.
É complicado se relacionar? É complicado ser casado? Não, não é. Já fui e afirmo que não é nada complicado, o problema é a falta de boa vontade mútua porque é preciso doação de ambos. Nenhuma relação dá certo quando uma apenas se doa e se empenha e o outro se resigna a cruzar os braços, lamentar e dizer que é "difícil conviver". Nada da certo quando alguém tenta dificultar e complicar, fugindo do diálogo, por exemplo, e, assim, não se empenhando para fazer a relação evoluir com a superação dos percalços, que são inerentes a um relacionamento entre pessoas diferentes.
Doação do que, na verdade? De alma, de coração. Quem ama tenta entender o outro, se coloca em seu lugar. Quem ama não diz ou faz o que não gostaria de ouvir ou de receber, em forma de atitude, do outro. É ser indulgente, é mesmo após um dia ruim ouvir o outro e lhe dar a mão. Apenas isso, doar afeto e carinho. Cuidar e deixar ser cuidado, sem orgulho ou egoísmo (este último é o inimigo mor do amor).
Cada um com a sua opinião, mas pessoas simples não complicam a vida. Quando existe amor não há porque complicar a situação. O amor é o maior fator de descomplicação do mundo, se a relação entornou é porque faltou esse fator, faltou boa vontade, faltou doação. Quem ama se doa, ouve, fala, esclarece, respeita, descomplica, busca simplificar. Lógico, quem ama e quem tem o mínimo de equilíbrio emocional, de inteligência emocional, enfim.
Se para um negócio entre sócios dar certo é preciso parceria e inteligência, para um casamento dar certo da mesma forma, além da lealdade, é preciso inteligência, vontade, doação, empenho. Não é à toa que a maioria dos casamentos não dão certo, via de regra um se acomoda, reclama e o outro se dedica, e é este quem tende a cansar e desistir decretando a falência do que poderia ter dado certo.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 23 de setembro de 2008

Uma nobre desistência

Uma nobre desistência

Li hoje uma frase de autoria atribuída à Bob Marley e me encantei: "Difícil não é lutar por aquilo que se quer, e sim desistir daquilo que se mais ama. Eu desisti. Mas não pense que foi por não ter coragem de lutar, e sim por não ter mais condições de sofrer". Essa frase fala muito para quem, por uma razão ou outra teve que olvidar do amor e de sua força, para se auto-preservar, para salvar o próprio coração.
O ser humano pensa que o amor cura tudo, supera tudo, mas ele não cura, ele não supera. As pessoas pensam que quem ama nunca desiste, não cansa, mas elas estão enganadas porque todo amor que podemos sentir com sinceridade por alguém, é fruto do primeiro amor que podemos ter- o por nós mesmos, e é este que, mediante o sofrimento, um dia ou outro, se ergue e nos faz dizer: Desisto.
Nem todas as pessoas amam ou já amaram verdadeiramente alguém na vida, poucos são os que, por se amarem, tendo o espírito humilde e a alma limpa, conseguem entregar seus sentimentos de verdade numa relação. Felizes os que já amaram ou amam desta forma, porque o amor trás paz, trás felicidade e harmonia para o espírito de quem o sente vibrar.
Todavia, se é verdade que nem todos amaram verdadeiramente na vida também é fato que nem todos precisaram desistir, por brio, de lutar por um relacionamento, por um amor que poderia ter sido e não foi: Poderia ter sido harmonioso, poderia ter sido legal, poderia ter dado certo, e por um motivo qualquer, um erro, uma distração típica dos que não percebem o sentimento alheio, uma falta qualquer, inclusive de reciprocidade, não deu.
Não desejo à ninguém a desistência de um amor por não suportar mais alguma dor, mas admiro os que conseguem desistir do que outrora era desejado, sonhado, estimado. A dor ensina, principalmente os que não aprenderam pelo amor, que, por sua vez, fortalece aquele que o sentiu e precisou desistir dele para salvar a si mesmo. Na vida afetiva recuar é uma desistência nobre, e ninguém desiste em vão.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 24 de setembro de 2008.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A dor do arrependido

