Sobre o verdadeiro pecado!

Sobre o verdadeiro pecado!
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida." Carl Sagan

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Auto salvamento

Auto salvamento

Assisti a um filme surpreendentemente bom ontem, chamado "Anjos da Vida - Mais bravos que o mar", trama que mostra a história de um salva vidas da Guarda Costeira dos Estados Unidos que, após um acidente (resgate mal sucedido) em que perdeu seu colega e amigo, foi convidado para treinar "pretensos" salva-vidas. Um veterano talentoso, praticamente um mito dentre os salva-vidas, ensinando jovens afoitos em aprender e se tornarem profissionais excelentes.
Kevin Costner é o veterano e Ashton Kutcher o jovem que se destaca por quebrar os recordes nos treinamentos. Enfim, o filme é excelente e o final bastante emocionante. Uma das cenas que mais me chama a atenção é quando o personagem de Costner responde a pergunta de Jake Fischer, personagem interpretado por Kutcher, que desejava saber quantas foram as vidas que o mestre salvou, vez que se falava em 200 e 300 pessoas.
A resposta, bastante interessante foi "foram 22", o jovem, boquiaberto indagou se não tinha sido 200 ou 300 como diziam os boatos, momento em que o salva vidas experiente respondeu: "Vinte e dois foram as vidas que perdi", enfim, aqueles que não conseguiu salvar. Para quem trabalha e vive para salvar vidas em alto mar, bem como para os que vivem para resgatar pessoas, os dados mais marcantes e desconcertantes são os dos que não ficaram neste mundo, enfim, dos que não conseguiram salvar.
Bem, esta é a realidade para os que vivem para salvar a vida alheia, não para a maioria das pessoas que vivem para se salvar neste mundo em que muitos valores estão se esvaindo, mas que, possui muitas outras graças. Enfim, o ser humano que deseja ser feliz na vida deve aprender a colocar na balança o que lhe ocorre, colocando porém, mais peso na estima pelo que de bom lhe aconteceu.
Sempre irão existir acontecimentos que nos magoam, até quem mais amamos e que nos ama poderão nos ferir de alguma forma. Sempre existirão os mentirosos, interesseiros, as pessoas falsas, os homens sem brio, os indivíduos que não respeitam a liberdade e a vida alheia, por outro lado, sempre existirão pessoas boas, corajosas, amorosas, honestas que estão em nossas vidas como jóias raras a brilhar demonstrando que viver vale a pena, são como benesses da vida em nossos caminhos.
Se salvar neste mundo significa muito mais que existir na realidade, que respirar e trabalhar sem sentir prazer em viver, significa ter paz, alegria de viver, felicidade no coração e tranqüilidade na alma, embora a vida não seja um mar de rosas. Assim, o homem que quer se salvar no mundo tem que dar valor ao bem que faz e às benesses que recebeu e não aos prejuízos e sofrimentos que teve. Melhor ainda se conseguir compreender que sofrimento traz aprendizado, e, enfim, que tudo vale a pena, já diria Fernando Pessoa, quando a alma não é pequena. (Saber viver, é, de fato, atributo das almas grandiosas).

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 28 de setembro de 2007.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Auto-respeito