A dor do arrependido

Quem sofre mais com uma briga, com um rompimento, término de relação ou desentendimento entre amigos? Via de regra, a parte que se arrepende. Quem se arrepende de algo sofre em dobro, pelo rompimento e o sofrimento a ele inerente e pela culpa por ter errado.
Certamente o arrependimento causa as piores dores, mas com o tempo é assimilado e se torna aprendizado. Uma vez sofrido, uma vez curtido a dor pelos erro ou mancada cometida o homem de espírito humilde, que capta o aprendizado obtido com a dor, não se torna mais o mesmo: Errar nos mesmos pontos ele não errará mais, amadurece, cresce, enfim, se torna uma pessoa melhor.
Mas, será tarde demais para remediar o erro? Não se sabe, o outro sempre pode perdoar, e perdoa na medida em que ama, claro, dependendo das mancadas, mas não existe amor de verdade sem perdão, sem que algo seja ultrapassado em prol de um bem maior, com exceção de alguns erros praticamente imperdoáveis dentro dos conceitos de cada um, é claro.
Não houve perdão, o que fazer? Nada, o lucro do aprendizado sempre é melhor e a certeza de que o perdão não aconteceu é um incentivo para se erguer a cabeça e seguir adiante, sem cometer os mesmos equívocos. Erros sempre acontecerão, a questão é o homem não cometer os mesmos pelos quais já se arrependeu na vida.
Ninguém sofre em vão e, via de regra, após um rompimento menos padece quem mais investiu nele, porque sabe que não foi por falta da sua dedicação que a relação ruiu, sofre, mas não se arrepende de não ter feito algo, ou de ter sido relapso, de não ter cuidado do que precisava cuidar. A dor é menor, é menos incomodativa, menos aguda.
O arrependimento e a culpa tornam piores a dor de quem, por uma situação infeliz, os sente, todavia, se arrepender é algo saudável, cultivar o arrependimento sem nada fazer é atitude doentia: É preciso aprender, reconhecer o erro, crescer com ele, tentar o necessário, e se resignar com a situação quando não existe no outro a nobreza do perdão.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 18 de setembro de 2008.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

O prazer da conquista

O prazer da conquista

Com exceção do prazer sexual todas as outras realizações do homem são maiores na medida em que maior foi o esforço despendido para sua realização. O homem não tem alegria em simplesmente ter alguma coisa, o contentamento, e consequentemente, a sua felicidade, será maior na medida em que conquistou aquilo por si mesmo.
Por isso que muitos dizem que dinheiro não trás felicidade. Dinheiro, em si, compra muitas coisas, compra companhia, viagens, parceria, luxo, até mesmo beleza, mas não compra realização pessoal, auto-estima e orgulho de ser quem se é. Feliz, não é o homem que ganhou dinheiro sem sentir o gosto da vitória de seus empreendimentos, feliz é aquele que tem dinheiro porque batalhou para te-lo.
O melhor sabor é o da trajetória, mais importante do que o destino é o rumo que se toma até ele. Existem lembranças indeléveis na alma do homem que buscou e realizou o que desejava, de forma que maior será o seu contentamento por saber tudo o que passou e o que enfrentou para ter o que conquistou.
O homem cujos bens ganhou sem precisar de esforço, via de regra não é feliz, por mais que tenha "coisas" que muitos invejam. Ele não teve trajetória para chegar até as benesses que possui. A felicidade do homem se liga muito ao orgulho que ele tem do que fez para ter o que adquiriu. Não àquele orgulho negativo, próprio dos soberbos que tentam convencer os outros que são bem resolvidos quando, na verdade, não são. Me refiro ao orgulho de ser contente consigo mesmo, orgulho do que fez, de quem foi e é na vida.
Eis que o homem não é feliz pelas posses que tem, mas sim pelo orgulho que possui por ter chegado até elas, e este, via de regra, só possui quem se esforçou para conquistar alguma coisa, não por menos existem tantos ricos infelizes, frustrados, deprimidos, alcoólatras, drogados. Falta-lhes o contentamento por terem conquistado algo, por terem lutado, escolhido o caminho e chegado até seus objetivos, o que não tem preço e é demonstrado através da alegria de viver e serenidade de espírito, atributos dos vitoriosos na vida.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 17 de setembro de 2008.

A vida ilusória

A vida ilusória

Na era dos amores descartáveis, do sexo fácil, da disponibilização de tudo a qualquer instante para quem se disponha a pagar, o amor vem perdendo valor. As ilusões são cada vez mais valorizadas: Muitas mulheres lindas, homens charmosos, galanteios variados, festas ocorrendo quase todo dia da semana, boas bebidas, teor alcoólico alto, um antidepressivo aqui, um ansiolítico lá, qualquer remedinho para dormir e fugir momentaneamente da vida.
De dia o trabalho, de noite a festa, a companhia com a qual não se pode dormir (tampouco sonhar junto), e logo após alguma cápsula para o sono chegar mais depressa (caso a bebida em excesso não ajude), para impedir que os pensamentos venham atordoar a consciência.
Na era do vale tudo por bons momentos o amor esta sendo malbaratado, legado à categoria de "devaneio adolescente". As pessoas afirmam que ser livre e poder tudo a qualquer hora é uma dádiva, um êxtase.
Não se encontram mais pessoas racionais, mas um pouco românticas, homens desejando uma mulher só, mulheres querendo compromisso sério, sexo diário com uma única pessoa. Todos querem todos, ninguém é de ninguém, todos são públicos, são do mundo. Na verdade, o homem deixou de ser seu mesmo para se transformar num fantoche de suas próprias ilusões, e ainda se gaba por isso.
Com dinheiro ou beleza conquista companhia, mas não cativa corações nem amor, não cativa o amor de quem possa não apenas lhe dar o prazer da cama, mas o prazer do companheirismo, da estima, do poder ter em quem confiar, da parceria, da admiração pela sua alma e mente, e não apenas pelo seu status, cartão de crédito, belo corpo, boca ou par de olhos.
Muita coisa me cativa e já me conquistou nesta vida. Todavia, a cada dia que passa percebo que melhor do que sair pelo mundo todas as noites atraindo olhares de vários homens, é poder acordar com o olhar apaixonado de um só, dormir pegando na mão de uma única pessoa e poder contar com ela para situações muito além dos magníficos prazeres físicos.
Não sou imune à estas ilusões, mas elas não criam raízes em minha vida. Tão rápido quanto duram, elas morrem, fazendo nascer o meu desprezo pela fugacidade com que a vida pode me possibilitar viver. A grande maioria das pessoas que conheço, porém vivem iludidas na vida. Acham que serão eternas, que o dinheiro que cativa companhia não terminará,e que as companhias adquiras são sinceras, acham que as festas e sua alegria momentânea tem mais relevância do que bons momentos com amigos de verdade e com um amor sincero.
Romântica? Pode ser. Eu acredito no amor e não vejo como viver muito tempo sem um romance sincero e respeitoso na vida. A cada dia que passa e que vivo usufruindo um pouco do mundo das ilusões eu valorizo mais aquilo que o dinheiro, a elegância física e a beleza não compram: Sentimentos, afeto, preocupação e amor sinceros.
Festa, bebedeira, falsas amizades? Isso um dia cansa, assim como brincar de casinha me enjoava quando eu era criança. Tudo o que é de "faz de conta" cria tédio. Felizes são os que, vivendo com os pés no chão têm alguém para amar e confiar, isso sim tem valor nesta vida, o lamentável é que a maioria troque a possibilidade de felicidade sincera, pelo êxtase de alegrias frívolas e momentâneas, da pseudosolidão regada à ilusões constantes e parcerias banais.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 16 de setembro de 2008.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Acima das críticas dos hipócritas.

Acima das críticas dos hipócritas.