Auto-respeito

Eu tenho compaixão pelas pessoas que não se auto-respeitam. Via de regra falamos que a moçoila volúvel "não se respeita", não se dá valor, que o rapaz "galinha" também não se valoriza. Em alguns casos pode ser verdade, mas, na realidade a pior demonstração de falta de respeito por si mesmo ocorre quando o homem não aceita suas limitações, quando não consegue se perdoar por algum erro, ou, pelo fato de ser quem é: Por não ser perfeito nem adequado às expectativas alheias.
Respeitar é aceitar o outro, é não fazer ao outro o que não desejamos que ele nos faça, é ser compreensivo e ter compaixão para com as pessoas. O conceito, pois, de respeito quase todas as pessoas possuem, mas, o visualizam quando se refere ao "alter", ao respeito para com o outro, para com o mundo, e esquecem que, muitas vezes, falam dele e até mesmo o têm, sem te-lo por si mesmos.
Respeitar a si mesmo é valorizar-se com suas limitações, o que, obviamente não implica no comodismo "sou assim e serei para sempre", até mesmo porque tal afirmação vai de encontro com a ordem da escola da vida que é o aprendizado e a mudança gerada por ele. E só aprende quem erra, se perdoa e segue adiante, sem demasiada auto-crítica, flagelação ou piedade por si mesmo.
Todos sabem que não devem ser cruéis com o outro. Tortura física, então é crime hediondo. Mas muitas pessoas se torturam psiquicamente, são cruéis consigo mesmos. Não perdoam suas mancadas, seus erros, e, muitas vezes, não se perdoam por não satisfazer as expectativas dos outros, dos pais, do marido, da esposa, dos filhos. Isso é uma forma de auto-mutilação, tal qual a a ingestão demasiada de remédios, de álcool e de drogas, por exemplo, que são, praticamente, torturas físicas.
Infelizmente, não são poucas as pessoas que não respeitam a si mesmas. Que não aceitam seus limites, que não relevam seus erros, que não perdoam a si mesmo e aos outros, e, assim, fazem de sua vida um inferno, por, simplesmente, olvidarem de si mesmos, por não conseguirem se auto-compreender partindo da seguinte realidade: O passado, como diz a palavra, já passou e nele agimos de tal forma porque ontem não tínhamos a maturidade e quiçá a sapiência que temos hoje.
Não adianta lastimar, não adianta se drogar, tomar remédios ou porres homéricos. O passado ficou lá atrás, seus reflexos devem ser aceitos vez que são imutáveis. O primeiro passo, porém, para encontrar o auto-respeito esquecido é ter serenidade para aceitar o que não se pode mudar na vida, e a paciência para mudar aquilo que podemos.
Nunca devemos olvidar de que, se precisamos de paciência para com os outros, temos que te-lá para conosco mesmos porque somos imperfeitos e jamais iremos agradar à todos. Precisamos mesmo é ter paz em nosso espírito, respeitar a nós mesmos, e viver bem, sem exigirmos de nós o que a vida não nos deu: Perfeição e adequação imutável.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 26 de setembro de 2007.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Os sem-noção

Os sem-noção

Quem não conhece um sujeitinho inconveniente? O típico individuo chato, egoísta, aquele que acha que o mundo deve curvar-se perante suas afirmativas e idéias que, via de regra, nunca mudam. Aquela pessoa que insiste em sustentar uma idéia ou, até mesmo, uma meta, olvidando do direito alheio, ou, o que é pior, da necessidade de respeitar o outro e sua liberdade de pensamento e atitude.
É, de gente inconveniente o mundo esta cheio. São as mulheres que não percebem que não são bem quistas pelos coitados que pressionam usando de todas as artimanhas possíveis, inclusive a de solicitar auxílio de amigos e coisas do tipo. Aquelas que chegam abraçando, se fazendo de amigas e distribuindo sorrisos falsos, apenas para se mostrar como sendo queridas e convenientes quando, na verdade, são a falta de auto-respeito, maturidade e noção do ridículo ambulantes.
Enfim, há vários tipos de pessoas inconvenientes. Vendedores insistentes, aliás, as pessoas que insistem normalmente são chatas. A história de que a água mole em pedra dura bate até fura-la é verdadeira, mas muita coisa desmorona junto com a pedra, inclusive a paciência e a estima pelo insistente. Tudo que é agradável e verdadeiro brota da espontaneidade, como uma flor surgindo na mata: Não há necessidade de pressão, de insistência ou algo semelhante.
Há também aqueles desocupados que vão no local de trabalho alheio falar mais do que pastor em dia de pregação sem pensar que estão atrapalhando as pessoas que precisam se dedicar à suas atividades. E, o que dizer daqueles que acham que detêm toda a razão do mundo?Aqueles que já não acham mais que são Deuses, mas que se auto outorgaram a certeza de tal fato como se tivessem um certificado de "Enviado do Céu".
Todavia, pior do que um ser inconveniente na vida quotidiana é quando eles conseguem passar em algum concurso público, ou, ainda ganhar alguma eleição, assim aliada a chatice, esta a prepotência e a capacidade de persuadir os menos avisados e cultos. Mais chato, ou melhor, mais perigoso do que um individuo chato e sem noção do ridículo e de sua impertinência é um ser com tais atributos dotado de alguma forma de "poder", como o de julgar por exemplo.
Os chatos, os inconvenientes, as mulheres mal amadas e insistentes, os rapazes com ego inflado, todos estes e os demais impertinentes são aqueles sem "semancol", ou, simplesmente, "sem noção": Sem noção do ridículo, sem noção da realidade, sem noção, enfim, da própria chatice e do fiasco que fazem agindo da forma que agem.

Cláudia de Marchi

Passo Fundo, 25 de setembro de 2007.