Na vida ou a gente se coloca acima, desprezando, ou, ao lado, se misturando, ou, abaixo, cedendo e dando forças à maldade humana. Ser livre de espírito, ter liberdade suficiente para rir, chorar, errar, se reerguer, se divertir, se entregar a momentos inusitados é algo peculiar, nem todos possuem, mas, via de regra, incomoda a maioria.
A maioria das pessoas é e sempre será hipócrita. Não teme o erro, o despudor, o vexame, não tem receio do hediondo desde que seja tácito, desde que ninguém saiba. A maioria é imoral, mas se coloca em posição de santo em altar.O homem não teme trair, não teme ludibriar amigos, inventar algo sobre o outro, ele teme, apenas que determinada, ou determinadas pessoas, saibam. É a "vergonha sem-vergonha", a vergonha dos hipócritas que domina o mundo adulto.
Todos um dia na vida cometem equívocos.Todos um dia fazem algo de que possam não se orgulhar- sim, porque se arrepender é uma questão de momento, erros a gente deve assimilar, aprender e seguir adiante, - não repeti-los é que é uma questão de nobreza de caráter.
Acima das fofocas, acima das críticas, das palavras de julgamento dos pseudoperfeitos deve estar o homem de alma livre e nobre. Sempre existirão mais pessoas para malbaratar as condutas alheias, para se erigir contra o que eles enchem a boca para dizer que são as "falhas" do outro, porque assim as suas maldades, as suas imoralidades, a sua estupidez, as suas vilezas ficam escondidas em sua consciência.
Eu tenho asco das pessoas que não possuem liberdade para gozarem suas vidas como desejam, que tem pudores e medos de assumirem seus equivocos e erros, sabendo, apenas apontar os alheios. A falsidade junto com a hipocrisia torna as pessoas perigosas, mas, certamente, abaixo dos que sabem bem viver ignorando suas línguas felinas, abaixo, pois dos homens de alma livre.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 16 de setembro de 2008.

domingo, 7 de setembro de 2008

Os que eram felizes sem saber.

Os que eram felizes sem saber.

Outro dia minha mãe passou comigo por uma localidade onde ela lecionou há anos atrás, me contou sobre tal época e afirmou várias vezes que ela "era feliz e não sabia". Tal afirmação me dá agonia, me entristece, me faz sentir dó.
Sou o tipo de pessoa que é feliz e sabe que é, sempre gozei meus momentos com intensidade sendo alegre, sentindo a felicidade, gozando e valorizando os momentos que a vida me proporcionou com as companhias que escolhi, sem desejar perde-los, e sem pensar que sem eles eu os valorizaria. Sou feliz e sei disso no hoje como sabia que o era no ontem.
Mas, dizem, que as pessoas só valorizam quando perdem algo, quando perdem alguém, quando perdem um amor, uma amizade, quando deixam o tempo passar sem sentir seus momentos, sem aproveitar com alegria o bom da vida. O tempo passou, a felicidade sentida e não valorizada, portanto, gera a constatação triste da minha mãe.
Sinto pelas pessoas que não valorizam o bom da vida, o amor, o afeto, a atenção, a mão quente, o toque doce, a voz suave, a compreensão, as amizades, a cumplicidade, a saúde, a força, a fé, o conforto e precisam perder algo para aprender a dar valor.
Essas pessoas são masoquistas sem saber, afinal tudo pode ser tão fácil e simples na vida se usarem sua inteligência e boa vontade para serem felizes no hoje e, assim, vivendo com mente e corpo no presente sentirão sua energia sem pensar que amanha será melhor ou que o passado não agradou. Quem pensa no ontem e sonha demais com o amanha desperdiça o hoje e os sentimentos que pode viver no único momento real que têm: O presente.
Gostaria que ninguém mais nesse mundo afirmasse que era feliz e não sabia. Eu lamento por quem constata isso, porque o faz tarde demais. Sou a favor de se viver com intensidade o presente, sem receios, falsos medos, travas, sem pensar que a vida é eterna, que o amor do outro nunca terminará, que o bem estar será vitalício e poderá ser reconhecido mais tarde. A vida é uma caixa de surpresas, e o momento para ser feliz- com consciência da própria felicidade- é o hoje, amanha pode ser tarde demais para tudo, inclusive para viver.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 07 de setembro de 2008.

Dura na queda

Dura na queda

"- Claudinha, o que você sentiu fazendo isso?
- Nada.
- Nossa! Você é dura na queda!"
Transcrevo trecho de um diálogo onde ouvi o melhor elogio dos últimos anos na minha vida. Uma verdade a meu respeito, mas ao ouvi-lá parei para pensar nas minhas virtudes, nos meus defeitos, bem como no de todas as pessoas que conheço e pensei que ser duro, na queda, é uma grande virtude. A gente tem que ser maleável na vida, sensível no sentimento e duro nos baques.
Tem muita gente neste mundo que não tem essa maleabilidade: Que é duro nos sentimentos, frágil nas quedas, e insensíveis na própria existência. Nas quedas, quem é fraco não aprende. Sim, porque até nas frustrações, nas dificuldades a dureza mantém a alma pacífica para captar o aprendizado, usar a razão a favor de nossas crenças nos impedindo de mudar de meta ou plano. Afinal, diante de uma queda temos que reconstruir planos, buscar outras estradas, ficar no chão lastimando é típico dos fracos.
Pelas quedas, pelas frustrações a gente passa, infeliz é quem passa por elas fraquejando, ou, enfim, quem passa por elas sem delas nada aferir em matéria de aprendizado. Realmente eu sou dura na queda, posso cair de onde for que não me estraçalho em pedaços. Pelo contrário, me fortaleço e fico mais convicta do que quero, na verdade a dureza é um sinal de que já se tem convicção do que se deseja, ou, ao menos, do que não se deseja mais.
A gente cai de ideais, a gente cai de sonhos, a gente cai ao desamar alguém e mandar para o ralo do esquecimento sentimentos e sonhos que nutrimos, a gente cai ao deixar uma relação, uma profissão, um trabalho, a gente cai ao se decepcionar com um amigo, com um parente, a gente cai por qualquer forma de traição ou ofensa. Cai, do sentimento para um pior, cai do sonho para outro, cai de um sentimento para outro, mas, jamais devemos cair para o nada, para o vazio, para a depressão. Cair, se frustrar, enfim?Sim, claro, é humano, mas com altivez, com brio, com dureza, fazendo do azedo dos limões uma adocicada limonada, ou, para quem não pretende dirigir, uma saborosa caipirinha.
Fazer das dificuldades aprendizado, dos inconvenientes maturidade e força, decair de sonhos com dureza porque já erigindo novas metas e anseios é uma virtude que gosto de ter. Na verdade ser intensa em tudo é uma característica minha, só não sou intensa na dor. Amo intensamente, vivo intensamente, sou alegre, contente e feliz com intensidade, sou intensa na bondade, mas também consigo ser melhor ainda na maldade, na dureza, na indiferença, ao menos, obviamente, para quem julgo merece-lá. Perfeita? Não, nenhum pouco. Maldosa? Sim, às vezes. Justa? Sempre, aos bons minha bondade, minha pureza, aos maus, no mínimo, minha indiferença, meu desprezo.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 04 de setembro de 2008.

sábado, 6 de setembro de 2008

Época de pensar

Época de pensar.

Qual o critério das pessoas para escolherem seus candidatos? Depende do eleitor, mas confesso que muita coisa me assusta quanto o assunto é política no Brasil: Tem gente que escolhe o candidato pensando nos benefícios pessoais que irá obter, "não importa se alguns serão desamparados, voto nele porque pode me ajudar", vigora uma forma implícita de compra de votos, graças a imoralidade de alguns eleitores.
E tem aqueles e aquelas que olham para o candidato e votam no mais bonitinho, ou na mais bonitinha. Este é o votos dos fúteis, dos completos imbecis. Os que votam visando interesses pessoais são os "metidos a espertos", os que votam pela beleza do candidato assinam atestado de que são mentecaptos, porque, certamente não irão "faturar" o corpo do político eleito.
Cada povo tem o governo que merece, e não é por menos que nossa Câmara de Vereadores, Prefeitura, Assembléia Legislativa, Senado, enfim, são o que são, onde, muitas vezes assistir as suas sessões televisionadas é melhor do que assistir a um filme de comédia para um humorado cidadão, um filme de terror para os sarcásticos ou uma novela dramática para os mais desanimados (pouco aconselhável, vai que o suicídio lhe passe pela cabeça e a coragem chegue às mãos?).
Talvez, quem escolhe candidato pela beleza esteja pensando em vê-lo bem na televisão. Ora, eis uma possibilidade (!). Todas as citadas porém, são lamentáveis e esdrúxulas. Político a gente tem que escolher pelo caráter, pela vontade de fazer o bem em prol da coletividade, pela fama de honesto (porque certeza é um tanto difícil), a gente tem que escolher bem, com afinco, porque depois não adianta reclamar. É impossível tirar uma puta da zona e contar com sua eterna fidelidade e respeito, com políticos a mesma coisa.
As pessoas não buscam se interar sobre fatos óbvios e é por isso que nosso quadro político fica parecendo uma tragédia, e, seguidamente os eleitores são considerados, por seus eleitos, um bando de néscios. Votou como tolo, agora agüenta cidadão. Esta é a época de pensar, afinal perder a esperança não adianta.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 06 de setembro de 2008.

Amor bandido

Amor bandido

Todo mundo já teve ou então vai ter um amor bandido na vida. Ah, você não? Namora há 10 anos, esta casado há 20 e não vai ter? Tudo bem, cada um sabe de si, mas amores bandidos ensinam muito. Mas, o que é amor bandido? É o amor das ex-namoradas do Fernandinho Beira-Mar? Pode ser, mas amor bandido não é necessariamente o amor por um marginal.
É aquele amor cheio dos "poréns", é aquele que faz bem e que faz mal ao mesmo tempo, que dá calor e logo rouba a paz, pode ser aquele entre pessoas de gênios diferentes, por pessoa complicada, que não se ajuda a ser feliz e faz cena a todo instante, é aquele que as pessoas terminam e voltam como se fossem viciadas uma na outra, aquele cheio de ciúme, insegurança e brigas tolas.
O amor bandido é amor de letra de música sertaneja (os que a desprezam que me desculpem, mas no fundo em algum lugar ou situação, todos já ouviram tal gênero), começa com o ânimo inocente de "É o amor", se torna "Amor Selvagem", "Entre tapas e beijos" chega a ser "Cara de Pau", e não termina cedo, afinal "Cada Volta é um Recomeço". Mas um dia alguém diz "Pare", e sai fora.
É aquele amor de vício, de pele e não de razão, de ponderação, e calmaria. É o amor de fogo, de paixão, de ânimo, que o tempo e o convívio, podem apagar ou torná-lo menos bandido, na mais remota das possibilidades.
As pessoas sabem que o amor bandido é difícil de dar certo, pelas diferenças, pela excessiva complicação da personalidade do outro, que, muitas vezes, pode estar em constante crise existencial, depressão ou algo assemelhado. Todo amor bandido impõe desafios e quem o encara e o faz por gostar do perigo excitante a ele inerente, perigo este que o o faz achar que pode fazer o sertão virar mar e o mar virar sertão.
Viver um amor bandido é uma burrada, casar com o amor bandido já é uma mancada das grandes. Mas se aprende, ninguém vive para sempre com um amor bandido. O amor de verdade se sustenta na similitude, opostos se atraem mas não permanecem, esta é a verdade. Se um amor é bandido porque o amado é problemático, complicado ou down, e o amante é alto astral e simples, um dia este desanima, do contrário, se amado e amante são complicados e "deprimidos", há relação entre semelhantes.
Amor bom pra se viver tem que ser calmo e paciente, tem que ser por pessoa com personalidade semelhante a nossa. Pessoa alto astral, descomplicada, que quer ter uma família, união legal, parceria forte, cama quente, carinho, respeito, não fica com amor bandido, termina dando um tiro na sua raiz e se desvencilhando, indo buscar um amor paciente, um amor honesto no sentir e no viver, um amor em que nenhum escora nem precisa de escoro, em que as mãos se unem e os amantes andam lado a lado, confiando, compreendendo e respeitando um ao outro.
Mas, é bom um amor bandido? Tudo o que a gente mantém por algum tempo é bom enquanto dura. A questão é a maturidade. Pessoas maduras superam amores bandidos, pessoas imaturas precisam sofrer o dobro para aprender, mas, um dia aprendem, ou não, (como diriam nossos "poetas compositores" baianos). Todavia, existe uma bela coincidência: depois de amores bandidos, com os pecados purgados, as boas pessoas terminam encontrando um belo amor honesto.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 06 de setembro de 2008.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A importância do sexo nas relações

A importância do sexo nas relações

Há alguns dias o programa dominical Fantástico mostrou um casal que, por idéia da mulher, resolveram fazer sexo todos os dias, durante um ano para salvar o casamento de 10 anos, com filhos. Apesar dos percalços, o plano deu certo e o casal conseguiu seu objetivo quer era criar mais intimidade, mas, seria válido tal meio para consecução de tal propósito? Creio que entre duas pessoas inteligentes, que se amam e sabem do que "carece" sua relação que esta prestes a ruir, qualquer atitude para reconstruí-lá é saudável, é sinal de sabedoria.
Sexo no casamento é fundamental, assim como respeito, cumplicidade, afeto, compreensão, parceria. Tudo funciona no sistema mútuo: O homem para com a mulher, a mulher para com o homem, é por isso que pessoas que querem apenas receber sem dar não conseguem estabelecer uma relação harmônica com ninguém. A regra para os relacionamentos afetivos é e sempre será: Não fazer e não dizer ao outro o que não deseja que o outro faça ou diga.
Sou da teoria que no início da relação entre casais novos - não considero muito 10 anos de casamento para quem ainda acredita que, existindo amor, respeito e parceria uma relação pode durar mais, ou até mesmo para sempre (falei outro dia que não acredito em amor eterno quando um dos parceiros acha que pode desrespeitar o outro, o que é regra neste mundo, mas como toda pessoa pretensiosa no que tange ao bom da vida almejo encontrar, ter e ser a exceção),- sexo corresponde a 80% do relacionamento.
No início as pessoas não se conhecem tão bem, costumam se desentender um pouco mais e o sexo com carinho estabiliza, acalma os ânimos e anima qualquer pessoa a ter um dia bom com um sorriso nos lábios, apesar dos inconvenientes de qualquer profissão. Com o passar dos anos, o diálogo, o afago, o "eu te entendo", o "vamos sair passear", o "fala que eu te escuto", passam a ter 70% de importância, e o sexo - que deve ser sempre bom- diminui bastante em importância.
É preciso compatibilidade não apenas de gênios, mas de alegria de viver, de vontade de fazer o relacionamento dar certo, de ânimo perante a vida, e, obviamente, para o sexo. Nenhum relacionamento pode dar certo sem o término ou sem casos extraconjugais quando um tem mais apetite sexual do que o outro. Mas as pessoas teimam, mais por hipocrisia do que por amor, afinal sua educação sempre frisou que sexo não é tudo, então, para que assumir sua real importância? Acabam aturando o outro, quiçá lhe traindo, mas não o deixam "apenas" por isso.
Mas sexo não é um "apenas", é um muito quando existe afeto, amor e respeito entre um casal. Ninguém agüenta viver com quem esta sempre desanimado, com dor de cabeça, ou qualquer coisa assim, não sem cansar, não sem pensar em trair, sem efetivar uma traição ou, o que é mais correto, sem dizer um belo "tchau". Isso, obviamente para quem não é hipócrita.
Deixo, pois minhas parabenizações a distância ao casal americano Charla e Brad Muller cuja inteligência emocional, sinceridade, despudor, parceria e falta de hipocrisia salvou seu casamento. O livro chamado "365 noites - Memórias de uma intimidade”, de autoria do casal, ainda não foi editado no Brasil, mas creio que sua leitura seja recomendável.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 03 de setembro de 2008.

Crise de novo solteiro.

Crise de novo solteiro.

Depois de algum tempo namorando ou casada a pessoa volta a vida de solteira e se depara com milhares de sustos, apesar da alegria de festas, novas parcerias, eventos, liberdade, novas amizades, quem gosta de ter uma companhia legal do sexo oposto acaba estranhando até mesmo as conversas dos "solteiros costumados", todavia, por ser seguidora do "antes só do que mal acompanhada", às vezes é necessário aproveitar a vida sozinha.
Ademais, com o passar dos tempos, com o aprendizado que todo relacionamento traz a gente se torna cada vez mais seletivo no que tange a novas escolhas. Se quando começamos a relação passada desejávamos esta ou aquela virtude do outro e da união, ao terminar temos uma outra a mais a exigir: Normalmente a que não encontramos no parceiro antigo.
Mas, enfim e a "crise de novo solteiro"? Sim, essa existe, em especial para quem não assimila bem os novos conceitos de relacionamento humano existentes por trás dos verbos: "Ficar", "pegar", "sair". (Seriam "relacionamentos" mesmo?). Tem gente que nasceu mesmo para "casar", não no sentido literal, mas no de ter apenas um alguém, sair passear com esse essa pessoa, conversar, compartilhar bons e maus momentos, fazer uma comidinha que mesmo sendo ruim o outro educadamente vai saborear, tomar um vinho, essas coisas.
Creio que não existam mais pessoas "para namorar" ou para "não namorar", existem, isto sim, pessoas que gostam mais de ficarem solteiras, sozinhas e outras que preferem ter uma companhia.
Existe até uma frase que me apavora: "Solteiro sim, sozinho nunca". Sozinho ninguém é, todos têm algum amigo, família, mãe, um animal de estimação, fé em algum ser extra-matéria, enfim. Solteiro é o estado civil de quem não é casado, e, em sentido amplo, o de quem não tem compromisso com ninguém. Esse "sozinho nunca", quer dizer que a pessoa tem alguma companhia para cama, para sexo, ainda que não tenha para um almoço, para um final de semana legal, nem tenha a liberdade de encostar a cabeça no ombro do outro e desabafar. É sinal de falta de coragem para bem escolher não apenas a quem namorar, mas com quem se deitar.
A moral da história é que ficar solteira me faz ver como é bom namorar e saber que se pode confiar em alguém, na sua lealdade e carinho.A questão é que depois de relações findadas, encontrar uma pessoa madura que tenha as virtudes que passamos a desejar após as frustrações pretéritas não é tão fácil.
Enquanto solteiro e sozinho é preciso se adequar a um dos grupos: O de quem esta solteiro e gosta ou o daqueles que estão, temporariamente, até encontrar alguém legal, afinal, quem procura fugacidade, a atrai, quem procura amor, um dia, também encontra. Como tudo na vida é uma questão de paciência, já me disse um amigo que as melhores maçãs estão no topo da árvore.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 1º de setembro de 2008.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O racionalizador



O racionalizador

Não precisamos ser psicanalistas para percebermos quantas pessoas vivem tentando racionalizar suas condutas e pensamentos. Racionalização é o ato do sujeito que tenta colocar dentro da lógica, da coerência, do que se pode ter como “justo” pensamentos e idéias que são, via de regra, o seu oposto.
O racionalizador é um chato por excelência, afinal fala e crê em absurdos, têm pensamentos e conduta egoísta, idéias tolas e egocêntricas e tenta apregoa-las como racionais e “acima de qualquer critica” não aceitando o pensamento alheio achando que o seu é certo, justo e coerente. Ninguém atura por muito tempo sua companhia.
Ele se torna aquela pessoa sobre a qual as pessoas comentam “não adianta falar nada para ele”, “ele precisa se tratar”. Quem é que agüenta o convívio com uma pessoa que não aceita opiniões diversas das suas sem criar cenas, que acha que seus pensamentos excêntricos, egoístas e presunçosos são corretos e inquestionáveis, que seu agir estúpido e grosseiro não merece defesa? Pessoas assim afastam de suas vidas quem lhes estima e continuam achando que as corretas e injustiçadas são elas.
O racionalizador para se defender, também costuma atribuir a outros forma de ser, pensamentos e sentimentos que não admite ter, possuir e sentir. Ele projeta no outro o que na verdade ele é, além de se valer da racionalização como mecanismo de defesa do ego passa a usar de forma excessiva a projeção.
O outro é o egoísta, o outro que quer se aparecer, o outro que quer ser o foco das atenções, o outro que foi ajudado e mimado em demasia, o outro que teve empreendimentos e vida afetiva fracassada: Ele é o forte, o imbatível, o insuperável, o bem sucedido, o poderoso, quando todos sabem que, na verdade, ele é o coitado que perde amores, amigos e o seu respeito sem perceber.
O racionalizador é aquele de quem as pessoas têm pena, aquele para o qual todos gostariam de dizer verdades duras, mas poucos se habilitam, simplesmente por acharem que não vale a pena perder seu tempo com pessoa intransigente, praticamente irracional que vive justificando com veemência suas mancadas, ainda que tripudiando dos outros e dos seus sentimentos, inventando histórias para se sentir mais forte, para se auto-afirmar.
Ele é fadado a morrer na solidão dizendo que a sorte lhe virou as costas, racionalizando, portanto, a dor de ser quem é, cruzando os braços para as possibilidades de mudança de vida para não dar o braço a torcer e mostrar que tem coração, sentimentos e, por ser humano, é errante como todos.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 30 de agosto de 2008.